Economia

Etanol: venda direta não deve influenciar no preço ao consumidor

Apesar de propagada como alternativa para baratear valor, fatores como logística, impostos e preço da gasolina mantêm custo elevado

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 04/03/2022 10h24 - Atualizado em 04/03/2022 23h37
Etanol: venda direta não deve influenciar no preço ao consumidor
Tributação da venda direta de etanol está regulada desde janeiro, mas consumidor não sente mudança - Foto: Edilson Omena

Propagada como a “salvação” para a redução do preço do etanol ao consumidor, a venda direta das Usinas aos postos de combustíveis, aprovada no ano passado, não tem trazido mudanças significativas nas bombas. Desde janeiro, a tributação foi regulada no estado, mas apenas uma Usina, das 12 existentes, efetivou a medida.

Em todo o ano de 2021, o combustível acumulou alta de 63% e uma possível redução animou consumidores que consideraram trocar a gasolina, que também acumula sucessivas altas, pelo etanol com a esperada redução do preço. Em Alagoas, segundo a pesquisa semanal da Agência Nacional de Petróleo (ANP), o preço médio do etanol fica entre R$ 5,12 em Arapiraca e Maceió e pode chegar a R$ 5,97 em municípios como Delmiro Gouveia.

“O anúncio da venda direta do etanol hidratado, o que é consumido diretamente no automóvel, gerou uma grande expectativa no mercado consumidor, diante dos preços altos dos combustíveis e da possibilidade de uma redução forte nos preços do etanol, que poderia influenciar os preços dos demais combustíveis. Somente no ano passado, o etanol acumulou 63% de aumento. A medida foi aprovada e sancionada no final do ano passado, e sua tributação foi regulamentada em Alagoas em janeiro deste ano”, diz o economista Cícero Péricles.

Na avaliação do economista, diversos fatores têm influenciado na manutenção do valor do etanol.

“Na prática, o preço para o consumidor não deverá cair de forma significativa porque a venda direta diminui os custos em apenas uma parte da cadeia do etanol. Ele é fabricado na usina/destilaria, que tem os custos de produção que determinam seu preço industrial; depois, ele é entregue as empresas distribuidoras que, por sua vez, recebem pelos custos de estocagem e transporte; por último a distribuidora faz a revenda aos postos de combustíveis, que têm sua margem de lucro. Em toda essa cadeia temos os impostos pagos pelos produtores, distribuidores e revendedores. A nova legislação permite a venda direta da destilaria para os postos de venda ao consumidor”, detalha.