Economia

Ibovespa fecha em alta guiado por Vale e fluxo externo, apesar de receios eleitorais

Volume financeiro do pregão somou 10 bilhões de reais

Por Reuters 25/09/2018 18h50
Ibovespa fecha em alta guiado por Vale e fluxo externo, apesar de receios eleitorais
Reprodução - Foto: Assessoria
O Ibovespa fechou em alta nesta terça-feira, ganhando tração na parte da tarde, guiado pela disparada de 3 por cento das ações da Vale. Combinado com fluxo de capital externo, o movimento ajudou a neutralizar receios com o cenário eleitoral. O principal índice de ações da B3 subiu 0,83 por cento, a 78.630,14 pontos. O volume financeiro do pregão somou 10 bilhões de reais - melhor do que a média diária do mês (9,28 bilhões der reais), mas ainda um pouco abaixo da média do ano de 10,7 bilhões de reais por dia. Dados da B3 mostram que apenas na semana passada houve entrada líquida de mais de 2 bilhões de reais de capital externo na Bovespa. Para o estrategista de pessoa física da Santander Corretora, Ricardo Peretti, o movimento reflete compras por estrangeiros, que já ajudaram a sustentar a bolsa na semana passada. De 17 a 21 de setembro, o Ibovespa acumulou alta de mais de 5 por cento, registrando melhor desempenho semanal do ano. “Esse fluxo comprador está ocorrendo apesar de receios com o cenário eleitoral, acompanhando fluxo para outros mercados emergentes”, observou Peretti. Na semana passada, o ETF do Brasil, fundo de índice negociado em bolsa, listados nos EUA acumulou valorização de mais de 8 por cento, enquanto o índice MSCI de ações de mercados emergentes avançou 2,2 por cento. Na visão do gestor Dan Kawa, da Icatu Vanguarda, a dinâmica recente do mercado sugere que os ativos estão mais ajustados globalmente ao cenário externo de normalização monetária das economias desenvolvidas e “os ativos emergentes acabam chamando a atenção pelo preço comparativo mais atrativo do que seus pares nos países desenvolvidos”. Operadores também citaram que muitos investidores estão “fora do mercado”, esperando para se posicionarem de forma relevante dependendo do desfecho da corrida presidencial, o que tem reduzido a liquidez. Foram receios eleitorais que levaram o Ibovespa à mínima do dia no começo do pregão, quando caiu mais de 1 por cento, após pesquisa Ibope divulgada na segunda-feira mostrar piora no desempenho de Jair Bolsonaro (PSL) nas simulações de segundo turno e melhora do petista Fernando Haddad. Para a equipe da corretora Brasil Plural, com base nos números do Ibope, as chances de um desfecho ainda no primeiro turno ficam mais distantes e os dados reforçam a probabilidade de um cenário de segundo turno com Bolsonaro e Haddad, com favoritismo do petista. Investidores ainda mostram cautela em relação a Haddad, preocupados sobre a sua capacidade de assumir um compromisso com o rigor fiscal e se distanciar do desenvolvimentismo assumido pelo governo Dilma Rousseff, entre outros fatores. Para Kawa, da Icatu, o período eleitoral ainda reserva elevada volatilidade e incerteza, em meio a um cenário externo que ainda parece desafiador. DESTAQUES - VALE fechou em alta de 3,32 por cento, a 62,20 reais, máxima recorde de fechamento. O BTG Pactual atribuiu o desempenho à performance excelente de seu minério de alto teor, clara política de dividendos, perfil contido de investimentos, além de ser um dos melhores hedges no Ibovespa para proteção contra incertezas políticas no país. - CSN valorizou-se 5,69 por cento, com papéis de siderúrgicas na ponta positiva do Ibovespa, em meio a expectativas favoráveis para o setor. - BRADESCO PN teve variação positiva de 0,07 por cento e ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,23 por cento, com o setor bancário mais vulnerável a especulações sobre o desfecho da corrida presidencial. BANCO DO BRASIL, de controle estatal, caiu 0,61 por cento, e SANTANDER BRASIL UNIT subiu 0,08 por cento. - PETROBRAS PN ganhou 0,4 por cento, conforme os preços do petróleo Brent avançaram para máximas em quatro anos, impulsionados, entre outros fatores, pelas iminentes sanções dos EUA às exportações de petróleo iraniano. - BRASKEM subiu 4,06 por cento, tendo no radar acordo da Petrobras com Odebrecht, sócias na petroquímica, para um aditivo ao acordo de acionistas da empresa que altera uma cláusula relacionada ao direito de ‘tag along’. No mercado, alguns analistas entenderam que o anúncio pode ser sinal de que pode estar próxima a formalização da oferta da holandesa LyondellBasell à Odebretch que será estendida à Petrobras e aos acionistas minoritários. - CVC BRASIL caiu 2,6 por cento, maior queda do Ibovespa, após acumular na semana passada alta de mais de 8 por cento.