Economia

Dólar volta a subir e bate máxima em 3 semanas ante real com demanda por proteção

Divisa doméstica amargou o pior desempenho nos mercados globais de moedas, em meio a incertezas locais e à menor atratividade do real como moeda de rendimento

Por Reuters 15/10/2019 17h25
Dólar volta a subir e bate máxima em 3 semanas ante real com demanda por proteção
Reprodução - Foto: Assessoria
O dólar voltou a subir forte ante o real nesta terça-feira, fechando no maior valor em três semanas, com investidores buscando a moeda norte-americana para proteger posições em outros mercados brasileiros. A divisa doméstica amargou o pior desempenho nos mercados globais de moedas, em meio a incertezas locais e à menor atratividade do real como moeda de rendimento. A performance mais fraca da divisa brasileira neste pregão deu sequência a movimento similar visto desde meados da semana passada, quando o mercado fortaleceu apostas de corte da Selic depois de o Brasil ter registrado inesperada deflação em setembro. Com o cenário inflacionário adquirindo contornos ainda mais benignos, cresce a expectativa de corte de juros, o que por tabela reduz o retorno das aplicações em real, desestimulando atração de capital para a renda fixa. Contratos de juros futuros embutiam nesta sessão 96% de chance de redução de 0,50 ponto percentual na reunião de política monetária do Banco Central no fim de outubro e 86% de probabilidade de alívio na mesma magnitude na decisão de dezembro. A Selic está atualmente na mínima histórica de 5,50% ao ano. Desde 9 de outubro —quando o IBGE divulgou inesperada deflação no Brasil em setembro—, o real se desvalorizou 0,89% ante o dólar (até dia 14), enquanto o índice MSCI para moedas emergentes subiu 0,69% no mesmo período. “O ciclo de cortes de juros no Brasil é um risco de primeira ordem à força do real”, disseram em nota Kamakshya Trivedi e Davide Crosilla, estrategistas do Goldman Sachs. Eles ainda mantêm recomendação comprada (apostando na alta) em real, mas financiada não em dólar ou euro, mas em peso chileno —numa indicação da fragilidade de apostas na moeda doméstica. “De forma geral, os riscos às posições compradas em real aumentaram e as notícias positivas de China-EUA diminuíram algumas pressões sobre o peso chileno”, afirmaram. Dados do BofA mostram que o diferencial de “carry” (retorno) pago pelo real é de pouco mais de 2%, bem atrás do de pares emergentes como peso mexicano (quase 6%), rupia indiana (5%), rupia indonésia (5%), rublo russo (perto de 5%) e rand sul-africano (também próximo de 5%). O dólar à vista subiu 0,89%, a 4,1653 reais na venda, nesta terça-feira. É o maior nível para um encerramento desde 24 de setembro (4,1695 reais na venda). A valorização diária é a mais intensa desde 7 de outubro (+1,17%). Na B3, o contrato de dólar futuro de maior liquidez tinha alta de 1,15%, a 4,1785 reais.