Economia

Procura por imóveis cresce 30% na capital alagoana

Alta na demanda é atribuída a diversos fatores, mas setor vê crescimento com cautela, pelo risco de escassez de imóveis

Por Evellyn Pimentel 03/10/2020 13h00
Procura por imóveis cresce 30% na capital alagoana
Reprodução - Foto: Assessoria
A procura por imóveis na capital alagoana teve um aumento média de 30%, segundo a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas – Ademi-AL. O crescimento iniciado entre janeiro e fevereiro deste ano se intensificou mesmo após o início da pandemia do novo coronavírus e a expectativa é de continuidade no crescimento do setor. Segundo estimativas do Sindicato da Indústria da Construção do Estado de Alagoas (Sinduscon-AL) houve uma diminuição no número de imóveis disponíveis para a compra, de pouco mais de 4 mil, para 3.100 imóveis. O cenário de crescimento é atribuído três principais fatores: a redução da taxa de juros que estimula a compra de imóveis, a mudança de perspectiva das pessoas, com o home office na pandemia, e no caso específico de Maceió, com a necessidade de realocação de moradores dos bairros do Pinheiro, Bebedouro, Mutange e Bom Parto. O diretor da Ademi, Ronald Vasco afirma que houve um aumento substancial na demanda por imóveis. “Tivemos um aumento em torno de 30% a 40%. Realmente foi acima da expectativa nossa. Primeiro tem a questão do financiamento, que é fundamental, à medida que se tem um financiamento com juros baixos a quantidade de pessoas que conseguem financiar, que foram incluídas nessa possibilidade que a renda não permitia por conta dos juros maiores, com os juros baixos a quantidade de pessoas que consegue financiar é maior. Isso é uma realidade. Outro fator é que a pandemia mudou os hábitos das pessoas, a questão do home office em várias atividades, gera um desejo por um espaço maior, um apartamento maior com mais conforto, a pessoa fica mais em casa, isso é outro fator importante. E outro fator importante é que quem aplicava dinheiro em investimentos financeiros tem tido retorno menor, porque os juros estão mais baixos, seja em renda fixa, variável ou bolsa de valores. Quem investe tem deixado para investir em imóveis”, diz. Outro fator apontado é a questão do bairro do Pinheiro e região que tem pressionado a demanda consideravelmente, segundo Ronald. “As pessoas ficaram com a necessidade de comprar outro imóvel, a partir de agora mais e mais pessoas vão receber as indenizações. E a pessoa compra um imóvel e quem vendeu acaba também investindo em outro. Infelizmente por uma tragédia, tivemos um aumento na demanda também”, acrescenta. Vasco destaca que campanhas realizadas durante a pandemia têm fortalecido a imagem do setor imobiliário na capital. “Foi uma surpresa para a gente, num primeiro momento causou uma grande ansiedade, porque não sabíamos como o mercado iria reagir, precisamos adaptar as obras, adequar o canteiro de obras. E na parte do comércio já começamos a sentir um aquecimento. Ainda em maio percebemos esse aumento, coincidiu também com uma série de ações que a Ademi vem realizando, como a campanha ‘Imóvel é + negócio’, até porque isso foi importante porque temos um fator de juros baixos, com juros baixos temos maiores condições de atender clientes com renda um pouco menor para ter sua casa própria.  E agora lançamos o Feirão da Casa Própria e vamos lançar o Salão do Imóvel com vários imóveis, desde o padrão popular até o padrão alto. E tudo isso ajuda”, enfatiza. A corretora de imóveis Juliana Elane destaca que incentivos dados pelas instituições financeiras vêm contribuindo para o crescimento na compra de imóveis. “Habitação não parou, a procura inclusive aumentou. Não sei dizer se em todos os Estados foi registrado esse aumento da procura,  mas posso dizer que, aqui em Alagoas,  a construção civil está a todo vapor. a prova disso são os lançamentos de empreendimentos no mercado. Dessa forma percebe-se que as empresas da construtora civil não se intimidaram com o cenário,  justamente pelo fato da procura ter aumentado. Outro detalhe que ajudou nesse aumento é o programa do governo atual de carência e pausa de contratos, o brasileiro é resiliente. A pausa nos contratos existentes acaba que incentivando a demanda de compra crescente, porque quem compra na carência, depois pode até solicitar  a pausa de mais 6 meses, ganhando tempo pra começar a pagar. Acreditamos que em no máximo 1 ano e meio a vida estará nos trilhos de novo”, afirma. Sinduscon comemora alta no setor: expectativa é de novos lançamentos O presidente do Sinduscon Alfredo Brêda comemora a alta no setor.  “Aumentou a procura de imóveis e o setor, não só em Alagoas, mas a nível nacional, tem registrado o aumento. Isso está acontecendo em todo o país. De janeiro a junho, em todo o país houve um aumento nas vendas, e agora no mês de julho, em Alagoas, foi o melhor mês do ano em 2020 e melhor que todos os meses de 2019. Só em julho houve um crescimento de 12% em relação ao ano passado”, destaca. Breda aponta que a expectativa é de novos lançamentos imobiliários entre o fim deste ano e fevereiro de 2021. No entanto, o cenário de aumento expressivo gera preocupação para setor, segundo Breda. É que com o aumento na demanda, o estoque de imóveis disponíveis pode sofrer redução drástica. “O que nos preocupa é que desde o ano passado não tivemos grandes lançamentos. No início deste ano foi realizado o censo que apontou para um saldo de 4.300 imóveis novos em estoque em janeiro. Hoje nós temos 3.100, a gente reduziu o estoque em cerca de 30%. Lançamos menos, as compras aumentaram e diminuímos o estoque em 30%. Nós que fazemos o setor temos a preocupação de que falte imóvel em estoque. Tem essa demanda da Braskem, que não é uma demanda reprimida, que está começando agora e a expectativa é que aumente. Estima-se sete mil imóveis. Imagina se todos forem indenizados até dezembro, não teremos esses imóveis disponíveis. Sem contar que o fenômeno que ocorreu em julho e agosto não está relacionado com isso, é uma procura por fatores normais. Nos preocupamos em como vamos garantir, não vamos ter como garantir essa necessidade do mercado”, acrescenta o presidente do Sinduscon. Outro problema enfrentado é com custo de insumos. As altas em materiais como ferragens, aço, cimento, tijolo e areia por exemplo chega a 80% em alguns casos. A previsão é de que a partir do mês de novembro os imóveis já sofram alta nos preços. “Vai aumentar nos próximos 30 dias. Estamos segurando os preços, mas a gente acredita que nos próximos 30 dias teremos que repassar ao consumidor. Você vai comprar cimento teve aumento de 20%, o tubo mais 50%, fio de cobre mais 80%. Não tem como não repassar, infelizmente, a nossa maior tristeza é ter que aumentar, principalmente num momento importante como esse. A gente obrigatoriamente vai ter que repassar pelo aumento de material”, afirma.