Economia

Com redução do preço da gasolina, cai procura por álcool

Diferença de preço entre os combustíveis chega a R$ 0,20 e consumidores têm optado pelo de melhor desempenho

Por Tribuna Independente 03/09/2022 08h48
Com redução do preço da gasolina, cai procura por álcool
Nos postos de Maceió, diferença de preço por litro entre os dois combustíveis é em média R$ 0,20 - Foto: Edilson Omena

A redução do preço da gasolina em todo o país deve causar um efeito secundário: a menor procura pelo álcool para abastecer os veículos. Atualmente a diferença de preço por litro entre os dois combustíveis é em média R$ 0,20. Neste sentido, segundo o economista Jarpa Aramis, a tendência é de que as pessoas optem cada vez mais pela gasolina.

“O impacto dessa redução do preço é algo que envolve a teoria econômica, na medida em que eu tenho dois produtos que competem entre si e um deles tem redução de preço a tendência é que o consumo seja maior e o outro, a quantidade consumida diminua. Na medida em que o preço da gasolina diminua, a tendência do consumo do produto álcool diminui. E isso acaba gerando uma reação em cadeia, porque do ponto de vista do produtor, a partir que as pessoas estão consumindo menos meu produto a tendência é que eu baixe o meu preço, mas de forma limitada. Evidentemente que a composição desses dois preços tem uma matriz de custo rígida e sobrecarregada de impostos, então a lei da oferta e da procura se aplica de forma limitada porque eu não posso mexer na minha matriz de custo”, explica.

Nos postos, os consumidores afirmam que têm optado pela gasolina, seja pelo valor, seja pelo desempenho do veículo.

O motorista José Mauro da Silva conta que os últimos abastecimentos de seu veículo têm sido apenas com gasolina. “Eu costumava abastecer com um e outro, quando o preço estava menor do álcool eu escolhia o álcool. Mas na verdade eu prefiro mesmo abastecer com gasolina e agora que o preço baixou só tenho colocado assim. É melhor, o carro trabalha melhor, lubrifica, para mim é melhor”, diz.

A também motorista Jaqueline Mota afirma que a escolha do combustível é muito influenciada pela questão do preço, não tanto pelo consumo. Com o cenário atual, a opção tem sido gasolina.

“Eu sempre olho o valor do litro, se tiver mais vantajoso um ou outro, aí eu abasteço. Se eu vejo que a diferença está muito grande eu coloco o álcool, já abasteci algumas vezes. Mas como a gasolina tem ficado quase o mesmo preço, reduziu bastante aí eu tenho preferido abastecer com gasolina mesmo”, comenta Jaqueline.

Fórmula básica revela qual combustível é mais vantajoso


O economista Jarpa Aramis argumenta que para determinar qual combustível mais vantajoso é necessário que o consumidor faça as contas do preço cobrado por litro. Considerando que a gasolina tem uma composição de 27% de álcool na mistura, a diferença do valor de um para o outro tem que ser em média de 70% para ser vantajoso.

“O desempenho do carro abastecido com gasolina é muito maior, com álcool já não é tanto. E aí se criou um parâmetro para identificar até que ponto é vantajoso e se tem reflexo no desempenho dos veículos e a formula é básica: dividir o valor do litro do álcool e da gasolina e se o resultado dessa divisão for abaixo de 70% eu vou colocar álcool, se for acima de 70% eu vou colocar gasolina”.

Mesmo assim, ele avalia que o impacto na venda e produção de álcool não deve ser tão significativo.

“Acredito que não tenha um impacto expressivo que a gente imagina porque é um produto que dificilmente se encontra substituto e não tem apenas essa destinação, também há outros usos”, diz.

PREÇOS

Com reduções constantes nos preços praticados, o Procon Maceió afirma que os preços dos produtos vêm sendo acompanhados periodicamente a fim de observar se os postos estão realizando as alterações.

“O Procon Maceió faz o acompanhamento da evolução dos preços nos postos de combustíveis quando é anunciada nova alteração no preço dos combustíveis, e se, eventualmente, for denunciado ou constatado alguma irregularidade, por parte do consumidor, também é realizada uma fiscalização. No entanto, o que tem sido observado é que as reduções estão sendo devidamente aplicadas. Em caso de denúncias e reclamações, a população pode entrar em contato com o órgão através no WhatsApp 98882-8326 ou 0800 082 4567”, explica.