Economia

Apple atinge US$1 trilhão em valor de mercado

Ao longo do caminho, Apple mudou forma como pessoas se comunicam

Por Reuters 02/08/2018 22h27
Apple atinge US$1 trilhão em valor de mercado
Reprodução - Foto: Assessoria
A Apple se tornou nesta quinta-feira a primeira empresa listada dos Estados Unidos a alcançar valor de mercado de 1 trilhão de dólares, uma coroação a uma década de crescimento impulsionada pelo iPhone, que transformou a companhia de uma fabricante de computadores de nicho em uma corporação global com ativos que vão do entretenimento às comunicações. As ações da Apple subiam mais de 3 por cento, a 207,78 dólares, às 16:00 (horário de Brasília) e acumulam valorização de cerca de 9 por cento desde a terça-feira, quando divulgou resultado acima do esperado para o trimestre encerrado em junho e anunciou um programa de recompra de ações de 20 bilhões de dólares. Iniciada na garagem do co-fundador Steve Jobs em 1976, a Apple hoje tem uma receita superior ao PIB de países como Portugal e Nova Zelândia. O valor de mercado alcançado nesta quinta-feira equivale a pouco mais de metade do PIB brasileiro no ano passado. Ao longo do caminho, a Apple mudou a forma como as pessoas se comunicam e como as empresas fazem negócios. A Apple vale mais que o valor de mercado capitalização combinado de Exxon Mobil, Procter & Gamble e AT&T. Atualmente, a companhia representa 4 por cento do índice acionário S&P 500. As ações da empresa subiram mais de 50 mil por cento desde sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) em 1980, superando o ganho de cerca de 2 mil por cento do S&P 500 no período. Um dos três fundadores, Jobs foi expulso da Apple em meados da década de 1980, apenas para retornar uma década depois e resgatar a empresa de computadores da falência. Ele lançou o iPhone em 2007, revolucionando a indústria de celulares, pegando de surpresa empresas como Microsoft, Intel, Samsung e Nokia. Isso colocou a Apple no caminho para ultrapassar a Exxon Mobil em 2011 como a maior empresa norte-americana em valor de mercado. Jobs, que morreu em 2011, foi sucedido na presidência-executiva por Tim Cook, que dobrou o lucro da empresa, mas ainda não conseguiu desenvolver um novo produto capaz de replicar o sucesso do iPhone, que viu suas vendas diminuírem nos últimos anos. Em 2006, um ano antes do lançamento do iPhone, a Apple gerou menos de 20 bilhões de dólares em receita e lucro de 2 bilhões de dólares. No ano passado, o faturamento cresceu mais de 11 vezes, para 229 bilhões de dólares - o quarto maior do S&P 500 - e o lucro líquido cresceu duas vezes, para 48,4 bilhões de dólares, tornando-se a companhia norte-americana mais lucrativa. Uma das cinco empresas dos EUA desde a década de 1980 a se tornar a maior empresa de Wall Street em valor de mercado, a Apple pode perder a liderança para empresas como Alphabet ou Amazon se não encontrar um grande novo produto ou serviço, pois a demanda por smartphones perde ritmo. AÇÕES PARA OS NETOS Jeff Carbone, co-fundador da Cornerstone Financial Partners, tem recomendado ações da Apple para o portfólio de seus clientes por cerca de uma década. Recentemente, alguns de seus clientes mais antigos compraram ações da Apple para seus netos. “Ainda vemos espaço para valorização e conforme dinheiro novo é depositado, continuamos a comprar”, disse Carbone. A ação da Apple acumulou valorização de 30 por cento no ano passado, impulsionada por otimismo sobre o lançamento do iPhone X. Também empurrando o papel para cima nos últimos meses está o anúncio de que a Apple reservou 100 bilhões de dólares para um novo programa de recompra de ações. No balanço divulgado na terça-feira, a Apple afirmou que as vendas lideradas pelo iPhone X, vendido por cerca de 1.000 dólares, impulsionaram os resultados muito além das previsões de Wall Street e com as assinaturas dos serviços App Store, Apple Music e iCloud apoiando os negócios. Mesmo valendo 1.000.000.000.000 de dólares, muitos analistas não veem ações da Apple como caras. Os papéis foram negociados nesta semana a um múltiplo de 15 vezes o lucro esperado ante um múltiplo de 82 vezes da Amazon e de 25 vezes da Microsoft. Em 2007, a estatal chinesa PetroChina alcançou valor de mercado de cerca de 1,1 trilhão de dólares brevemente após sua oferta pública em Xangai. A empresa vale atualmente cerca de 200 bilhões de dólares, segundo dados da Thomson Reuters. Logo atrás da Apple, a Amazon.com, segunda maior companhia listada dos EUA em valor de mercado, vale cerca de 880 bilhões de dólares, pouco à frente da Alphabet, controladora do Google, e da Microsoft. No Brasil, a empresa com maior valor de mercado é a fabricante de bebidas Ambev, com 81,565 bilhões de dólares segundo dados da B3.