Economia

‘Convergência setorial é solução para economia’

Avaliação é de Antonio Pinaud, ex-secretário de Desenvolvimento Social e diretor-presidente da Desenvolve, ao tratar do cenário de saúde e economia

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 17/04/2020 07h44
‘Convergência setorial é solução para economia’
Reprodução - Foto: Assessoria
Por causa da batalha para vencer a pandemia do coronavírus, muitos já pensam como será o mundo após esta crise, uma vez que a economia sofre revés por causa das medidas de contenção do vírus. Para Antonio Pinaud, ex-secretário de Estado da Assistência Social e ex-presidente da Agência de Fomento de Alagoas (Desenvolve), o horizonte para reerguer a economia está na convergência setorial. A ideia, segundo ele, é a necessidade de ir além da intersetorialidade na busca por otimização de ações, com redução de custos e mais velocidade nas ações, tanto para o setor privado quanto para o serviço público. “A convergência setorial será altamente potencializada. Primeiro, por uma questão econômica, não tem dinheiro. Dois, vai surgir a necessidade de associativismo e cooperativismo. Vai surgir as conexões e convergências necessárias. Qual a diferença entre a convergência e uma simples intersetorialidade? É quando se faz uma convergência de setores, ocorre a inovação. Quando se converge, obrigatoriamente tem de trazer a tecnologia e a economia criativa, a cultura”, explica Antonio Pinaud à Tribuna. “Não consigo ver outro caminho, tanto para a gestão pública quanto para a iniciativa privada”, completa. Como exemplo na gestão pública, o ex-presidente da Desenvolve aponta a relação entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único da Assistência Social (SUAS). “Um exemplo na gestão pública é a relação entre o SUS e o SUAS. Esses sistemas não se conversam no município, que é onde tem o protagonismo de ações. Uma criança ou gestante que precisa de suporte, vai o SUS faz uma ação, vai o SUAS e faz uma ação. Tudo desintegrado. O SUS pode ser gestionado por um equipamento do SUAS, que é o CRAS”, explica. “Precisamos ter velocidade nas ações, diminuir custos, usar o máximo de criatividade e conseguir o máximo de inovação. Isso só com a convergência setorial”, afirma Antonio Pinaud. Já na iniciativa privada, o especialista em Gestão Estratégica pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cita as casas de farinha, comuns no Nordeste e em Alagoas. “Você pode ter convergência setorial nas casas de farinha até o ponto de termos um museu da farinha, por exemplo. Veja, quando as pessoas vão a Gramado, elas visitam museus com a história do chocolate. Então por que turistas não podem ir ao Agreste e visitarem museus sobre a história da farinha?”, ilustra. Num texto de sua autoria que circulou nas redes sociais, Antonio Pinaud descreve a convergência setorial como “uma boa lógica e ferramenta de mudanças dos modelos de negócios e perfis profissionais, visto que a atuação convergente quebra as barreiras entre setores e profissões, seus produtos, serviços e soluções, promovendo uma atuação sistêmica e não fragmentada”, diz. “A convergência setorial promove a integração entre setores econômicos que muitas vezes não se enxergam como parceiros, mas podem ser complementares e correlatos. Se integrados, é possível alavancar a cadeia de valor das empresas por meio das inter-relações e cooperação, com foco na criatividade, inovação, melhoria de processos, marca, produtos e serviços”, completa.