Economia

Dólar fecha no menor patamar desde junho

Dólar à vista caiu 2,55%, a 5,0417 reais na venda

Por Reuters 10/12/2020 20h03
Dólar fecha no menor patamar desde junho
Reprodução - Foto: Assessoria
Uma “tempestade perfeita” se abateu sobre o dólar no mercado brasileiro nesta quinta-feira, com a moeda norte-americana fechando no menor patamar desde junho e aproximando-se do suporte psicológico de 5 reais, puxada por forte ajuste de posições pró-Brasil num contexto de esperanças sobre reformas locais e de mais ingresso de fluxo estrangeiro. A sinalização do Banco Central de que o ciclo de cortes da Selic caminha para um fim, o salto nos preços das commodities e a confirmação pelo BC de que dará saída parcial ao mercado na esteira do desmonte do overhedge minaram qualquer demanda pela moeda norte-americana nesta sessão. O dólar à vista caiu 2,55%, a 5,0417 reais na venda, menor nível desde 16 de junho (4,9398 reais) e maior queda percentual diária desde 6 de novembro (-2,80%). A cotação oscilou em baixa durante todo o dia, indo de 5,1334 reais na máxima (-0,78%) a 5,0322 reais (-2,73%) na mínima. No mercado futuro da B3, o contrato de dólar para primeiro vencimento cedia 2,90%, a 5,0215 reais, às 17h40, após tocar 5,0170 reais no piso da sessão. O real foi, de longe, o maior destaque nos mercados globais de câmbio nesta sessão, já marcada por rali em várias divisas de risco. Analistas comentaram que o câmbio reagiu a um movimento de “compra de Brasil”, que fez o Ibovespa superar os 115 mil pontos durante a sessão e os juros longos caírem quase 10 pontos-base. “O Brasil ainda está barato em dólar”, disse Rafael Ribeiro, analista da Clear. “Isso com certeza foi um dos pontos para o investidor estrangeiro olhar para o nosso mercado. E quando você tem uma sinalização positiva no avanço da agenda de reformas isso se reflete em aumento de fluxo para a bolsa, o que impacta o dólar”, completou. Notícias de que o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra, afirmou que o projeto de reforma tributária pode ser votado já na próxima semana soaram como música para os ouvidos de investidores, os quais entendem que esse seria mais um passo na direção de ortodoxia fiscal, o que afastaria movimentos para flexibilizar ou furar o teto de gastos. Do ponto de vista de liquidez, a indicação clara de que o BC dará suporte à liquidez no fim do ano também nocauteou o dólar. O BC vendeu nesta quinta 800 milhões de dólares em contratos novos de swap cambial tradicional --ou seja, fez injeção líquida de moeda no mercado. Mantido o atual ritmo, a autarquia caminha para despejar 9,602 bilhões de dólares em swaps a mais do que o lote a vencer em janeiro.