Economia

JBS vende para a Minerva negócios na Argentina, Paraguai e Uruguai

Esta é a primeira venda de ativos da empresa desde escândalos de corrupção envolvendo o governo

Por G1 06/06/2017 20h43
JBS vende para a Minerva negócios na Argentina, Paraguai e Uruguai
Reprodução - Foto: Assessoria

A JBS, maior processadora de carnes do mundo, vendeu por US$ 300 milhões (o equivalente a R$ 983 milhões, pelo câmbio atual) todas as ações de suas subsidiárias com operações de carne bovina na Argentina, Paraguai e Uruguai para empresas controladas pela segunda maior empresa de carne bovina do Brasil, a Minerva, de acordo com fato relevante divulgado nesta terça-feira (6).

Esta é a primeira venda de ativos da empresa desde os escândalos da operação Carne Fraca e a delação premiada dos donos da JBS, que colocaram a empresa no centro do noticiário político.

Segundo a empresa de alimentos, os recursos com a transação devem ser usados para "reduzir o endividamento da companhia". A operação foi aprovada por unanimidade pelo conselho de administração da companhia.

O valor de US$ 300 milhões está sujeito a um ajuste "equivalente à diferença entre o capital circulante líquido e o endividamento de longo prazo das sociedades na data de fechamento", segundo a JBS. O valor estimado em 31 de março de 2017 era positivo em aproximadamente US$40 milhões, diz o comunicado.

A operação envolve a aquisição de 9 unidades de abate, 1 unidade de processamento e 1 centro de distribuição.

Em comunicado, a JBS informou que faz parte do acordo a "operação de carne bovina - abate, desossa, industrialização, processamento e comercialização nos três países" e que a venda implica também na transferência das marcas da JBS na Argentina, o que inclui a Swift. A operação de couros na Argentina e no Uruguai não está incluída na transação.

"A JBS ressalta que segue comprometida em manter o curso regular dos negócios até a conclusão da operação, o que inclui a manutenção dos empregos em cada um dos países envolvidos", acrescentou.

Preocupados com o futuro da JBS, no centro do furacão após a divulgação das gravações da conversa do presidente Michel Temer com o dono da JBS Joesley Batista, os investidores receberam bem a venda. As ações da companhia subiram mais de 8% nesta terça-feira na Bovespa.

Projeções da Minerva

A Minerva informou que a aquisição inclui a compra das subsidiárias JBS Paraguay, IPF, JBS Argentina e Frigorifico Canelones, e que o negócio foi aprovado pelo seu Conselho de Administração na véspera por meio de suas subsidiárias Pul Argentina S.A., Frigomerc S.A. e Pulsa S.A.

Segundo o frigorífico, após a conclusão da operação, o grupo passará a ter uma capacidade total de abate de 26,380 mil cabeças por dia, contra capacidade de 17,330 mil em 31 de março de 2017.

A aquisição faz parte da estratégia de complementação das operações do Grupo Minerva e representa mais um passo em sua diversificação geográfica na América do Sul, informou o grupo em comunicado.

Após a divulgação da aquisição, a Minerva divulgou estimativa da receita líquida consolidada de R$ 13 bilhões a R$ 14,4 bilhões para os próximos 12 meses. De acordo com os dados divulgados pela empresa, a receita líquida prevista de R$ 10,5 bilhões soma-se à projeção de R$ 3,2 bilhões com a aquisição no Mercosul, resultando em uma estimativa média de R$ 13,7 bilhões para o período de julho de 2017 a junho de 2018.

Negócios da JBS

A JBS iniciou seu projeto de internacionalização em 2005 com a aquisição da Swift Armour, maior produtora e exportadora de carne bovina na Argentina.

A empresa está no centro de uma forte crise política após as delações da empresa atingirem o governo de Michel Temer. Desde a eclosão do escândalo envolvendo investigações de corrupção na empresa, suas ações acumulam forte queda na bolsa, com perda de cerca de R$ 8 bilhões em valor de mercado.

Nesta segunda-feira (5), o grupo J&F, controlador da JBS assinou com o MInistério Público Federal (MPF) acordo de leniência que prevê o pagamento de multa de R$ 10,3 bilhões em 25 anos.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu ao menos 11 processos para investigar irregularidades da JBS, entre elas para apurar a veracidade de informações divulgadas pela empresa e sua conduta ao fechar acordo de colaboração premiada com a Justiça.

A expansão dos negócios da JBS seu nos últimos anos se deu com o apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O faturamento do frigorífico saltou de R$ 4 bilhões em 2006 para R$ 170 bilhões em 2016.

Em 2014, a JBS se tornou a segunda maior empresa do setor de alimentos do mundo, ficando atrás apenas da Nestlé, totalizando um faturamento de cerca de R$ 120 bilhões, com um aumento de 30% nas venda.

Em 2016, a receita líquida da JBS somou R$ 170,38 bilhões, alta de 4,6% ante o registrado no ano anterior, ficando à frente da Vale (R$ 94,6 bi), Ultrapar (R$ 77,3 bi) e Ambev (R$ 45,6 bi), segundo dados da provedora de informações financeiras Economatica.