Economia

Brasil tem 62 milhões de consumidores negativados

Crescimento da inadimplência foi de 2,42% no mês de janeiro, aponta indicador CNDL/SPC Brasil

Por Tribuna Independente 13/02/2019 10h03
Brasil tem 62 milhões de consumidores negativados
Reprodução - Foto: Assessoria
Dados apurados pelo Indicador de Inadimplência da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) apontam que cresceu em 2,42%,  o número de consumidores negativados em janeiro. Já o número de dívidas apresentou recuo de 0,29% no mesmo período, embora o volume de pendências continue crescendo em dois setores específicos: o de bancos, com avanço de 2%, e o de água e luz, com aumento expressivo de 14%. Em contrapartida, comércio e comunicação registraram queda de 7%. O presidente da CNDL, José Cesar da Costa, destaca que apesar do avanço da quantidade de devedores, o número médio de dívidas vem caindo. “O problema da inadimplência, que cresceu muito nos anos mais recentes, ainda está longe de resolvido. Mas já se observa uma tendência de acomodação, que pode ser um prenúncio de melhora na capacidade de pagamento das famílias”, explica. “Este cenário só deve mudar quando a retomada da economia for percebida de fato pelos consumidores, ou seja, com a criação de novos empregos e o aumento renda”, observa Costa. 62 milhões Depois de alcançar níveis recordes, estima-se que o país tenha fechado o mês de janeiro com aproximadamente 62,08 milhões de brasileiros negativados, o que representa 40% da população acima dos 18 anos. No Sudeste, região que abriga a maior fatia da população, o número de negativados chegou a 26,5 milhões ou 40% da população adulta local. O contingente também é grande no Nordeste, com 16,7 milhões de inadimplentes ou 41% da população adulta. No Sul são 8,3 milhões de consumidores com CPF restrito ou 36% da população — a menor entre as regiões. Já no Centro-Oeste, o volume de negativados é de 5 milhões. No Norte, os negativados somam 5,6 milhões, sendo a maior proporção adulta local, com 46%. Na avaliação da economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, o consumidor, que agora começa a livrar-se de dívidas atrasadas, deve cuidar para não voltar à inadimplência. “Não é baixo o número de consumidores que, depois de sair do cadastro de negativados, acaba retornando. Isso ocorre porque, em muitos casos, a inadimplência tem origem no mau uso do crédito e da falta de controle das próprias finanças. Nesses casos, é fundamental que haja disciplina para fazer a gestão dos ganhos e dos gastos, além de se reconhecer os limites do próprio orçamento”, orienta a economista. Inadimplência é maior na faixa etária de 30 a 39 anos   Quanto à estimativa por faixa etária, a maior frequência de negativados continua entre os que têm idade de 30 e 39 anos. Em janeiro, mais da metade da população nesta faixa etária (51%) estava com o nome inscrito em alguma lista de devedores, somando um total de 17,6 milhões. Outro destaque é a proporção significativa de inadimplentes com idade de 25 e 29 anos (44%), da mesma forma que acontece na população idosa, considerando-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, em que a proporção é de 33%. Já entre os mais jovens, com idade de 18 a 24 anos, a proporção cai para 17%. Metodologia O indicador de inadimplência do consumidor sumariza todas as informações disponíveis nas bases de dados às quais o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e a CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas) têm acesso. As informações disponíveis referem-se a capitais e interior das 27 unidades da federação. A estimativa do número de inadimplentes apresenta erro aproximado de 4 p.p., a um intervalo de confiança de 95%. Clima econômico O Índice de Clima Econômico do Brasil registrou, em janeiro, o primeiro índice positivo depois de três trimestres com patamar negativo. O Brasil teve a maior alta da América Latina, ao passar de -33,9 pontos para 3,6 pontos, em uma escala de 200 pontos (que varia de menos 100 a 100). Na última pesquisa, feita em outubro de 2018, a pontuação era de menos 33,9 pontos. A última vez que o Brasil tinha registrado uma pontuação acima de zero havia sido em janeiro de 2018 (4,3 pontos). Na média dos últimos dez anos, no entanto, o país ainda registra uma pontuação negativa (menos 9,9 pontos). A pesquisa, realizada pela Fundação Getulio Vargas (FGV), se baseia na avaliação de especialistas de economia do país. O que puxou a melhora do indicador foi o Índice de Expectativas, que registrou 88 pontos em janeiro. Em outubro de 2018, a pontuação era de 25,9 pontos. Já o Índice da Situação Atual, apesar de apresentar melhora, continuou em patamar negativo em janeiro (-56 pontos). Em outubro do ano passado, a pontuação era de menos 77,8 pontos.