Economia

Turismo: setor registra prejuízo de quase R$ 7 bilhões no mês de abril

Setor nacional sofreu queda de 55,4% no faturamento em comparação ao mesmo período do ano passado

Por Claudio Bulgarelli – Sucursal Região Norte 24/06/2020 10h09
Turismo: setor registra prejuízo de quase R$ 7 bilhões no mês de abril
Reprodução - Foto: Assessoria
Após ser intensamente prejudicado pela crise do novo coronavírus, o setor de turismo, mesmo começando a organizar a retomada pós-pandemia, apontando uma tendência neste ano de que o público procure mais por destinos regionais, locais de contato com a natureza e que propiciem momentos em família, o turismo brasileiro sofreu queda de 55,4% no faturamento de abril em relação ao mesmo período do ano passado, maior retração desde 2011. Além disso, o setor no país teve o menor faturamento já registrado, com um prejuízo de R$ 6,76 bi em relação ao mesmo período do ano passado. O quadro negativo foi apresentado para todos os setores da cadeia produtiva do turismo nacional através de um levantamento feito pelo Conselho de Turismo da Fecomércio de São Paulo e foi projetado em números divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Atividades Foram seis as atividades pesquisadas, sendo que cinco registraram baixa em seu faturamento real no comparativo anual, com destaque para transporte aéreo (-79,2%) e serviços de alojamento e alimentação (-65,6%). No acumulado do ano, a queda até o mês de abril foi de 18,3%. De acordo com a Fecomércio-SP, não há expectativa de retomada do segmento em curto prazo. O Conselho orienta, no entanto, que ao lidar com o vírus ainda em circulação e as rendas retraídas pela crise econômica, os consumidores estarão resistentes às viagens e se concentrarão nos gastos em serviços essenciais. O setor aéreo, por exemplo, já sinalizou que a expectativa para 2021 é de metade da demanda que havia antes da pandemia. A Federação recomenda também que empresas que atuem nessa área e estejam registradas no Cadastur utilizem os recursos que foram disponibilizados pelo Fundo Geral do Turismo, ligado ao Ministério do Turismo. Os prazos de carência para amortização são de 12 a 48 meses, com taxa de juros de 5% a.a. mais a taxa do INPC. Sebrae Alagoas As perspectivas e os protocolos para a retomada da atividade econômica foi o tema do webinar que o Sebrae em Alagoas realizou no último dia 17 de junho. O evento online teve a participação dos economistas e professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) Chico Rosário, Reynaldo Rubem e Cícero Péricles, e ainda o analista técnico da Unidade de Competitividade do Sebrae Nacional, Rafael Moreira. O diretor técnico do Sebrae em Alagoas, Vinícius Lages, foi o mediador das discussões. No início do webinar, ele frisou os impactos da crise do novo coronavírus na economia. “Nós temos, sem dúvida, uma das crises mais importantes da nossa geração. Além de afetar a saúde pública, é uma crise que gera efeitos na economia. As restrições das atividades econômicas e o isolamento social têm provocado impactos significativos no ponto de vista da renda e da arrecadação, impactos na bolsa, falência, inadimplência e desemprego”, destaca o diretor técnico. O analista da Unidade de Competitividade do Sistema Sebrae, Rafael Moreira, destacou os efeitos da crise no funcionamento dos negócios e na vida do consumidor. “O Sebrae tem tentado verificar qual é o impacto da crise nos pequenos negócios, que são mais de 95% dos negócios brasileiros e, normalmente, são os que mais sofrem os seus efeitos. Essa crise afeta tanto a oferta quanto a demanda. Temos empresas que não podem operar e uma renda que está sendo deprimida”, afirma. 56% das empresas não estão preparadas para a nova realidade O analista da Unidade de Competitividade do Sistema Sebrae em Alagoas, Rafael Moreira destacou os efeitos da crise no funcionamento dos negócios e na vida do consumidor. “O Sebrae tem tentado verificar qual é o impacto da crise nos pequenos negócios, que são mais de 95% dos negócios brasileiros e, normalmente, são os que mais sofrem os seus efeitos. Essa crise afeta tanto a oferta quanto a demanda. Temos empresas que não podem operar e uma renda que está sendo deprimida”, afirma. O analista apresentou alguns dados da pesquisa mais recente sobre os impactos da pandemia de coronavírus nos pequenos negócios, realizada virtualmente pelo Sistema Sebrae de 30 de abril a 5 de maio. De acordo com a pesquisa, as pequenas empresas brasileiras passaram por um processo acelerado de transformação digital e o uso das ferramentas digitais, tanto para vendas quanto para a gestão do negócio, aumentou durante a pandemia. No entanto, segundo a pesquisa, 56% das empresas não estão completamente preparadas para a nova realidade. A pesquisa completa pode ser acessada em www.datasebrae.com.br/corona . Oportunidades Para o economista e professor da Ufal, Chico Rosário, a pandemia está desafiando a economia, mas, ao mesmo tempo, está provocando novas oportunidades de negócio. “A pandemia é um problema global que tem impacto enorme nos países mais pobres e a política pública é, hoje, um dos principais motores dessa retomada. Agora, as pessoas vão tentar ver quais são as estratégias que estão dando certo, neste momento de instabilidade e incertezas, para testá-las. A gente vai poder olhar para o futuro e tentar, já a partir de agora, mudar algumas coisas. Tudo que estiver ligado ao setor da saúde e bem-estar estará em um espaço de mudança e recombinação de recursos”, argumenta. O economista defende que, apesar de desafiador, o momento é oportuno para mudanças estratégicas na atuação dos negócios. “O aumento do custo de desinfecção e sanitização de ambientes, além do redimensionamento dos estabelecimentos, como restaurantes, são alguns dos desafios, mas as empresas precisam aprender rapidamente, fazer uma transformação radical no modelo de negócio e identificar o cliente-alvo, que pode ter outras prioridades. Atualmente, muitas empresas estão tomando empréstimo para colocar recursos em negócios que não vão mais voltar na reabertura da economia porque já não têm mais fôlego”, coloca. Para o economista Reynaldo Rubem, que também é professor da Ufal, além de afetar a economia e provocar um cenário de instabilidade no mercado, a crise está agravando as desigualdades sociais. “A crise surpreendeu pela intensidade, tanto do ponto de vista do fluxo de comércio quanto do ponto de vista da taxa de desemprego. E não é o distanciamento social que está provocando a crise, mas o fato de estarmos vivendo uma crise sanitária que obriga o distanciamento, causando impactos econômicos e sociais”, ressalta. De acordo com o economista e professor da Ufal, Cícero Péricles, ainda é cedo para discutir, precisamente, o cenário econômico dos próximos meses, mas é possível fazer algumas previsões sobre a situação da pandemia no país. “Não dá para discutir o futuro no sentido objetivo, ninguém sabe o que vai acontecer em julho e agosto, por exemplo. Mas, no próximo trimestre, ou seja, de julho a outubro, como em vários países do mundo, seguramente a pandemia entrará em sua fase decrescente, pelo menos, ou já estará sob controle”, defende. O conteúdo completo do evento digital já está disponível para visualização no canal oficial do Sebrae Alagoas no YouTube.