Economia

Com redução nos estoques e na intenção de contratar, confiança do empresário do comércio recua 3,2%

Pesquisa do Instituto Fecomércio aponta que 56,98% dos entrevistados reduziram o estoque para deixá-lo em nível adequado e 28,41% devem fazer o mesmo

Por Ascom Fecomércio AL 05/06/2024 15h23 - Atualizado em 05/06/2024 19h28
Com redução nos estoques e na intenção de contratar, confiança do empresário do comércio recua 3,2%
O indicador, que tinha alcançado 103,3 pontos em abril, ficou em 100,3 pontos no mês passado - Foto: Assessoria

No primeiro quadrimestre de 2024, os ajustes rotineiros nas empresas, principalmente no tocante ao quadro de funcionários e volume no estoque, contribuíram para o recuo de 3,2% no Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), em maio, quando comparado a abril. É o que sinaliza a pesquisa do Instituto Fecomércio/AL realizada em parceria com a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

O indicador, que tinha alcançado 103,3 pontos em abril, ficou em 100,3 pontos no mês passado. Nos últimos doze meses, o mês em que o empresário local teve maior confiança no comércio foi dezembro de 2023, quando registrou 108,4 pontos. Os números foram analisados pelo economista Francisco Rosário, a convite da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Alagoas (Fecomércio/AL).

De acordo com ele, a leve redução do Icec não acompanha o Índice de Volume de Vendas (IVV), do IBGE, o qual vinha demonstrando uma tendência consistente de crescimento para Alagoas entre novembro de 2023 e março deste ano, reforçando a hipótese de que apenas “os ajustes internos e específicos das empresas estão afetando negativamente a confiança dos empresários. Isto nas empresas com menos de 50 funcionários, em maio de 2024. Ao passo que nas empresas com mais de 50 colaboradores, a confiança está em linha com o crescimento do IVV”, explica Rosário.

São os ajustes já mencionados nos estoques, com redução para 56,98% dos entrevistados como alternativa para deixar este setor com nível adequado, refletindo um pessimismo com as vendas; e uma estimativa de 28,41% dos que ainda irão adequar a quantidade de suas mercadorias, pois seus estoques estão acima do considerado adequado. O outro ajuste refere-se à expectativa de contratação de pessoal. Conforme sinaliza a pesquisa do Instituto Fecomércio/AL, 51,56% dos empresários estão dispostos a contratar mais um pouco de funcionários. Em caminho contrário, 27,04% analisam a possibilidade de realizarem demissões.

Em relação aos investimentos, entre abril e maio houve recuo de 35% nas expectativas dos empresários com intenções um pouco maiores de incrementar seus negócios. Isso somado ao fato de que também houve recuo de 34,15% entre os empresários com intenções menos otimistas (intenções um pouco menores) acabou resultando no aumento de 12,54% nas expectativas positivas (intenções muito maiores). “Esta elevação das expectativas nos investimentos, mesmo por uma parcela menor do empresariado, pode significar que o aumento do consumo das famílias no primeiro quadrimestre esteja influenciando o otimismo empresarial”, argumenta o economista.

Subindicadores


No universo dos indicadores que compõem o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec), é possível ver um recuo significativo na percepção das condições atuais da economia (-11,6% em um ano), setor e empresa, bem como um recuo na expectativa do empresário (-1,9%). Entretanto, a despeito da percepção de piora das condições atuais e da expectativa do empresário, há um crescimento nas intenções de investimento (0,9%) frente ao mesmo mês de 2023, apesar de este indicador de investimento estar abaixo de 100 pontos, significando pouca confiança no ambiente como um todo.

No subindicador para as expectativas de investimento, os empresários de bens de consumo não-duráveis (alimentos, cosméticos e medicamentos, ex), com empresas de mais de 50 funcionários, são os mais otimistas.

Grupos de varejo

Dentre o universo de entrevistados, a inclusão de grupos de lojas do varejo serve para capturar informações sobre as percepções dos empresários com relação à economia, ao setor do comércio e sobre a sua própria empresa. Neste contexto, os empresários do varejo de produtos não-duráveis (supermercados, farmácias, lojas de cosméticos) apresentam maior crescimento de expectativas entre março e maio, alinhando-se ao aumento da massa salarial em Alagoas, que foi de 3,8% entre o primeiro trimestre de 2023 e o primeiro trimestre de 2024 (PNADC/IBGE, 2024).

“O aumento salarial é o suficiente para elevar o consumo de itens básicos nas famílias, como os não-duráveis, principalmente pela população nas faixas de renda mais baixas, e totalizou um volume de R$ 92 milhões a mais injetados na economia alagoana”, afirma Rosário.

Por outro, é possível perceber que os empresários de lojas de duráveis e semiduráveis são os mais afetados em suas expectativas, com variação negativa de -6,3% e -5,2%, respectivamente. Isso pode estar ocorrendo pela natureza do produto, pois são itens sensíveis a variações de preços e de pouca necessidade imediata de consumo. Por isso, impactos negativos no crédito e no orçamento das famílias de menor renda desencadeiam na redução das vendas, repercutindo negativamente nestas expectativas.

No contexto geral, os índices de condições atuais e expectativas dos empresários foram os que mais caíram entre abril e março, além de apresentarem queda quando comparados com o mesmo período de 2023. “Isso significa um ambiente empresarial de pouca confiança e poucas expectativas de melhorias no futuro no geral, mas nos setores de produtos de maior valor agregado, como os semiduráveis e duráveis, que são mais caros para a renda média alagoana, o pessimismo dos empresários é maior”, analisa Rosário, acrescentando que é importante ressaltar que as expectativas gerais dos empresários estão acima dos 100 pontos, fato positivo apesar de ainda haver uma queda de 11,9% no indicador de um ano para o outro.