Economia

Papelarias sofrem queda nas vendas de materiais escolares

Mesmo sem reajuste em preços, produtos permanecem no estoque desde o ano passado devido à pandemia de Covid-19

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 05/01/2021 08h14
Papelarias sofrem queda nas vendas de materiais escolares
Reprodução - Foto: Assessoria
Por causa da pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) ainda é fraco o movimento nas papelarias localizadas em Maceió, mesmo sem acontecer reajuste no preço dos produtos. Muitas escolas por conta das aulas online estão aproveitando o material escolar do ano passado, o que acaba afetando as vendas do segmento. Segundo Daniel Nunes, gerente da papelaria Papel Quatro, no Centro da capital alagoana, comparado com o ano passado, o movimento na loja está muito baixo. “Nem fizemos reposição de material no estoque, os produtos são os mesmo de 2020. O movimento ainda é baixo por conta da pandemia. as pessoas ainda têm receio de sair de casa, e outras estão comprando somente o essencial, já que as escolas ficaram sem aulas presenciais”, disse. “As vendas são pequenas, apenas de lápis, caderno, borracha, caneta, mas o forte mesmo, que são os papéis, não estamos vendendo”, observou Daniel Nunes. Ainda de acordo com ele, a lista de material escolar também reduziu muito, entre 10 a 15 itens apenas. “Estamos com descontos de até 20% para atrair a clientela, mas ainda assim segue fraco o movimento comparado aos anos anteriores. Os pais costumam ir às compras de material escolar ainda em novembro, aumenta em dezembro, mas agora foi bem diferente”, mencionou. Conforme o gerente, a pandemia pesou muito no orçamento familiar e consequentemente o estoque de vários setores da economia, e o de papelaria foi um deles. “A loja tem um estoque grande e está travado, não reajustamos o preço dos produtos, não vamos precisar repor mercadoria. Para se ter uma ideia, a linha de personagens que costuma sair bem, ainda tem bastante. As fábricas estão paradas”, contou. Davi Araújo, gerente da Amarelinha Papelaria, na parte alta de Maceió, também salientou a redução do movimento este ano. “A queda foi de 70%. As vendas caíram mesmo. A lista escolar diminui e algumas editoras faliram, os pais não estão comprando, só algumas coisas mesmo. O nosso diferencial, este ano, é o delivery para atrair o cliente, dando uma maior comodidade para que não precise sair de casa, e se expor. Por causa da pandemia fomos obrigados a se adaptar, que não tínhamos, e agora passamos a vender também pelas redes sociais”, destacou. O gerente ressaltou que embora a alta do dólar tenha afetado alguns produtos do material escolar, para vender, tiveram que diminuir a margem de lucro e manter o valor do ano anterior para ‘segurar’ o consumidor. “O movimento aqui se encontra muito baixo. As vendas de materiais escolares neste período sofreram uma queda de 70% em comparação ao mesmo período do ano passado, uma vez que, devido à pandemia, todo o trabalho escolar está sendo feito remotamente, o que dificulta as nossas vendas”, justificou. Enquanto os estabelecimentos enfrentam queda nas vendas, os pais dos alunos acabam economizando. É o que garante Carleane de Oliver, que tem três filhos em idade escolar. Ela diz que, com as aulas online, está economizando muito. “Essa nova maneira de ensinar me deixa mais tranquila, afinal é uma forma de proteger tanto meus filhos como todos os alunos”, afirmou. Adriana Cerqueira concorda com Carleane e diz que economizou bastante, e que os materiais que foram comprados no começo do ano poderão ser aproveitados este ano. “Tenho uma filha de 16 anos e todo mês de janeiro fazemos compras gerais para o ano todo. Eu sempre comprei grande quantidade de materiais que são mais fáceis de perder, como canetas, borrachas e outros, mas, como ela está estudando em casa, esses materiais estão sobrando. Então, este ano, ela vai usar esses que já compramos”, comentou. Escolas devem solicitar apenas itens de uso individual   O Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon Alagoas) informa que, de modo geral, as escolas só devem solicitar na lista de material escolar os itens de uso individual do aluno, em quantidades coerentes. Materiais de uso coletivo não podem estar listados, mas podem ser embutidos no valor da mensalidade escolar. As instituições de ensino também não podem cobrar marcas e lojas específicas, pois pode representar venda casada; o que é proibido pelo Código de Defesa do Consumidor. Além disso, só poderá ser exigida pela escola a compra de materiais que não são vendidos no comércio, como apostilas pedagógicas próprias e uniformes, se o mercado em geral comercializa esses produtos. Segundo o Procon, é proibido cobrar papel higiênico, álcool, por exemplo, itens de escritório (como envelopes, caneta e grampeador), material de limpeza e materiais destinados à decoração de festinhas. Também fica proibida a cobrança de taxa adicional por itens coletivos. Todo o custo com materiais ou infraestrutura necessária para a prestação dos serviços educacionais deve estar incluído no cálculo das mensalidades. Outro alerta do Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor diz respeito às embalagens de tintas, colas, pincéis atômicos, entre outros itens, já que nas embalagens devem conter todas as informações de composição, armazenamento e prazo de validade. Os pais devem pesquisar bastante antes de comprar os materiais, e se possível tentar reaproveitar algum item que tenha sobrado do ano anterior. RECLAMAÇÃO O Procon Alagoas informou que o consumidor que se sentir lesado, deve procurar o órgão e registrar sua denúncia. A reclamação pode ser feita em um dos pontos de atendimento do instituto, pelo site www.procon.al.gov.br ou mesmo ligando para o número 151 ou WhatsApp (82) 9 8876-8297.