Economia

Petrobras vai retomar negociações com a Sete Brasil

Empresa foi criada em 2010 para construir sondas de perfuração para a exploração do pré-sal e aluga-las para a Petrobras

Por G1 24/06/2017 00h43
Petrobras vai retomar negociações com a Sete Brasil
Reprodução - Foto: Assessoria
A Petrobras voltará a negociar com a Sete Brasil, fabricante de sondas que está em recuperação judicial. A empresa foi criada em 2010 para construir sondas de perfuração para a exploração do pré-sal e aluga-las para a Petrobras. Denúncias envolvendo irregularidades na Sete Brasil vieram à tona com a operação Lava Jato e as negociações entre Sete e Petrobras travaram, levando a uma severa crise na empresa.

"A Petrobras informa que, em resposta ao pedido de retomada das negociações formulado pela Sete Brasil Participações S.A. (“Sete Brasil”), em recuperação judicial na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, sua Diretoria Executiva autorizou a participação da companhia neste novo processo de negociação. O resultado das tratativas, qualquer que seja, estará sujeito às normas de governança corporativa e conformidade da Petrobras, bem como à aprovação pelos seus órgãos competentes", informou a empresa nesta sexta-feira (23).

A Sete Brasil é uma sociedade entre a Petrobras, fundos de pensão de estatais e bancos privados. Foi criada, na época, em meio à uma política de estimular o uso de componentes nacionais nos projetos de investimento da Petrobras.

A Petrobras encomendou 28 sondas à Sete Brasil para explorar o pré-sal, um contrato estimado em US$ 26,4 bilhões. Na sua delação premiada, Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobras e ex-diretor da Sete Brasil, afirmou que executivos da Sete Brasil receberam propina de estaleiros para o fechamento de contratos de construção.

Um relatório interno da Petrobras divulgado no fim de 2016 estimou que a estatal teve um prejuízo de R$ 987 milhões com irregularidades na construção e contratação de sondas pela Sete Brasil.

Após as denúncias de corrupção e mudanças na diretoria da Petrobras, a estatal tentou reduzir as encomendas de sondas da Sete Brasil e vinha resistindo em fechar um contrato de aluguel das sondas nos mesmos termos combinados pela diretoria anterior.

Dificuldades financeiras

O impasse envolvendo o futuro da empresa e as dificuldades de negociar com seu maior cliente colocaram uma crise de confiança sobre os negócios da Sete Brasil. E o crédito secou para a Sete Brasil.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se recusou a liberar um empréstimo-ponte para a empresa, de cerca de US$ 3 bilhões, em 2015. Sem crédito na praça, a empresa entrou em recuperação judicial em junho do ano passado.

A recuperação judicial da Sete Brasil é o maior processo em curso atualmente, atrás apenas do processo da Oi. A empresa tem uma dívida estimada em R$ 19,3 bilhões.