Economia

Mais da metade dos alagoanos vive na informalidade

Dados apontam aumento no número, o que gera ciclo de empobrecimento da população, aponta sociólogo

Por Evellyn Pimentel com Tribuna Independente 13/11/2020 08h24
Mais da metade dos alagoanos vive na informalidade
Reprodução - Foto: Assessoria
Mais da metade da população alagoana (51,2%) exerce algum tipo de atividade informal. Se considerarmos a população preta ou parda, o percentual sobe para 52%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que aponta ainda que em todo o país, a informalidade bateu recorde em 2019 e chega a 41% da população ocupada. As regiões Norte e Nordeste do país concentram o maior número de trabalhadores informais. No Nordeste, Alagoas tem a segunda “menor” taxa. Fica atrás do Rio Grande do Norte, que tem 49% da população na informalidade. Os estados do Maranhão e Piauí tem o maior percentual da região, 65%. “Quatro em cada dez trabalhadores ocupados estavam na informalidade em 2019. A informalidade no mercado de trabalho brasileiro, de caráter estrutural, atingia 41,6% dos trabalhadores do país em 2019, ou 39,3 milhões de pessoas”, aponta o IBGE. DESEMPREGO O crescimento da informalidade é resultado do aumento do desemprego e das ocupações formais, com carteira assinada. Como consequência, o aumento da informalidade cria um ciclo de empobrecimento da população e insegurança social. O sociólogo Carlos Martins explica que quanto maior o percentual de trabalhadores na informalidade, maior é o empobrecimento da população. “A consequência disso é o empobrecimento mais ainda da população. Quando essa população está bem empregada em tese ela tem acesso a poder aquisitivo e acesso ao consumo. E o consumo representa uma série de coisas, desde morar dignamente, ter uma casa bem estruturada, ter acesso a uma boa educação, boa saúde. Como nós vivemos uma sociedade economicamente orientada tudo é comprado. E o sistema público tem lá suas deficiências. Quando a informalidade aumenta, você não tem garantias de que essa população que vive na informalidade terá acesso a bens de consumo satisfatoriamente, muito pelo contrário. Ela vai precisar sustentar sua atividade com nenhuma garantia jurídica, nenhuma garantia de que seu comércio vai prosperar”. Com pandemia, situação é ainda mais grave   Os dados do IBGE expõem o cenário observado em 2019. Segundo Carlos Martins, considerando os efeitos da pandemia em 2020 a situação é ainda mais grave. “A pandemia enfrentou frontalmente o mercado da informalidade. O enfraquecimento da economia já era previsto de acontecer tanto com o fechamento, quanto com a abertura. Isolando ou não a população já era prevista a crise econômica. Alguns governantes tomaram a decisão com crise, mas com menos perdas de vida.  Não houve política neste sentido. A informalidade se baseia no consumo. A grande estrutura econômica dispõe de recursos para estratégias de marketing, fazer atendimento em domicílio, vender pela internet e os Correios entregar em casa. A informalidade não dispõe desse aparato, dessa estrutura, depende exclusivamente que o cliente vá.  Imagine as pessoas que vendem água de coco na praia, o impacto que sofreram com a pandemia. Um governante decente faria a elaboração de um plano para que as pessoas se protegerem e manterem o comércio, mas isso não foi pensado, ficou uma guerra ideológica, de teorias conspiratórias”, detalha. POLÍTICAS PÚBLICAS Na avaliação do sociólogo, a execução de políticas públicas são imprescindíveis para a mudança do cenário, considerando que a população precisa sobreviver e o governo é responsável por implementar ações que promovam a inclusão e a geração de empregos. “Quando você tem a gestão do Estado que prima pelo liberalismo exagerado, ou seja, a retirada do Estado das ações sociais, aí você tem um aumento da informalidade porque a população vai espontaneamente buscar formas de sobrevivência.  Mas quando você tem do Estado um suporte para essa população, ela vai ter condições de respirar e buscar outras formas. Como nós tivemos em um momento da história recente do Brasil que a renda da população aumentou e ela passou a consumir produtos e serviços jamais consumidos. O Governo atual tem por prioridade atender a interesses dos patrões e não dos empregados”, reforça.