Economia

Ceia de Natal tem carnes e queijos até 30% mais caras

Alta do dólar e exportações causam aumento; vinho é o item com menor variação no período de 2020: 1,27%

Por Ana Paula Omena com Tribuna Independente 03/12/2020 08h12
Ceia de Natal tem carnes e queijos até 30% mais caras
Reprodução - Foto: Assessoria
O mês de dezembro começou e com a proximidade das festas de fim de ano, os consumidores começam a se preocupar com os gastos na hora de realizar a ceia natalina. Por conta da alta do dólar e as exportações muitos alimentos essenciais da cesta básica que também são usados para celebrar o Natal, ficaram mais caros este ano, como o óleo, carne, tomate, arroz, leite, entre outros. Manter o padrão de acompanhamentos da refeição será difícil, com as altas do arroz (51,99%) e do azeite (7,87%). O vinho é o item com menor variação no Natal de 2020: 1,27%. O levantamento é do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) do FGV IBRE. Segundo a pesquisa, o valor acumulado dos últimos 12 meses poderá chegar a 30,84% e impactará os principais produtos, como a carne e os queijos. O levantamento mostra ainda que de outubro de 2019 a outubro deste ano, o preço do lombo subiu 22,63%; o frango, por sua vez, ficou 12,59% mais caro; e logo em seguida, o bacalhau em 12,15%. O coordenador do IPC, André Braz, explica que isso ocorre por estar mais vantajoso aos produtores brasileiros exportar as carnes, o que é bom para a balança comercial, mas desabastece o mercado nacional, pressionando os preços a aumentarem. Também há a influência do custo de criação dos animais, que subiu, já que as rações de suínos e frangos, à base de soja e milho, respectivamente, encareceram: 88,6% e 78,7%, respectivamente, nos últimos 12 meses. Com isso, ainda que a alta seja generalizada, na tentativa de não ultrapassar o orçamento, o consumidor pretende se virar como pode para realizar a ceia de Natal, é o caso da Juliete Leal, que diz que vai substituir um alimento por outro. “O brasileiro foca muito em produtos importados, isso encarece mais na hora de pagar, este ano vou optar por alimentos locais, como castanha de caju, frutas desidratadas e vinhos nacionais”, deu a dica. Bruno Souza diz que não pretende gastar na ceia de Natal deste ano. “Ainda estamos na pandemia, enquanto não surgir a vacina, teremos que nos resguardar e consequentemente reduzir os alimentos e bebidas para o Natal. Pretendo fazer a ceia deste ano com o mínimo possível, porque se os preços já estavam salgados, a tendência é que cresçam ainda mais este mês”, observou. Consumidores vão fazer substituições para economizar   Patrícia Honorato vai trocar o peru pelo frango assado e optar pela carne de porco que está mais barata que a de boi. “Já disse para minha mãe que esse ano o panetone vai ser um bolo simples e a mesa farta está sem condições, tudo muito caro. Pretendo fazer o tradicional salpicão em pouca quantidade, mais fraquinho”, destacou. NEGOCIAÇÃO O presidente da Associação dos Supermercados de Alagoas (ASA), Raimundo Barreto, destaca que infelizmente houve alteração de preços de alguns produtos, principalmente aqueles derivados de importação e exportação. “Estamos trabalhando no sentido de não haver nenhum aumento abusivo por conta da proximidade das festas, além do que está se praticando no dia a dia”, disse. “Não adianta aumentar os produtos porque não vai vender, então estamos atentos aos fornecedores, negociando para que baixem os preços para dar melhor condição de compra”, acrescentou. Alguns itens da cesta básica como: óleo, tomate, batata-inglesa, cebola, carne, arroz, leite que também são utilizados nos ingredientes da ceia de Natal sofreram alteração de valor, mas segundo Raimundo Barreto, já estão baixando de preços. “É sazonal e depende muito da época e com certeza não haverá aumento destes produtos específicos”, avisou. De acordo com o presidente da ASA, o clima é de otimismo entre os lojistas que acreditam que o movimento cresça ainda mais, já que o setor de supermercados foi um dos que mais faturaram durante a pandemia que teve início em março deste ano. “Não temos do que reclamar, sempre estivemos de portas abertas de domingo a domingo e feriados em todo o período de pandemia mundial por sermos do serviço essencial”, frisou.