Economia

Braskem decide paralisar exploração de sal-gema e fábricas em Maceió

Companhia não soube precisar como deve ficar a situação de mais de 2.350 trabalhadores que atuam na empresa

Por Carlos Amaral com Tribuna Independente 10/05/2019 08h01
Braskem decide paralisar exploração de sal-gema e fábricas em Maceió
Reprodução - Foto: Assessoria
A Braskem iniciou processo de paralisação da exploração de sal-gema e das fábricas de cloro-soda e dicloretano localizadas no Pontal da Barra, em Maceió. O anúncio foi feito na tarde desta quinta-feira (9) por meio de nota. A decisão é reflexo do laudo da Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), divulgado na última quarta-feira (8), sobre as rachaduras e afundamento dos bairros Pinheiro, Mutange e Bebedouro. A empresa também avalia os impactos da decisão na planta de PVC em Marechal Deodoro, região metropolitana de Maceió, e de suas plantas em Camaçari, no interior da Bahia, “uma vez que estão integradas na cadeia produtiva. A empresa usará todos os padrões de segurança aplicáveis para esse processo”. A empresa volta a afirmar que está tomando todas as medidas para resolver o problema nos bairros maceioenses. “A Braskem vem colaborando com as autoridades na identificação das causas dos eventos com apoio de especialistas independentes. Tendo em vista o compromisso com a segurança das pessoas, a Braskem reafirma que continuará implementando as ações emergenciais na região e avaliará junto aos órgãos competentes a implementação de medidas adicionais”, diz a Braskem. A assessoria de comunicação da empresa não soube informar como ficará a situação dos 2.350 trabalhadores da empresa – “entre integrantes da Braskem e terceirizados diretos” – em Alagoas, se serão demitidos ou entrarão em férias coletivas. PIB A Braskem conta com 32 unidades fabris, sendo 29 no Brasil e três no exterior. Seu faturamento em 2018 foi de cerca de R$ 60 bilhões. Estima-se que seu peso no Produto Interno Bruto (PIB) de Alagoas seja de 20%. Assim sendo, e com dados de 2016 – último do IBGE – o faturamento da empresa em Alagoas, já que a soma do produzido no estado foi de R$ 49,9 bilhões, foi de R$ 9,98 bi. O PIB de Maceió, em 2016, foi de cerca de R$ 20 bi. Sendo assim, a empresa representa quase 50% do produzido na capital alagoana. A reportagem contatou a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz) para saber o peso da empresa na arrecadação de ICMS. Em nota, o órgão diz que ainda avalia o impacto da decisão da Braskem. “Em apertada síntese podemos dizer que a referida empresa possui três unidades em Alagoas: uma produtora de sodo-clora e dicloretano; outra de extração de sal-gema e mais uma de PVC. O anúncio [paralisação] se refere à primeira, que representa cerca de 47% da arrecadação total da empresa. Entretanto, a mesma deverá tomar as medidas tributárias previstas na legislação para o caso de suspensão de atividades. Quanto a questão econômica, ainda estamos avaliando as repercussões diretas e indiretas desta situação”, diz a Sefaz. Para o economista Felippe Rocha, a decisão da Braskem vai afetar a arrecadação de Alagoas e sua capacidade de investimento. Mas a prejuízo, segundo ele, é maior. “Também prejudica do ponto vista socioeconômico por causa dos empregos e da renda gerada”, comenta Felippe Rocha. A Tribuna também contatou a Prefeitura de Maceió, mas até o fechamento desta edição não houve resposta.