Economia

Comércio apela para vendas on-line

Em Maceió, aplicativos são ferramentas para ajudar pequenos empreendedores no isolamento por conta do coronavírus

Por Tribuna Independente com Lucas França 21/03/2020 14h00
Comércio apela para vendas on-line
Reprodução - Foto: Assessoria
Com a diminuição do fluxo de pessoas e consequentemente quedas nas vendas, donos de estabelecimentos de vários seguimentos tanto da parte alta quanto da baixa de Maceió, estão usando a internet através de aplicativos de entregas, de mensagens instantâneas e até as redes sociais como a grande ferramenta para garantir a entrada de recursos financeiros e fidelização de seus clientes. A ideia dos pequenos  empresários é seguir as recomendações dos órgãos de saúde - com isolamento social por conta do novo coronavírus (Covid-19), sem necessariamente parar de vez com as atividades de seus pontos comerciais. Eles dão opções para que o cliente possa fazer suas compras com maior conforto e segurança. Eles não suspenderam as atividades nas lojas, mas estão seguindo algumas recomendações e protocolos. Uma loja de suplementos, por exemplo, que tem sede na antiga Bomba do Gonzaga, no Tabuleiro dos Martins e no Conjunto Graciliano Ramos,  foi intensificadas as vendas via aplicativo de mensagens e redes sociais, com promoção de entrega grátis na compra a partir de R$ 50, em toda Maceió. Por lá, os pedidos e entregas em domicílio não param. “Ainda tem muito cliente vindo na loja. Mas, para garantir a segurança deles e dos funcionários estamos intensificando o protocolo de higiene várias vezes por dia com limpeza das prateleiras, maçanetas, máquinas de cartão, computador e etc. Como também disponibilizando o álcool em gel na entrada das lojas’’, disse uma das proprietárias Patrícia Virtuoso. Aumento Além disso, Patrícia conta que os pedidos via redes sociais aumentaram nos últimos dias. “As entregas de fato aumentaram bastante - já trabalhávamos com a divulgação e pedidos vias nossas redes socais, mas agora intensificamos para levar mais segurança aos clientes. Inclusive, os entregadores também segue o protocolo, sempre com álcool em gel na bolsa e uso de máscaras caso haja necessidade. Além disso, por conta do momento, estamos fazendo as entregas em toda Maceió totalmente grátis. Também tem a opção de fazer a transferência do valor da compra para que não precise pegar no dinheiro ou usar o cartão de crédito, e tem muitos que estão preferindo essa opção”, diz. Na parte baixa de Maceió, vários estabelecimentos estão seguindo esse  mesmo formato. A dona de uma loja de roupa e acessórios femininos, Letícia Pimentel ressalta que já tinha o hábito de vender através das redes sociais, mas que agora intensificou. “Já tínhamos esse perfil de vender muito através das redes. Mas, agora intensificamos e começamos a focar nossas postagens e publicações visando  toda essa questão do isolamento social e consequentemente queda em nossas vendas na loja física”. Pimentel relata ainda que desde as primeiras recomendações para que as pessoas saíssem menos de casa, foi visível a diminuição de pessoas tanto na loja quanto circulando próximo. “Agora, com esse novo decreto a situação piora. Houve a queda em vendas e até no fluxo de pessoas nas redondezas. Mas, estamos tentando manter o foco e sobre tudo sempre manter contato com nossos clientes através das redes sociais e vendas online”. No interior, planejamento para não “quebrar” Com o novo decreto do Governo de Alagoas divulgado na sexta-feira (20), informando a situação de emergência e intensificando as medidas para a contenção e o enfrentamento ao coronavírus, proprietários de estabelecimentos comerciais do interior do estado também iniciaram seus planejamentos para não “quebrar” de vez durante esse período de crise com a pandemia. As medidas estabelecem o fechamento por 10 dias de bares, restaurantes, lanchonetes e estabelecimentos comerciais similares. Estão suspensos o funcionamento de shoppings centers, galerias comerciais e estabelecimentos similares com exceção de supermercados, farmácias e estabelecimento que prestem serviços de saúde. Apesar da medida não afetar diretamente donos de mercadinhos, os proprietários estão tendo mais cautela no atendimento e com o público interno - os funcionários. “Aqui em União dos Palmares ainda não teve registro de casos suspeitos e nem foi confirmado nenhum indivíduo com o coronavírus. Mas, intensifiquei meus serviços de entregas e divulgação de produtos nas redes sociais. Antes era feito na rede social do estabelecimento, agora fazemos em nossas particulares. Focando sempre na promoção e serviços de entrega em toda cidade para que a pessoa não precise se deslocar e acabar criando aglomeração’’, explica o proprietário de um mercadinho da cidade, Josival Gomes. Em Paulo Jacinto, região da Zona da Mata alagoana, os lojistas e donos de pontos comercias de vários seguimentos também estão usando as ferramentas online para continuar com suas atividades. “Estamos com horários reduzidos e ficaremos só com a porta principal aberta pela metade, e nosso funcionamento será mais por entregas em domicílio para evitar aglomeração e garantir a saúde de nossos clientes’’, explica a vendedora Letícia Lima, de uma loja de conveniência. Centro A reportagem da Tribuna Independente esteve na tarde da sexta-feira (20), no Centro de Maceió. Por lá não foi difícil constatar que muitos estabelecimentos estavam de portas fechadas logo cedo. E outros com poucas pessoas no interior. A vendedora Nilda da Silva conta que os funcionários foram liberados às 16h pela falta de procura dos produtos oferecidos e a movimentação de pessoas. “A Loja estava parada. A situação é preocupante. As pessoas estão de fato com medo de ir às ruas, nunca tinha visto antes. Acredito que está todo mundo em pânico, e tem que ser de fato dito o que está acontecendo. Está muito pesada a situação e o comentário entre os funcionários de várias lojas. Será que de fato precisa desse isolamento? Tomando as medidas cabíveis seria possível continuarmos com nossa rotina? Vale explicar que essa doença é mais perigosa para pessoas do grupo de risco”, questiona, afirmando que pensa assim por conta que ao final muita gente vai perder o emprego, pois as lojas, os pequenos empresários não têm como ficar muito tempo parados sem as atividades. Centro: Aliança Comercial diz que fluxo caiu 20% A Aliança Comercial de Maceió já começou a registrar queda no número de pessoas circulando no Centro antes mesmo do decreto. A diminuição já havia iniciado quando o Ministério da Saúde (MS), recomendação as pessoas que ficassem em casa. De acordo com a entidade, a redução do número de pessoas foi de 20%  só entre os dias 17 e 18 de março. E a tendência é a de que esse percentual cresça ainda mais nos próximos dias. “A diminuição no fluxo de consumidores no centro da capital já era esperado devido às recomendações dos órgãos de saúde para evitar aglomerações, nós já sabíamos que cairia o fluxo, mas sentimos essa queda rapidamente de um dia para o outro” disse Guido Júnior,  presidente da Aliança Comercial de Maceió. Impacto O economista Emanuel Lucas disse que o impacto econômico  no estado deve ser simular ao mundial com perda de até 5% do Produto Interno Bruto (PIB) segundo o Banco Mundial. “Ainda não temos como estimar financeiramente as perdas para Alagoas, mas pelas proporções e cálculos que já tem a nível nacional e global, a queda deve ser simular por está dentro do contexto global da economia. Os principais setores afetados em Alagoas serão o de comércio e de serviços por conta destas restrições impostas com o isolamento social. Mas, pode ser minimizados a partir de medidas do Governo Federal e estadual, como por exemplo, o adiantamento do décimo terceiro - que pode dinamizar. Outros problemas são os gastos na área de saúde que irá aumentar e deve ter algo para dinamizar também isso e equilibrar”, explica o economista. Para o especialista, o que preocupa no momento são os trabalhadores informais. “Mas, agora do ponto de vista do PIB de Alagoas, ela é dependente do setor de comércio e serviço, além da agricultura. Sem contar que tem a restrição de turismo que vai fazer circular menos recursos na economia. Mas, a perda maior é para os pequenos empresários e trabalhadores informais. Ou seja, tem que haver políticas públicas para esses trabalhadores que não tem seguridade social ou outros meios de sobrevivência, eles são os mais afetados”, avalia Emanuel.