Economia

Ibovespa fecha em alta e recupera 117 mil pontos; Vale retoma preço pré-Brumadinho

Giro financeiro da sessão somou 21,9 bilhões de reais

Por Reuters 14/01/2020 00h56
Ibovespa fecha em alta e recupera 117 mil pontos; Vale retoma preço pré-Brumadinho
Reprodução - Foto: Assessoria
O Ibovespa encerrou uma série de seis pregões de queda e subiu nesta segunda-feira, apoiado principalmente no forte avanço dos papéis da Vale, que zeraram perdas acumuladas após o desastre de Brumadinho há cerca de um ano, e na recuperação dos bancos. Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou com acréscimo de 1,58%, a 117.325,28 pontos. O giro financeiro da sessão somou 21,9 bilhões de reais. Nos seis pregões anteriores, o Ibovespa acumulou declínio de 2,6%, com agentes financeiros atribuindo a fraqueza das ações principalmente a movimentos de acomodação após forte valorização em 2019 (+31,6%) e principalmente em dezembro (+6,8). Na visão do gestor Henrique Bredda, sócio na Alaska Asset Management, tal sequência de quedas, mesmo que tímidas, vira uma janela de oportunidade para a compra de ações, uma vez que o ambiente de juros no Brasil torna inevitável a migração dos recursos para ativos de risco, como a bolsa. “Investidores principalmente locais serão obrigados a entrar na bolsa por uma questão de sobrevivência, uma vez que investimentos tradicionais como os atrelados ao CDI ficam sem apelo, sem retorno real quando expurgados impostos e inflação”, argumentou. Perspectivas de transformações regulatórias e concorrenciais para o setor bancário brasileiro também ajudaram a explicar a debilidade do Ibovespa no começo do ano, dada a elevada participação dos papéis de bancos na composição da carteira, assim como o aumento da tensão geopolítica com a crise EUA-Irã. Para o gestor Ricardo Campos, sócio-fundador da Reach Capital, nesse contexto, investidores adotaram uma postura mais comedida, receosos quanto a uma realização de lucros relevante na bolsa, que não se confirmou. E o mercado voltou a comprar, dado que o cenário segue favorável, acrescentou. “Nesse começo de ano, também ficamos para trás em relação a outros mercados emergentes e hoje estamos recuperando um pouco”, acrescentou. O índice MSCI de ações de emergentes acumulava até a sexta-feira alta de 1,7% em 2020, enquanto o MSCI das ações do Brasil cedia 1,4%. Do cenário externo, o S&P 500 renovou máximas históricas, conforme prevaleceu o otimismo em torno da esperada assinatura da primeira fase de um acordo comercial entre EUA e China, marcada para a quarta-feira, bem como aposta positiva para a temporada de balanço de empresas norte-americanas. DESTAQUES - VALE ON subiu 3,64%, a 55,30 reais, retomando o patamar de preço anterior ao rompimento da barragem de rejeitos de minério de ferro em Brumadinho (MG), em 25 de janeiro do ano passado, que deixou mais de 255 mortos. Analistas do Bradesco BBI reiteraram recomendação ‘outperform’ para os ADRs da empresa, com preço-lavo de 21 dólares, avaliando que a Vale passará por uma importante reavaliação para baixo de risco em 2020, o que impulsionará as ações. Em relatório, o Credit Suisse também adotou tom positivo nas perspectivas para o minério de ferro no primeiro semestre, argumentando entre os fatores que os estoques da China terminaram 2019 em níveis muito baixos. No setor, CSN ON subiu 6,05%, GERDAU PN avançou 4,3% e USIMINAS PNA ganhou 4,38%. - ITAÚ UNIBANCO PN fechou em alta de 1,3%, em dia de recuperação após seis pregões de baixa, com o setor bancário sofrendo no começo de ano com preocupações sobre mudanças regulatórias e potencial aumento na competição. BRADESCO PN valorizou-se 1,07%. BANCO DO BRASIL ON, que recuou no começo da sessão, terminou com acréscimo de 1,12%. - VIA VAREJO ON disparou 8,55%, a 12,70 reais, cotação recorde e entre os maiores volumes do dia. A ação ‘caiu na graça’ dos investidores em 2019, diante de um prognóstico de transformação após a mudança no comando da varejista, recuperado pela família fundadora. No ano passado, o papel acumulou alta de 154%. Um ano antes, contabilizara perda de 44,6%. Entre os acionistas, estão fundos da XP. No setor, MAGAZINE LUIZA ON avançou 4,69% e B2W ON subiu 3,58%. - PETROBRAS PN teve variação positiva de 0,2%, enquanto PETROBRAS ON cedeu 0,03%, em dia de fraqueza dos preços do petróleo no exterior. - SUL AMÉRICA UNIT e BB SEGURIDADE ON recuaram 2,27% e 0,74%, tendo no radar expectativas atreladas a negociações em curso da Caixa Econômica Federal para parcerias na área de seguros, além da própria oferta inicial de ações (IPO) da unidade de seguros do banco estatal aguardada para entre março e abril. - BRASKEM PNA fechou em queda 1,31%, abandonando ganhos da manhã. A petroquímica avisou na sexta-feira que o montante aproximado de 3,7 bilhões de reais foi restituído ao caixa da companhia após acordo com autoridades de Alagoas, sendo que 1,7 bilhão de reais foi transferido para uma conta bancária da Braskem específica para o custeio de programa de compensação financeira e apoio à realocação de famílias. - SABESP ON teve elevação de 4,35%. Em nota a clientes, a XP Investimentos chamou a atenção para a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo no fim de semana sobre o retorno do Brasil ao mapa de investimentos de chineses, mencionando que o grupo China Railway Construction teria interesse em adquirir uma participação relevante companhia paulista de saneamento. - CEMIG PN subiu 2,81%. A energética mineira informou pela manhã que o economista Reynaldo Passanezi Filho foi nomeado como novo diretor-presidente da estatal. Ele assume no lugar de Cledorvino Belini, que havia sido indicado para comandar a empresa em fevereiro de 2019.