Economia

Preço do etanol recua em 14 estados, mas aumenta em Alagoas

Estado registra a maior alta do país; Sindicombustíveis diz não possuir ingerência sobre preços praticados por postos

Por Lucas França com Tribuna Independente 11/07/2018 08h44
Preço do etanol recua em 14 estados, mas aumenta em Alagoas
Reprodução - Foto: Assessoria
Os preços do etanol hidratado nos postos brasileiros recuaram em 14 estados brasileiros e no Distrito Federal na semana passada. Em outros nove estados houve queda, no Espírito Santo, estabilidade, e no Amapá não houve base de comparação por falta de avaliação na semana anterior. No entanto, em Alagoas não houve redução. Bem pelo contrário, foi registrada a maior alta do país, de 2,58%, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Na média dos postos brasileiros pesquisados pela ANP houve queda de 1,67% no preço do etanol na semana passada. Em São Paulo, principal estado produtor e consumidor, a cotação média do hidratado recuou 2,52% sobre a semana anterior de R$ 2,700 para R$ 2,632 o litro, a maior queda porcentual entre todos os avaliados. No período de um mês, os preços do combustível recuaram 6,03% nos postos paulistas. E em Alagoas, em média, o litro do produto está sendo comercializado por R$ 3,557 o equivalente a 82,50% do preço médio da gasolina vendida no Estado, que chegou a R$ 4,311, segundo o levantamento da ANP. A redução nesses estados pode ter ocorrido devido à maioria das usinas de açúcar e álcool estarem concentradas no Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Em Alagoas, o valor pode diminuir se a venda for feita diretamente das usinas para os postos de combustíveis. O juiz Edvaldo Batista da Silva Júnior, da 10ª Vara Federal de Pernambuco, concedeu no dia 26 de junho, liminar para que usinas de Pernambuco, Alagoas e Sergipe, comercializem etanol hidratado diretamente aos postos de combustíveis, sem a necessidade da intermediação de distribuidoras. A decisão impede também que a ANP, responsável pela fiscalização do setor, aplique sanções aos postos e às usinas que adotarem a prática. DIRETO DAS USINAS A reportagem do jornal Tribuna Independente entrou em contato com o Sindicato do Comércio Varejista e Derivados do Petróleo no Estado de Alagoas (Sindicombustíveis/AL) que informou não possuir a informação sobre se no estado há postos que tenham efetuado a compra de etanol direto das usinas. Em relação ao preço praticado, a entidade disse não possuir ingerência sobre os preços praticados pelos postos de combustíveis. Os preços são livres em todas as etapas da cadeia e cabe a cada agente determinar seus preços com base em suas estruturas de custo. Já o Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Alagoas (Sindaçúcar-AL), entidade de defesa e representação dos produtores da cana de açúcar, açúcar e energia, informou que as usinas não estão vendendo direto para os postos porque no momento ainda estão sem safra. E que deve começar em setembro. Por isso, o etanol vendido está vindo de fora. BRASIL Além de São Paulo, no período de um mês os preços do etanol recuaram em 12 estados e no Distrito Federal, que obteve também o destaque de queda mensal, com 14,33% de baixa no período. Na média brasileira, o preço do etanol pesquisado pela ANP acumulou queda de 4,06% na comparação mensal. O preço mínimo registrado na semana passada para o etanol em um posto foi de R$ 2,039 o litro, em São Paulo, e o máximo individual ficou de R$ 4,947 o litro, no Rio Grande do Sul. São Paulo tem também o menor preço médio estadual, de R$ 2,632 o litro, e o maior preço médio ocorreu no Amapá, de R$ 4,459 o litro. Órgãos dizem que realizam fiscalização em todo o estado   Em contato com o  Procon  Alagoas, o órgão informou que fiscalizou e continua fiscalizando vários postos de combustível do Estado e que foram feitas diversas visitas colhendo notificações. “Os processos de análise já estão em poder do nosso corpo técnico, inclusive, com parcerias junto à Sefaz [Secretaria da Fazenda], ANP e a todos os órgãos que compõem o Observatório dos Combustíveis”. Segundo o Procon/AL,  houve foi a apuração conforme calendário, sem alarde, para que primeiro fossem avaliados os percalços e concluídas as avaliações para informar, de forma sensata e devida, o consumidor alagoano. Ainda segundo o órgão, na semana passada, a equipe passou por uma capacitação feita pela ANP para efetuar fiscalizações completas de forma ainda mais autônoma. “Com isso, fiscalizamos não somente a qualidade do etanol, mas de todos os combustíveis, podendo, sim, notificar e pedir esclarecimentos aos donos de postos acerca dos preços praticados. Sendo assim, o Procon/AL segue trabalhando, firmando parcerias, convênios e treinamentos para uma maior autonomia na fiscalização de todos os combustíveis em nosso Estado”, explicou. A Promotoria dos Direitos do Consumidor, do Ministério Público Estadual (MPE), informou que também está acompanhando os reajustes e preços praticados nos postos de combustíveis. O órgão aguarda um relatório do Procon para a partir avaliar as medidas que serão adotadas. Já a assessoria da OAB/AL disse que as ações são feitas em conjunto com demais órgãos. Mas até o momento não há nenhuma operação prevista. Abastecer com gasolina ainda é mais vantajoso, segundo economista   Abastecer com etanol é uma opção que só está compensando em cinco estados, considerados os preços médios das últimas semanas: São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Em todos os demais e no Distrito Federal, a gasolina ainda sai mais em conta. De acordo com o economista Felippe Rocha, em Alagoas, em razão dos preços praticados a gasolina ainda é mais vantajosa para o consumidor. “Em razão dos preços, a gasolina ainda é mais vantagem. Perceba que a razão 3,64/4,49 dá um valor acima de 0,7. O valor é 0,81. Acima de 0,7, por questões de economia e menor evaporação, a gasolina, mesmo mais cara rende mais e permite uma quilometragem maior no tanque (questão de autonomia). Só vale a pena abastecer com etanol quando o valor (a razão entre os preços) fica abaixo de 0,7”, explica. O condutor Ed Ferreira, também concorda com o economista e diz que não é vantagem o etanol. “Jamais será vantagem abastecer com etanol. O governo precisa vender nosso líquido precioso e vai fazer de tudo pra sempre ser melhor a gasolina”, comenta. COMPARAÇÃO Os valores médios do etanol seguem vantajosos sobre os da gasolina nos cinco estados entre os maiores produtores do biocombustível do país: São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Goiás e Mato Grosso. O levantamento considera que o combustível de cana, por ter menor poder calorífico, tenha um preço limite de 70% do derivado de petróleo nos postos para ser considerado vantajoso. Em Mato Grosso, o hidratado é vendido em média por 57,42% do preço da gasolina, em Goiás por 60,68%, em São Paulo por 61,61%, em Minas Gerais por 63,08% e, no Paraná a paridade está em 67,03%. Na média brasileira, a paridade é de 63,03% entre os preços médios do etanol e da gasolina.