Economia

Dólar vai a máxima em 6 semanas depois de superar R$4,20 com demanda por segurança

Dólar sobe 4,44% ante o real neste ano, o que coloca a divisa brasileira na lanterna entre 33 rivais neste ano

Por Reuters 16/01/2020 17h29
Dólar vai a máxima em 6 semanas depois de superar R$4,20 com demanda por segurança
Reprodução - Foto: Assessoria
A tentativa de alívio no mercado de câmbio não se sustentou, e o dólar voltou a fechar em alta nesta quinta-feira, depois de superar os 4,2000 reais pela primeira vez desde o começo de dezembro, com operadores ainda à espera de sinais mais concretos de melhora da economia e de retorno de ingressos de recursos. No mercado à vista, o dólar subiu 0,15%, a 4,1912 reais na venda. É o nível mais alto para um encerramento de sessão deste 4 de dezembro de 2019 (4,2023 reais na venda). Na máxima, a cotação foi a 4,2020 reais na venda (+0,41%), depois de mais cedo cair a 4,1604 reais na venda (-0,59%). “O real está tendo uma piora significativa em relação aos pares, indo para o pior momento em muito tempo. Como posição em pré (prefixado) é mais difícil de zerar, as pessoas acabam comprando dólar”, disse Renato Botto, gestor sênior na Absolute Investimentos. Os juros futuros de um dia negociados na B3 subiram forte nesta sessão. Luis Laudisio, operador da Renascença, citou expectativa de que o Tesouro Nacional faça ampla oferta de prefixados, especialmente com vencimento em 2031, o que acabou colaborando para aumento de prêmios na curva a termo. O dólar sobe 4,44% ante o real neste ano, o que coloca a divisa brasileira na lanterna entre 33 rivais neste ano. Analistas têm repetido que a taxa de câmbio tem sido pressionada neste começo de ano por sinais em série de perda de vigor da atividade econômica. O IBC-Br de novembro, divulgado mais cedo, até veio melhor que o esperado, mas o dado de outubro foi revisado para baixo, o que frustrou parte da leitura positiva do indicador. Quanto menos ímpeto para a atividade, menor chance de retorno de fluxos de investimento estrangeiro, o que pega o país num quadro de carência de fluxo cambial. No ano passado, mais de 44 bilhões de dólares deixaram o Brasil, em termos líquidos, considerando o movimento de câmbio contratado. Foi o pior desempenho anual da história. “Estou zerado”, disse o profissional de uma grande gestora em São Paulo, explicando posição mais defensiva de um começo de ano mais fraco para os mercados domésticos. A recuperação do dólar ante o real nesta sessão também foi alavancada pelo exterior, onde a moeda dos EUA também ganhava terreno depois de firmes dados da economia norte-americana. O índice do dólar frente a uma cesta de divisas subia 0,09% no fim da tarde, depois de cair mais cedo ao menor patamar em uma semana.