Economia

Diesel atinge maior valor nas bombas em 4 meses

Litro do combustível supera R$ 3,63; intervenção de Jair Bolsonaro na Petrobras para impedir reajuste gerou críticas de especialistas

Por R7 14/04/2019 14h02
Diesel atinge maior valor nas bombas em 4 meses
Reprodução - Foto: Assessoria
O preço do diesel S10, usado para o transporte rodoviário, é o mais alto desde meados de dezembro. Nas últimas semanas, o litro está custando mais de R$ 3,63, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis). Na tentativa de evitar mais um reajuste para cima, nesta semana, o presidente Jair Bolsonaro interveio para que a Petrobras segurasse o preço e apresentasse justificativas. A decisão gerou polêmica e fez com que as ações da Petrobras na bolsa despencassem e fechassem a semana com queda superior a 8%. Na visão de Bolsonaro, o reajuste nas refinarias proposto pela Petrobras, de 5,7%, estava acima da inflação nos últimos 12 meses, que é de 4,58%. O preço do diesel não sofre alteração desde 22 de março. A Petrobras se limitou apenas a dizer que "há  margem para espaçar mais alguns dias o reajuste no diesel". No entanto, a petrolífera não tem como base a inflação para reajustar os preços dos produtos, mas sim o preço do barril de petróleo no mercado internacional e a cotação do dólar, moeda em que é negociado. "Esse movimento de pegar o telefone e ligar para o presidente da Petrobras é o pior caminho", disse à agência Reuters o professor e pesquisador do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Edmar de Almeida. O preço do barril de petróleo tipo Brent saltou de US$ 59 para US$ 70 nos últimos quatro meses. Já o dólar comercial saiu do patamar de R$ 3,70 para R$ 3,85. No ano passado, a Petrobras adotou uma política de revisão praticamente diária dos preços da gasolina e do diesel, o que gerou volatilidade no valor encontrado nas bombas e motivou uma paralisação de caminhoneiros em todo o país que durou quase dez dias. O então presidente Michel Temer criou um programa de subvenção do preço do diesel entre junho e dezembro, mas o governo Bolsonaro não deu continuidade. A companhia decidiu espaçar os reajustes. Curiosamente, o movimento do preço médio do diesel nos Estados Unidos foi similar ao brasileiro. Em 17 de dezembro, o galão (3,78 litros) estava custando US$ 3,12. O menor preço registrado desde então foi US$ 2,95; mas na semana passada chegou a US$ 3,09, o maior valor desde dezembro, segundo dados da Administração de Informação de Energia, ligada ao Departamento de Energia dos Estados Unidos. A política de preços nos EUA é a mesma que serviu de modelo quando Michel Temer decidiu, em 2016, que o governo não iria mais intervir nos preços dos combustíveis. A política de preços da ex-presidente Dilma Rousseff havia causado prejuízos bilionários à Petrobras, justamente por segurar repasses quando o valor do barril do petróleo estava em alta. O presidente da Plural, associação que reúne as principais distribuidoras de combustíveis do país, Leonardo Gadotti, destacou em entrevista à Reuters que o mercado "estava comemorando o fato de a Petrobras ter uma política de preços moderna, com alinhamento de preços" e que agora teme a ausência de investimentos. "Traz insegurança para esse mercado, traz insegurança para investidor".