Economia

Com novo governo, taxa de juros para a casa própria pode subir 21,4%

Novo presidente da Caixa Econômica Federal disse que banco público vai adotar "juros do mercado"

Por Brasil de Fato 10/01/2019 15h21
Com novo governo, taxa de juros para a casa própria pode subir 21,4%
Reprodução - Foto: Assessoria
As políticas aplicadas pelo governo de Jair Bolsonaro devem provocar um rombo no bolso dos brasileiros que sonham com a casa própria. O novo presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, disse que o banco estatal vai começar a usar “juros de mercado” nos empréstimos de financiamento de imóveis. De acordo com os dados do Banco Central, referentes a novembro de 2018, a Caixa tem a menor taxa de juros pós-fixados pela Taxa Referencial (TR) para pessoa física. O banco cobra 7% ao ano. Entre as demais instituições, a taxa varia entre 7,79% ao ano e 9,36% ao ano. Para seguir a determinação do novo presidente, a taxa da Caixa saltaria de 7% para 8,5% ao ano, que é a média cobrada pelas demais instituições – uma alta proporcional de 21,4%. Guimarães afirmou, na última segunda-feira (7), que as mudanças vão impactar na chamada "classe média" e que não haverá alteração nas regras para o programa ‘Minha Casa Minha Vida’ – que, segundo o executivo da Caixa, é direcionado aos “mais pobres”. Para a ex-presidenta da Caixa Econômica Federal, entre 2006 e 2011, Maria Fernanda Coelho, o banco estatal abandonaria uma das suas características mais importantes ao deixar de oferecer as taxas de juros mais competitivas. “A presença dessas instituições públicas federais de grande importância como a Caixa permitem exatamente favorecer a concorrência bancária. Você tem aí a redução de juros e de spread e com isso, tem de fato uma concorrência bancária”, disse. Spread é a diferença entre a remuneração que um banco paga ao aplicador para captar um recurso e o quanto cobra para emprestar o mesmo dinheiro. Segundo a assessoria de comunicação da Caixa, o presidente Pedro Guimarães afirmou, no dia 8, durante a transmissão de cargos no BNDES, que não haverá mudança nos juros do crédito imobiliário. Um estudo realizado pela Fundação João Pinheiro sobre o déficit habitacional no Brasil aponta que são necessárias mais 6,35 milhões de imóveis para suprir a demanda pela casa própria. Por outro lado, existem cerca de 7 milhões de imóveis vazios que poderiam ser vendidos para moradia, caso houvesse uma política pública de financiamento imobiliário.