Economia

Pandemia tirou 30% da arrecadação de Alagoas

Recursos federais não cobrirão perdas de ICMS no estado

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 19/05/2020 08h19
Pandemia tirou 30% da arrecadação de Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Os 60 dias com medidas de isolamento no estado para combater a pandemia de covid-19 tiraram 30% da arrecadação de Alagoas. O percentual foi anunciado ontem pelo governador Renan Filho (MDB) durante inauguração de uma central de triagem no bairro do Benedito Bentes, na parte alta de Maceió. “Já temos queda real [arrecadação], em março e em abril e, de novo em maio, em torno de 30%. A recomposição do Governo Federal será de 70% disso. Isso implica que Alagoas aperte o cinto para fazer investimos em saúde”, relata o governador. Ainda de acordo com ele, os recursos federais só devem cobrir cerca de 70% das perdas locais de arrecadação. “Todas as perdas da pandemia não serão compensadas. Tudo que a Governo Federal enviar será menor que nossa própria arrecadação, se não tivesse a pandemia. Esse auxilio emergencial vai recompor em Alagoas apenas 60%, 70 %, da nossa receita. Mesmo com o auxílio, teremos receita menor que 2019”, completa Renan Filho. George Santoro, titular da Sefaz, reforça a fala do governador. À Tribuna, ele destaca a perda de 30% de receita este mês e que “o projeto do Governo Federal não vai repor totalmente os recursos, mas apenas uma parte, então os estados estão fazendo o dever de casa, reduzindo despesas para conseguir se adequar ao novo cenário financeiro devido a pandemia da covid-19”. AUXÍLIO Alagoas deve receber cerca de R$ 1 bilhão do auxílio emergencial a estados e municípios, para reposição de perdas de arrecadação de ICMS e ISS. Desse bilhão, cerca de R$ milhões devem cair diretamente nos cofres estaduais, enquanto R$ 440 milhões restantes viriam como aporte à saúde, sendo sua maioria em suspensão do pagamento de dívidas com a União e com a Previdência Social, a serem incluídas no estoque da dívida e pagas posteriormente de maneira fracionada. CENÁRIO PREOCUPANTE O percentual de perda de receita dita pelo governador Renan Filho, para o economista Rômulo Sales, preocupa. “De certo que a perda na receita é considerável. Uma redução nessa magnitude realmente preocupa. “Nosso estado é recebedor liquido de transferências federais, somos dependentes dessa ação do Governo Federal. Nossa indústria contribui muito pouco com o PIB estadual, nos deixando quase reféns do setor de comercio e serviços, que está sendo mais afetado pelo isolamento social. Acredito que os repasses emergenciais irão dar um alivio, mas não irão resolver o problema”, comenta. “Essa queda na receita do estado significa, também, queda na receita do setor privado. A saúde do primeiro, salva a saúde do segundo”, completa o economista. Sobre o “alívio” que o auxílio emergencial pode dar à economia de Alagoas, Rômulo Sales ressalta que isso se dará porque os recursos serão direcionados ao consumo. “Não vai ficar nada represado. vai injetar recursos diretamente no setor de comercio e serviços. Vai dar um alívio”, explica o economista.