Economia

Dólar bate recorde acima de R$4,38, mas fecha em queda após BC atuar via swap

Força do dólar logo no começo do pregão ocorreu na esteira de mais um dia sólido para moeda no exterior

Por Reuters 13/02/2020 17h25
Dólar bate recorde acima de R$4,38, mas fecha em queda após BC atuar via swap
Reprodução - Foto: Assessoria
O dólar fechou em queda moderada ante o real nesta quinta-feira, após o Banco Central realizar a primeira injeção líquida de moeda via swaps cambiais em um ano e meio, depois de a cotação ter disparado logo no começo dos negócios e batido novo recorde histórico acima de 4,38 reais na venda. A força do dólar logo no começo do pregão ocorreu na esteira de mais um dia sólido para a moeda no exterior, mas no Brasil teve como pano de fundo comentários feitos na véspera pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, em que voltou a defender um câmbio depreciado. Poucas horas depois, questionado sobre o movimento do câmbio e o potencial efeito dos comentários de Guedes, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, repetiu em entrevista à GloboNews que a desvalorização do real tem acontecido sem aumentos de prêmios de risco e que o importante para o BC é como isso afeta as expectativas de inflação, que, reiterou, estão ancoradas. Estrategistas do Morgan Stanley avaliaram que a recente depreciação do real esteve ligada à percepção de que o BC estava “confortável” com o atual patamar de câmbio —entendimento reforçado pelas falas tanto de Campos Neto quanto de Guedes na noite da véspera. Na outra ponta, na manhã desta quinta, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a cotação do dólar está “um pouquinho” alta. O dólar chegou a acumular alta de mais de 8% ante o real em 2020, o que faz do real a moeda de pior desempenho entre 33 rivais do dólar neste ano. Mas o Morgan Stanley também avaliou que o BC provavelmente se tornaria mais “proativo” em caso de aumento da volatilidade. De fato, a volatilidade implícita de três meses para opções de dólar/real chegou a flertar com máximas do ano nas últimas sessões. Até mesmo o cupom cambial —uma medida da liquidez do mercado— voltou a subir nas últimas sessões, evidência de um maior grau de nervosismo do mercado. “Com a intervenção do BC, o real deve voltar a operar mais em linha com seus pares”, disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil. Por volta de 10h, quando o dólar bateu 4,3840 reais na venda —novo pico histórico intradiário—, o Banco Central anunciou oferta líquida de até 20 mil contratos de swap cambial tradicional —derivativos que funcionam como uma venda de dólar no mercado futuro. O BC colocou todo o lote ofertado, no equivalente a 1 bilhão de dólares. Desde agosto de 2018 a autoridade monetária não fazia tal operação. Naquele mês, o BC vendeu um total de 1,5 bilhão de dólares nesses ativos. Veja gráfico da variação do estoque de swaps cambiais tradicionais. Valores positivos indicam venda líquida desses contratos. O dólar à vista fechou em baixa de 0,34%, a 4,3356 reais na venda. Na máxima do dia, alcançada na primeira hora de pregão, a divisa alcançou 4,3840 reais na venda, novo pico histórico intradiário. Na B3, o contrato futuro de maior liquidez tinha queda de 0,22%, a 4,3490 reais.