Economia

Jair Bolsonaro assina MP de combate a fraudes em benefícios do INSS

Medida tem como foco melhoria da gestão e da eficiência do INSS

Por Reuters 18/01/2019 23h40
Jair Bolsonaro assina MP de combate a fraudes em benefícios do INSS
Reprodução - Foto: Assessoria
O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta sexta-feira a prometida medida provisória contra fraudes, que também traz um endurecimento de regras para concessão de benefícios da Previdência Social, com um impacto positivo estimado de mais de 9 bilhões de reais neste ano. Segundo o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, a medida tem como foco a melhoria da gestão e da eficiência do INSS. Serão redirecionados aproximadamente 300 milhões de reais para o exercício desse combate a fraudes. “Essa medida provisória que acabou de ser assinada pelo senhor presidente Jair Bolsonaro, ela se trata de um esforço que o governo fará no sentido do combate às fraudes. E nós chamamos essa medida, internamente, de uma medida provisória anti-fraudes”, disse Onyx, que também assinou a MP. “Em diversas auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), foram encontradas inúmeras irregularidades e uma das metas que está sendo estabelecida pelo governo é no sentido de criar mecanismos que nos permitam combater essas fraudes, dar eficiência ao sistema”, explicou o ministro. Inicialmente, o ministro da Economia, Paulo Guedes, havia calculado uma economia anual de 17 bilhões a 20 bilhões de reais com as alterações promovidas pela MP. Mas a estimativa foi reavaliada e espera-se agora uma economia de 9,8 bilhões em 12 meses, já descontados os pagamentos das gratificações destinadas a peritos médicos federais e a analistas e técnicos do INSS, segundo o secretário de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho. Marinho explicou que a economia mais modesta do que o anteriormente previsto deve-se ao fato de o governo preferir ser “conservador por razões óbvias”. Ele também ressaltou que as novas regras entrarão em vigor neste ano, razão pela qual a conta para o impacto fiscal embute também uma certa curva de aprendizado. PENTE-FINO Entre as propostas da medida estão um reforço no pente-fino feito por peritos do INSS para identificação de benefícios indevidos, a instituição de um tempo de carência de 24 meses nas contribuições a concessão de auxílio-reclusão e o aperto nas regras para comprovação da atividade rural. Nos casos de benefícios pagos a dependentes de presos, por exemplo, o chamado auxílio-reclusão, será estabelecida uma carência de 24 contribuições. Pela regra anterior, bastava uma única contribuição para a concessão do benefício. A MP também determina que só terão direito ao auxílio dependentes de presos em regime fechado e haverá proibição de acúmulo de benefícios. As pensões por morte também são alvos da medida, que passa a exigir prova documental para a comprovação de união estável ou de dependência econômica, e não mais com base em prova testemunhal. A proposta tenta atacar ainda os pagamentos em duplicidade, em casos em que forem incorporados novos dependentes. A legislação até então permitia que um novo dependente reconhecido recebesse o benefício de forma retroativa, sem qualquer desconto ou devolução de valores por parte dos demais beneficiários. Já na aposentadoria rural, a ideia é que seja criado pelos ministérios da Agricultura e da Economia um cadastro de segurados especiais com direito ao benefício, o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), única forma de o trabalhador do campo assegurar sua aposentadoria a partir de 2020. Até 2020, trabalhadores rurais poderão apresentar uma autodeclaração, a ser avaliada pelo INSS e homologada pelas entidades do Programa Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e Reforma Agrária (Pronater), ligado ao Ministério da Agricultura. O INSS poderá exigir outros documentos se suspeitar de irregularidade. COMBATE Marinho afirmou que a ideia é que sejam destinados pouco mais de 200 milhões de reais para o combate às fraudes no primeiro ano, e a expectativa é que esse valor chegue por volta de 300 milhões quando o sistema estiver adaptado, conforme estimado pelo ministro da Casa Civil. Marinho disse ainda que o custo mencionado por Onyx engloba eventual prorrogação para 2020 do pagamento de gratificações a peritos médios federais na revisão de benefícios por incapacidade e a técnicos e analistas do INSS para análise de benefícios com indícios de irregularidade. Considerando apenas o ano de 2019, a previsão de gasto com esse impulso no pente-fino é de 223 milhões de reais, apontou. A proposta assinada nesta sexta-feira cria duas ações para rastrear fraudes e revisar benefícios: o Programa Especial para Análises de Benefícios, com foco em auxílios com indícios de irregularidades, e o Programa de Revisão de Benefícios por Incapacidade, na intenção de rever afastamentos e aposentadorias de servidores públicos. A MP, que havia sido prometida por Guedes em seu primeiro discurso no cargo, tem força de lei a partir de sua edição, mas precisa ser aprovada pelas duas Casas do Congresso em um prazo de vigência de 120 dias para valer em definitivo, do contrário, perde a validade.