Economia

Produção de comidas típicas garante renda extra em negócios familiares

Comerciantes afirmam que neste período comercialização aumenta em 100%

Por Lucas França com Tribuna Hoje 01/06/2023 15h14 - Atualizado em 01/06/2023 16h43
Produção de comidas típicas garante renda extra em negócios familiares
Empresa familiar comercializa comidas típicas durante todo o ano, mas aumenta produção e vendas neste período - Foto: Edilson Omena

A preparação dos quitutes juninos está a todo vapor desde o início de maio. Pamonha, canjica, mungunzá, milho assado, cozido e o bolo feito com a matéria-prima mais apreciada da época vêm garantindo o sustento de muitas famílias em Alagoas.

Apesar de oficialmente as festas Juninas começarem na terça-feira (13), no dia de Santo Antônio, a preparação começa bem antes. É o caso da empresa familiar Sabor de Milho (@_sabordemilho) comanda por Rafaelly Oliveira, que trabalha em conjunto com a família, na parte alta de Maceió. Com comercialização durante todo o ano, a empreendedora afirma que neste período produção e vendas aumentam em 100%.

“Produzimos durante todo o ano com milho de irrigação que vem de fora de Alagoas. Mas, nesta época a demanda é muito maior pelas comidas tradicionais. Então, a produção também aumenta, pois além da entrega recebemos encomendas para eventos de empresas, familiar etc", conta Rafaelly, lembrando que além das comidas à base do milho como canjica, pamonha, mungunzá, milho cozido, bolo e pão de milho, ainda tem arroz doce, bolo de macaxeira e massa puba.

Rafaelly Oliveira conta que ideia de criação da Sabor de Milho surgiu na pandemia (Foto: Edilson Omena)



As tradicionais comidas juninas, além de encherem a boca d’água estimulam a economia em todo o estado, gerando empregos e abrindo espaço para o encontro entre a tradição e a criatividade. A Sabor de Milho, que surgiu durante a pandemia, é um exemplo disso. De acordo com a empreendedora, neste período para conseguir dar conta da demanda precisou contratar mais três pessoas, ou seja, o grupo que é formado por quatro pessoas da mesma família acabou abrindo vagas para pessoas de fora.

“Durante o ano trabalhamos em quatro pessoas, mas nesse período como a demanda cresce, e muito, a gente precisa contratar mais pessoas, na maioria das vezes são motoboys para fazer as entregas", explica, ressaltando que há possibilidade de novas contratações temporárias. “Se tudo correr dentro do que esperamos, ainda teremos que contratar outras pessoas", antecipa Oliveira.



SURGIMENTO

Rafaelly explica que a ideia da Sabor de Milho surgiu na pandemia porque ela precisou ficar em casa e com muitas pessoas sem trabalhar na família tinha que fazer algo para obter um dinheiro extra. “Como na época o delivery estava bombando tive a ideia e foi abraçada por todos. E hoje estamos aqui. Continuamos com o formato delivery em Maceió, Rio Largo e Satuba [taxa de entrega a consultar] e também recebemos as encomendas. No caso do delivery, começa a partir das 16h e segue até às 21h. Já as encomendas grandes não há horário, pois muitas são para café da manhã em empresas, festas etc".

REDES SOCIAIS

Para Oliveira, as redes sociais são ferramentas de grande importância para o crescimento do negócio. “Falo que é a principal ferramenta, pois fidelizamos clientes a partir delas. É nosso local de divulgação e de muitas vendas’’.

No interior, vendas também crescem nesta época do ano, segundo comerciantes


Assim como em Maceió, os negócios de família vêm gerando renda também no interior. Em Paulo Jacinto, no Agreste de Alagoas, José Nilton e a esposa Lena trabalham há dois anos vendendo mungunzá e canjica nas ruas da cidade.

“Eu produzo e meu marido sai com o carrinho. Na verdade vendemos caldinhos e mungunzá, no entanto, nessa época faço a produção e canjica e ainda recebo encomendas de bolos", conta Lena.

Como não poderia ser diferente, as redes sociais também são chamariz para as ‘Delícias da Lena’. “Nosso foco são as ruas porque estamos com o carrinho e vamos direto aos clientes, mas as redes sociais também fazem parte, pois recebemos encomendas neles, além do boca a boca", explica o casal.

José Nilton percorre ruas de Paulo Jacinto vendendo os produtos que sua esposa Lena prepara (Foto: Acervo pessoal)



Em Palmeiras dos Índios, também no Agreste do estado, a pamonheira Maria de Lourdes Cordeiro Barros garante a renda com as vendas de pamonhas e outras iguarias. “Já vendo há mais de 10 anos e tenho muitos pedidos", disse, acrescentando que os amigos colaboram bastante com a divulgação nas redes sociais. “Os amigos divulgam bastante, estou criando um Instagram e já vendo e divulgo no WhatsApp".

Em relação ao preço tanto na capital quanto no interior, as empreendedoras afirmam que varia muito, depende do tamanho, do produto. Mas, que fazem o possível para não reajustar muito para não prejudicar o bolso do consumidor. No entanto, elas afirmam que o reajuste muitas vezes é inevitável devido ao aumento das matérias-primas para produção.

NUTRICIONISTA

Basta falar de milho ou nos produtos feitos a partir dele, que fica fácil descobrir em qual período do ano estamos. O mês de junho é repleto de festas, shows e reuniões, e geralmente são servidas as comidas típicas dessa época.

O nutricionista Mário Neto explica que existe uma grande variedade de preparações, mas que nós devemos ter uma atenção na hora do consumo.

"Devemos ter atenção em dois quesitos, o primeiro são as quantidades, é muito difícil comer pouco nessa época, porque tudo é gostoso. Porém, devemos nos atentar nas quantidades para não acabar consumindo muitas calorias ao longo desse mês. Vale destacar que nenhum alimento de forma isolada possui a capacidade de fazer ganhar peso, mas o excesso pode trazer malefícios à saúde. Outro ponto que é fundamental prestar atenção é a segurança alimentar, quando for consumir esses tipos de preparações deve-se atentar no preparo, armazenamento e distribuição, para evitar consumir alimentos contaminados e acabar tendo problemas intestinais, algumas pessoas possuem alergia ou intolerância a alguns ingredientes destas iguarias, portanto devem observar antes de consumir para evitar qualquer tipo de problema", esclarece o nutricionista.

Mário Neto, nutricionista (Foto: Acervo pessoal)