Economia

Ibovespa sobe mais de 4% em pregão com volume recorde, após Bolsonaro forte no 1º turno

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, Ibovespa chegou a subir 6 por cento no começo do pregão

Por Reuters 08/10/2018 20h59
Ibovespa sobe mais de 4% em pregão com volume recorde, após Bolsonaro forte no 1º turno
Reprodução - Foto: Assessoria
O Ibovespa fechou com a maior alta diária desde 2016 e com volume financeiro recorde, impulsionado por ações de companhias de controle estatal, após o resultado da votação do domingo reforçar o favoritismo de Jair Bolsonaro, do PSL, no segundo turno da eleição presidencial, em 28 de outubro. Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa chegou a subir 6 por cento no começo do pregão, superando 87 mil pontos, máxima intradia desde março, mas encerrou com acréscimo de 4,6 por cento, a 86.083,91 pontos - maior alta percentual diária desde 17 de março de 2016. O volume financeiro no pregão somou 28,9 bilhões de reais, recorde para uma sessão sem vencimento de opções. O recorde anterior tinha sido registrado em 17 de dezembro de 2014, com 26 bilhões de reais. Mas essa sessão contou com exercício de opções o que elevou o volume na ocasião a 44 bilhões. Bolsonaro recebeu 46,03 por cento dos votos válidos no domingo, enquanto o petista Fernando Haddad, que vai disputar com ele o segundo turno, ficou com 29,28 por cento do total. O PSL elegeu no domingo 52 parlamentares, segundo dados mais recentes da Câmara dos Deputados, em um forte avanço em relação ao pleito passado quando havia eleito apenas um deputado federal. “Dada a diferença de votos entre os candidatos, Bolsonaro parece ter uma vantagem importante para o segundo turno”, avalia a equipe de estratégia de renda variável para Brasil e América latina do banco JPMorgan, liderada por Emy Shayo, conforme relatório distribuído a clientes. Os estrategistas do BTG Pactual endossam a premissa, citando também em relatório que Bolsonaro e seus aliados tiveram um desempenho elevado no primeiro turno das eleições. “Vários candidatos apoiados por Bolsonaro tanto nas eleições estaduais como no Congresso registraram votações muito fortes.” Na visão da XP Investimentos, a nova configuraçãodo Congresso Nacional, particularmente da Câmara dos Deputados, também “joga a favor da governabilidade de Bolsonaro caso seja eleito, assim como na potencial aprovação das reformas”, conforme relatório a clientes. A alta no Ibovespa só não foi maior porque também havia no mercado apostas de que Bolsonaro poderia ser eleito presidente já no primeiro turno e dado o quadro externo desfavorável nesta sessão, com relativa fraqueza nos pregões em Wall Street e nos preços do petróleo e fortalecimento do dólar frente a outras divisas globais. DESTAQUES - CEMIG PN fechou em alta de 17,8 por cento, liderando os ganhos, após o candidato do Partido Novo, Romeu Zema, de perfil liberal e favorável à privatização da estatal elétrica, embarcar para o segundo turno da eleição ao governo de Minas Gerais, com votação expressiva no último domingo. Na máxima, a ação registrou a maior cotação intradia desde 2015. A companhia de saneamento mineira Copasa, que não está no Ibovespa, encerrou com salto de 15,6 por cento, tento atingido máxima história no melhor momento do dia. - ELETROBRAS PNB e ELETROBRAS ON avançaram 18,3 e 17,3 por cento, respectivamente, também impulsionadas pelo resultado do primeiro turno eleitoral, assim como outras ações de empresas de serviços públicos de controle de Estados, como Sabesp , Cesp PNB, Copel e Sanepar Unit. - PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiram 11 e 9,5 por cento, acompanhando o movimento positivo das ações de empresas de controle estatal, dada a visão de que o primeiro turno sugere Bolsonaro mais forte na disputa no final do mês. Analistas do Santander elevaram a recomendação dos American Depositary Receipts (ADRs) da companhia para “compra”, com preço-alvo de 20 dólares. - BANCO DO BRASIL valorizou-se 9,7 por cento, capitaneando os ganhos dos bancos do Ibovespa, também impulsionado por expectativas relacionadas ao resultado do primeiro turno. BRADESCO PN encerrou em alta de 6,8 por cento, ITAÚ UNIBANCO PN e SANTANDER BRASIL UNIT subiram 5,95 por cento cada. - GOL PN avançou 18,7 por cento, em meio ao declínio de mais de 2 por cento do dólar ante o real, com a equipe da XP Investimentos colocando os papéis da companhia aérea entre as ações que se beneficiam do desempenho mais forte de Bolsonaro. A lista também incluiu Banco do Brasil, Bradesco, Petrobras, Localiza, B2W, Lojas Americanas e Usiminas PNA. - SUZANO recuou 0,4 por cento, entre as poucas quedas do Ibovespa na sessão, com o setor de papel e celulose como um todo no vermelho, dado o forte declínio do dólar ante o real na sessão. - VALE cedeu 0,8 por cento, em sessão de fraqueza de mineradoras no exterior, além de movimentos de ajuste, uma vez que o papel era considerado um ‘hedge’ para a volatilidade ligada ao cenário eleitoral no Brasil. BRADESPAR PN, holding que concentra seus investimentos na Vale, mostrou declínio de 1,1 por cento. - FORJAS TAURUS PN fechou em alta de 1,8 por cento, dando continuidade ao fôlego recente. Os papéis da fabricante de armas têm disparado apoiados no fortalecimento nas pesquisas sobre intenções de votos de Bolsonaro, que tem entre suas bandeiras melhora da segurança pública e defesa de liberalização de regras para concessão de porte de armas, embora analistas questionem os fundamentos da companhia.