Economia

Custo do litro da gasolina já está acima de R$ 5 em alguns postos de Maceió

Preço de combustível aumenta e consumidor não descarta outras alternativas de locomoção; diesel chegou a R$ 4,43

Por Lucas França 20/02/2021 09h25
Custo do litro da gasolina já está acima de R$ 5 em alguns postos de Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
Os combustíveis vêm registrando altas constantes e significativas de preços este ano, acompanhando o mercado internacional segundo informa a Petrobras. Em Maceió, capital alagoana, os valores praticados até a sexta-feira (19), eram de R$ 4,79 a mais de R$ 5,00 a gasolina. E o diesel estava de R$ 3,77 à R$ 4,43 em alguns estabelecimentos. A alternativa para os consumidores é pesquisar e enfrentar filas em postos de combustíveis que ainda estão com o estoque antigo. Muitos não descartam a possibilidade de deixar o carro na garagem e procurar outros meios para se locomover. Para o vigilante Weverton Oliveira, os aumentos estão prejudicando totalmente em seu orçamento e ele não descarta a possibilidade de outro meio de locomoção, como por exemplo, o transporte por aplicativo ou coletivo. “Confesso para você que se esses aumentos continuarem de forma constante, uma das alternativas é deixar o carro na garagem e me locomover para ir ao trabalho eu até passear por outros meios’’. Ainda segundo o vigilante, os aumentos é falta de planejamento da Petrobras. “Seguir a tendência internacional, como se fossemos país de primeiro mundo. Hoje, nem em desenvolvimento mais estamos’’, reclama. O consumidor Ronaldo Romero também crítica os constantes aumento. “Esses aumentos são um absurdo. Parece que essas ‘desgraças’ não pagam combustível e não sentem no bolso, só pode’’, retruca. A reportagem perguntou em um grupo de trânsito de Alagoas na página do Facebook como os condutores enxergam aos constantes reajustes para mais. E mais de 90% dos internautas que tem veículos e responderam à enquete estão extremamente revoltados com a dinâmica de aumento. Paulo Braga, um dos condutores que opinou respondeu: “O povo gosta de pagar combustível caro. Principalmente aqueles que não gostam do Bolsonaro. Eles pagam feliz, e ainda saem dizendo que a culpa é do ‘Bozo’. Então, foda-se o bolso de todos. Viva o STF {Supremo Tribunal Federal} e a censura à jornalistas e Deputados pró-governo.” Já Henrique Araújo afirma que isso é para aumentar ainda mais os lucros de quem já é rico e prejudicar o trabalhador. Último aumento foi de 10,2% e de 15% Na quinta-feira (18), o Governo Federal anunciou mais um reajuste na gasolina de 10,2% e no diesel de 15%. Ou seja, o preço foi elevado para R$ 0,23 por litro na gasolina e com isto, o preço médio do combustível nos pontos de venda da companhia subiu para R$ 2,48 por litro. A estatal também informou o reajuste no preço do litro do diesel em R$ 0,34, em média, para R$ 2,58. Os novos preços passaram a valer ontem (19). Estes já são o 4º reajuste na gasolina este ano e o 3º no diesel. Em 2021, a gasolina acumula alta de 34% e o diesel, de 27%, conforme a Associação dos Engenheiros da Petrobras. SINDICOMBUSTÍVEIS A reportagem do jornal Tribuna Independente entrou em contato com o Sindicato do Comércio Varejista e Derivados do Petróleo no Estado de Alagoas (Sindicombustíveis/AL), para saber como avaliam os constantes aumento e se enxergam como uma política de governo. Em reposta o sindicato disse que não é política de governo. “O Sindicombustíveis/AL, na realidade, não enxerga os reajustes como política do Governo Federal. As mudanças fazem parte da política da Petrobras, a qual está agindo de acordo com o mercado internacional, devido à forte alta do barril de petróleo e também do dólar’’. O sindicato ressalta que para os donos de postos os reajustes não são positivos, pois envolve cada vez mais capital de giro e baixa no consumo. PETROBRAS A companhia lembrou que os valores cobrados em suas refinarias têm influência limitada sobre os preços percebidos pelos consumidores finais, que são acrescidos de tributos federais e estaduais, custos para aquisição e mistura obrigatória de biocombustíveis, além das margens brutas das companhias distribuidoras e dos postos revendedores de combustíveis. “Preço mais alto levará a reajustes nas demais cadeias produtivas” “Os combustíveis são energias renováveis, e servem para a formação de preços e de base nos custos de produção para todas as cadeias, desde da primária – setor agropecuário até a última cadeia – o setor terciário, que é comércio e serviço que nos oferta o bem final. Ou seja, se a gente perceber que a estatal anuncia esse reajuste que já acumula 34% na gasolina e 27% para o diesel em apenas um mês e meio no início desse novo ano, então toda a cadeia aumentará preços por conta do aumento dessas energias que são utilizadas e servem de base para produção de outros bens’’, avalia o economista. Ainda segundo Rocha, haverá sim uma pressão inflacionará que continuará a afetar o bolso do consumidor final este ano como foi em 2020, já que a inflação foi de 4,52%, mas se observado isoladamente a inflação dos alimentos foi de 23%. “Ou seja, em análise do Índice Geral de Preços (IGPM) que serve de base para os contratos de variação de aluguel, estes foi de mais de 23%. Então, provavelmente teremos um ano de 2021 muito difícil para o consumidor que não consegue aumentar a renda na mesma velocidade do aumento de preços reajustados pelos empresários. Então vamos perder mais uma vez o poder de compra e comprar a cada vez menos’’, explica. Em relação ao anúncio de zerar os impostos do diesel, o economista avalia que é apenas uma medida paliativa. “É um paliativo que ao final de três meses explodirá um novo reajuste de preços porque, quando voltar a incidir os 16% do Pis/Confins, mais uma vez teremos reajuste violento. Além disso, se a gente pensar que o aumento em apenas um mês e meio foi de 27% e os impostos federais só irão reduzir em 16%, então ainda temos uma alta real de preços dos combustíveis comparado ao ano passado’’. Já o anúncio de zerar de forma permanente o imposto sob o gás de cozinha que não teve reajuste este ano, mas está em patamar de valor elevado, o economista Felippe Rocha diz que é bom para o consumidor.