Economia

Adesão a greve divide entidades que representam caminhoneiros

Revisão da política de preços do óleo diesel é a principal pauta do movimento organizado pelo CNTRC a partir de domingo (25)

Por R7 22/07/2021 12h51
Adesão a greve divide entidades que representam caminhoneiros
Reprodução - Foto: Assessoria
A CNTTL (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística) decidiu apoiar a paralisação nacional dos caminhoneiros prevista para ocorrer a partir da meia-noite de domingo (25). A decisão, no entanto, não é a mesma partilhada pela CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos), que não orientou os associados sobre aderir ou não ao movimento. O movimento é organizado pelo CNTRC (Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas). "Orientamos que se participe dos atos sendo celetista ou autônomo", disse o secretário nacional de Políticas Sociais e Acessibilidade da CNTTL, Carlos Alberto Litti Dahmer. Segundo Litti, não há previsão de encerramento da paralisação. "Não há data de término projetada. Quem finaliza esse movimento é o governo com as respostas para a categoria", afirmou o diretor da CNTTL. Na avaliação de Litti, o engajamento dos caminhoneiros com a interrupção das atividades é semelhante ao observado antes da greve de 2018. "O movimento está muito parecido com o anterior à paralisação de 2018, em termos de divulgação, recepção da pauta pela categoria e descontentamento", apontou. A revisão da política de preços do óleo diesel da Petrobras é a principal pauta da agenda do movimento. "É necessário rever essa política. Em 2018 o Brasil parou porque o diesel estava em R$ 2,93/litro. Hoje, o diesel é no mínimo R$ 4,30/litro e os fretes pagos pelo transporte de cargas são os mesmos de 2018: 60% do valor do frete é gasto com combustível", disse Litti. Ele cita que a constitucionalidade da política de piso mínimo para transporte rodoviária ainda está sendo discutida pelo Supremo Tribunal Federal. "O piso do frete precisa ser definido e julgado pelo STF. Três anos se passaram três anos e o piso ainda não foi implementado efetivamente", comentou. Outra insatisfação citada pela CNTTL é a falta de contratação de instituto pela ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para realizar estudo e cálculos para reajuste do piso mínimo. "É urgente que a agência licite novo instituto para fazer acompanhamento do piso com a metodologia exigida pela lei. O contrato venceu em janeiro e, desde lá, não há atualização dos custos dos insumos", apontou. A última atualização da tabela foi feita na semana passada pela ANTT, considerando o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). A categoria também pede que os transportadores rodoviários sejam incluídos em programa especial de aposentadoria com 25 anos de trabalho pelo fato de as atividades serem insalubres. Já a CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) informou que, até o momento, não há orientação da entidade para os seus associados sobre aderir ou não ao movimento. "A prerrogativa e legalidade de se realizar uma paralisação é um direito do caminhoneiro e formalizada através de assembleia nos sindicatos. Até o presente momento não temos conhecimento de tal iniciativa por parte de sindicatos ligados ao sistema da nossa Confederação", diz a CNTA. A realização da greve, contudo, não é unanimidade entre os transportadores rodoviários. Há expectativa de que o governo possa se antecipar aos atos com anúncio de medidas pontuais para acalmar os ânimos. Fontes afirmam que nos bastidores há uma mobilização por parte de integrantes do governo de buscar negociação com a categoria. Alguns representantes devem se reunir ainda nesta quinta-feira com membros do alto escalão do governo. O tema deve entrar na pauta de assuntos da live semanal do presidente Jair Bolsonaro, realizada nas noites de quinta, diz um interlocutor.