Economia

Constantes altas no valor do material de construção preocupam setor

De acordo com o Sinduscon, preços praticados em Alagoas subiram 50% em doze meses, bem mais que o INCC

Por Luciana Beder – Colaboradora com Tribuna Independente 10/09/2022 11h13
Constantes altas no valor do material de construção preocupam setor
Tijolo está entre os vilões; constantes aumentos no valor dos materiais de construção ocorrem desde o início da pandemia, em 2020, segundo Sinduscon - Foto: Edilson Omena

O preço dos produtos da construção civil aumentou 50%, entre os meses de maio de 2021 e maio de 2022, em Alagoas. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas (Sinduscon/AL), Alfredo Brêda, os aumentos vêm desde o início da pandemia, em 2020, e preocupam o setor.

“Isso vem ocorrendo desde o segundo semestre de 2020, ficando mais forte em meados de 2021, principalmente, em empresas de commodities como cimento, aço, pvc, cobre, vidros e alumínio. Então, estamos tendo muita dificuldade com esses fornecedores e estamos muito preocupados com o que vem acontecendo”, afirmou.

Brêda explicou que o aumento foi gerado, principalmente, por causa da paralisação de produção de algumas empresas. “Muitas empresas pensaram que o mercado ficaria desaquecido durante a pandemia, diminuindo assim os estoques e, consequentemente, com a falta de material no segundo semestre de 2020, os preços acabaram aumentando. Então, começamos a ter essa sucessão de aumentos que continuou ocorrendo com a escassez dos produtos. Não foi o aumento da procura de materiais, foi a falta de produção de materiais que ocorreu no primeiro momento”, contou.

O presidente do Sinduscon/AL afirmou ainda que, após a escassez dos produtos, veio o aumento na procura por materiais, no ano passado. “Aumentou a procura por materiais, mas não somente materiais de construção, e sim itens gerais de alimentação, limpeza, tudo. Começou a aumentar a inflação mais fortemente, aumentando a taxa de juros. Com isso, os preços continuaram a subir, aí aumentou energia, aumentou combustível. Uma coisa foi puxando a outra”, disse.

De acordo com Brêda, o aumento no preço dos materiais de construção foi superior ao aumento do Índice Nacional de Custo de Construção (INCC). “Quando você começa a ter um país com a situação inflacionária, a tendência é que se aumente tudo, mas as commodities, por sua vez, as principais e as indústrias cimenteiras e de aço subiram demais, acima da inflação. O aumento de materiais de construções nos últimos meses, quando calculamos de maio a maio, foi de 50%, enquanto o INCC subiu 16%. Então, o aumento de material de construção foi, realmente, absurdo e isso, consequentemente, leva ao aumento do preço de imóveis”, afirmou.

Mas, segundo o presidente do Sinduscon, os preços começaram a se estabilizar, devido às medidas tomadas pelo Governo Federal de redução de IPI, ICMS do combustível e da energia elétrica. “Não tem retorno, os preços não estão diminuindo, mas devem se manter em estabilidade, graças às medidas que estão sendo muito importantes para o reequilíbrio da inflação e da nossa economia”, disse Brêda.

O construtor de imóvel José Cândido afirmou que, quando ocorre aumento no preço do material, o aumento é repassado para o cliente final. “Os preços dos imóveis são corrigidos pelo INCC. Sendo assim, não há queda no valor previsto de lucro. Infelizmente, quando tem aumento de material, o INCC aumenta e é repassado para o cliente final. Quando o valor do material aumenta quem paga é o cliente que tem parcelamento com a construtora”, explicou.

Cimento, brita e tijolo são principais vilões apontados por lojistas


Vendedores de lojas de materiais de construção também afirmaram preocupação com os preços e disseram que alguns produtos quase dobraram de valor, se comparado com o período antes da pandemia. Os principais vilões são o cimento, o tijolo e a brita, insumos indispensáveis na maioria das obras.

O vendedor de uma loja de material de construção Maxsuel Barbosa disse que, antes da pandemia, o cimento custava em torno de R$ 20 e, hoje, está sendo vendido por R$ 34.

“Aumentou demais e os consumidores reclamam, até porque temos que tentar reaver, porque o lucro diminui. Eles fazem pesquisa, procuram para ver se acham mais em conta, mas percebem que está assim em todo canto”, afirmou Maxsuel Barbosa.

A brita, que antes custava R$ 150 o metro, está sendo vendida por R$ 180. Já o milheiro do tijolo, que antes era vendido por R$ 700, está sendo comercializado por R$ 850. Maxsuel Barbosa contou que, apesar do aumento, a demanda não diminuiu, mas teme que apresente redução.

“Depois da pandemia, subiu muito os preços dos produtos. Pensamos que o movimento ia dar uma parada, por causa dos aumentos, mas os clientes continuam levando. Esperamos que continuem comprando”, disse.