Economia

Professor da Ufal publica estudo sobre a reabertura da economia alagoana

Cícero Péricles alerta para os impactos no comércio alagoano até dezembro, com a reabertura das lojas e fim dos programas de auxílio emergencial

Por Ascom Ufal 10/09/2020 17h07
Professor da Ufal publica estudo sobre a reabertura da economia alagoana
Reprodução - Foto: Assessoria
Desde o mês de julho as atividades econômicas suspensas pelo decreto do isolamento social estão sendo liberadas, dentro de um cronograma dividido em cinco fases (vermelha, laranja, amarela, azul e verde) correspondente aos cenários da evolução da pandemia covid-19 em Alagoas. O primeiro decreto de reabertura foi anunciado em 2 de julho e Maceió já se encontra na fase azul, com quase todos os seus segmentos econômicos liberados. Para analisar esse período de retomada, o professor Cícero Péricles Carvalho publicou o estudo “A economia alagoana na etapa de reabertura – julho-agosto”, disponível no site da Feac. Para Cícero Péricles, o que caracteriza este momento de retomada das atividades é a presença do comércio e do setor de serviços, setores mais atingidos pela quarentena. Primeiro, foram as lojas menores do varejo, os serviços básicos da população, como salões de beleza; depois foram os shoppings, as lojas maiores de redes e os magazines, que passaram a movimentar o Centro da capital e as cidades do interior e, na área de serviços, foram reabertos os bares, restaurantes. Esses segmentos se juntaram aos considerados essenciais e que se mantiveram abertos – supermercados, farmácias, postos de gasolina, rede financeira, sistema de saúde público e privado, varejo de material de construção –, restabelecendo o movimento da cidade. Os limites para a economia estão sendo determinados pela permanência da pandemia. As atividades como a administração pública, os eventos artísticos, e a rede escolar levarão um tempo maior para voltar à normalidade. O comércio e os serviços ainda estão com um ritmo menor de atividades. O turismo está se recuperando lentamente devido à queda na demanda. Essa transição na economia, com sua reabertura, é um sinal, segundo o economista, de um cenário de “aparente normalidade”, devido à presença dos mecanismos de defesa da renda e trabalho, que sustentam o consumo e o emprego mesmo num ano de recessão econômica. O professor da FEAC explica que o Auxílio Emergencial está chegando a 1,2 milhão de alagoanos, os pagamentos dos benefícios da Previdência Social asseguram renda a 530 mil famílias, as parcelas do FGTS devem pagar um salário mínimo a 600 mil pessoas, e outras rendas menores, como o seguro-desemprego, garantem essa relativa calma. Somente o Auxílio Emergencial pagou 3,6 bilhões de reais entre os meses de abril e julho. Esses recursos são volumosos e capilarizados, permitindo movimentar quase toda a rede comercial, principalmente o varejo popular – mercadinhos, feiras, padarias, armarinhos, etc. – que têm apresentado resultados positivos, como registra a Secretaria Estadual da Fazenda. Cícero Péricles coloca também que outros programas, como o de manutenção do emprego, têm impactos na economia estadual, na medida que garantem o contrato de 165 mil trabalhadores, que assinaram contratos de suspensão ou de redução da jornada de trabalho e de salário, em troca da permanência no emprego e de uma renda emergencial durante os meses desse contrato. Destacou ainda as linhas emergenciais de crédito, com juros menores e facilidades de pagamento como uma contribuição para a sobrevivência das empresas, assim como os recursos extras transferidos para o Estado e municípios, permitindo um relativo alívio nas contas públicas. “O problema está no final do ano, com o término dessa rede de mecanismos de apoio à economia. A redução do Auxílio Emergencial entre os meses de setembro e dezembro já causará impacto forte no consumo popular, afetando o comércio; o encerramento do programa de emprego aumentará a taxa de desemprego muito fortemente; a reprogramação das linhas de crédito, principalmente as dirigidas as micro e pequenas empresas, causarão problemas a essas empresas e a descontinuidade das transferências compensatórias para Prefeituras e Estado ampliará as dificuldades da máquina pública”, alerta o economista.