Economia

Ibovespa fecha agosto abaixo de 100 mil pontos

Nos EUA, S&P 500 renovou máximas históricas consecutivamente

Por Reuters 31/08/2020 18h37
Ibovespa fecha agosto abaixo de 100 mil pontos
Reprodução - Foto: Assessoria
O Ibovespa teve em agosto a primeira queda mensal desde março, com o front fiscal limitando os efeitos de estímulos monetários, principalmente nos Estados Unidos, que levaram Wall Street a novas máximas recordes. Em meio a discordâncias públicas entre o presidente Jair Bolsonaro e a equipe econômica sobre benefícios fiscais, bem como movimentos do governo no sentido de buscar apoio no Congresso, cresceram as receios sobre o compromisso do governo com o teto de gastos, bem como os ruídos envolvendo a permanência do ministro da Economia, Paulo Guedes, na pasta. Nesta segunda-feira, projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) mostrou que o governo espera um rombo primário para o governo central em 2021 de 233,6 bilhões de reais, ante déficit de 149,61 bilhões de reais estipulado em abril, no projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO). Agosto também foi marcado por uma bateria de resultados corporativos, com os balanços de muitas empresas refletindo os efeitos econômicos da pandemia de Covid-19, como áreas, shopping centers e bancos, enquanto nomes nos setores de ecommerce, proteínas e commodities mostraram-se resilientes. No cenário externo, a decisão do Federal Reserve adotar uma nova estratégia de política monetária baseada numa taxa de inflação média nos Estados Unidos foi o principal destaque, em um momento no qual o ambiente de juros baixos na maior economia do mundo tem respaldado apetite a risco a apesar do quadro econômico ainda complicado por causa do novo coronavírus. Nos EUA, o S&P 500 renovou máximas históricas consecutivamente e, embora tenha encerrado a segunda-feira com recuo marginal, registrou o melhor agosto desde 1986. Na visão do analista-chefe e fundador da casa de análise Suno, Tiago Reis, a bolsa no Brasil teve uma performance abaixo da média global em razão da complexa situação política e fiscal do país. Ele acrescentou, contudo, que a queda do Ibovespa em agosto pode ser encarada como algo perfeitamente normal. “É preciso lembrar que ainda estamos em uma situação de pandemia, com projeção para este ano de queda histórica do PIB, déficit fiscal elevado”, afirmou, ressaltando que, mesmo nesse cenário, algumas ações atingiram máximas históricas e que, desde as mínimas do ano o Ibovespa soma valorização em torno de 60%. Do ponto de vista gráfico, o analista da Clear Corretora Fernando Góes afirmou que a perspectiva do Ibovespa para setembro é de manutenção de um mercado “lateral”, perdendo um viés de alta que tinha, mas que ainda não entrou em venda. “Acredito que levará um pouco mais de tempo para sairmos da linha entre 99 mil e 105 mil pontos, onde o mercado está consolidado. Só teremos uma mudança de cenário se rompermos esses níveis... Por enquanto, existe mais chance disso acabar para cima, mas quanto mais tempo demorar, menor a confiança de rompimento dos 105 mil”, afirmou. Nesta segunda-feira, o Ibovespa fechou em queda de 2,72%, a 99.369,15 pontos, encerrando agosto com perda de 3,44%. No ano, o declínio alcança 14,07%.