Economia

Diesel acumula alta de 47% e pressiona preço dos alimentos em Alagoas

Trabalhador que depende do transporte de cargas sofre com consecutivos aumentos

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 02/06/2022 09h25 - Atualizado em 02/06/2022 14h39
Diesel acumula alta de 47% e pressiona preço dos alimentos em Alagoas
Em Alagoas, litro do diesel comum chega a custar R$ 7,85; em alguns estados, valor do combustível já ultrapassa os R$ 8, segundo a ANP - Foto: Edilson Omena

O preço do Diesel em todo o país acumula alta de 47% nos últimos meses e atualmente se equipara ao valor do litro da gasolina comum. Em Alagoas, segundo o levantamento semanal da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o litro do diesel comum chega a custar R$ 7,85. Em alguns estados do país, o valor do combustível ultrapassa R$ 8. As consequências dos consecutivos aumentos são um efeito cascata sobre os insumos, principalmente os alimentos.
A economista Larissa Pinto explica que o diesel em suas duas apresentações (S10 e comum) é vital para a economia brasileira dada a importância para a circulação de mercadorias e para o funcionamento de indústria e comércio.

“Esses reajustes constantes no preço do diesel (que já acumula nos últimos 12 meses uma alta de cerca de 47%) nos afeta principalmente porque o nosso sistema de logística de produtos industriais e agrícolas é basicamente rodoviário. Assim, com o aumento do diesel, o custo do frete torna-se maior e isso, com certeza, será repassado ao consumidor via preço final”, destaca.

De acordo com um levantamento da consultoria ILOS, empresa especializada em logística 61% de todas as cargas brasileiras foram transportadas por rodovias. Outro levantamento, desta vez da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), aponta que cerca de 90% da frota de ônibus e caminhões é movida a diesel.

Desta forma, os impactos são severos e atingem a sociedade de uma forma ampla, pressionando ainda mais a inflação.

“Logo, é possível que tenham novos aumentos, principalmente no preço dos alimentos, para compensar o aumento de custos com a entrega dos produtos acarretado pela subida no preço do diesel”, diz.

Ainda em relação ao aumento nos custos de produção, a economista destaca que outro ponto fundamental é a utilização do combustível nos veículos que fazem o transporte de passageiros, e isso pode afetar também o preço das tarifas cobradas pelas empresas que executam o serviço, seja municipal, intermunicipal e interestadual.

“Além disso, o diesel também é utilizado como combustível dos ônibus, no transporte público. Aumentos sucessivos desse combustível podem gerar pressão das empresas por aumento no preço das passagens, o que, mais uma vez, seria repassado ao consumidor final”, expõe.

O proprietário de caminhão Kenedy Santos relata as dificuldades que vem enfrentando com a alta do diesel. Ele lembra que no início do ano conseguia encher o tanque do caminhão gastando algo em torno de R$ 1.2000. Atualmente, para o mesmo abastecimento o valor ultrapassa R$ 1.900.

“É uma diferença muito grande para quem depende do combustível para manter o caminhão rodando. Além disso, temos sentido alta também no preço de peças, pneus, insumos tudo por conta do diesel que aumenta e influencia nas demais coisas. No último mês, dois colegas deixaram de rodar e avisaram que vão vender os caminhões porque não conseguem mais arcar com as despesas. Porque além de tirar o combustível e a manutenção, as pessoas dependem disso para sobreviver. É muito difícil”, conta.