Economia
Eletrobras segue com privatizações e torce pela continuidade de ministro
Wilson Ferreira Jr. admitiu, porém, que o cenário do país pode impactar em alguma medida as metas da estatal
A Eletrobras continuará trabalhando em seus planos de privatizar subsidiárias e vender ativos para reduzir dívidas mesmo com o agravamento da crise política no Brasil, disse nesta terça-feira (23) o presidente da companhia, Wilson Ferreira Jr.
Apesar disso, ele admitiu que o cenário do país pode impactar em alguma medida as metas da estatal.
O executivo estava em Nova York e participava de diversas reuniões com investidores para apresentar o programa de desinvestimentos da companhia quando surgiram as acusações dos donos da empresa de alimentos JBS contra o presidente Michel Temer e o senador Aécio Neves, que levaram o Brasil novamente a um momento de forte tensão política.
Segundo Ferreira, as reuniões promovidas nos Estados Unidos estavam todas lotadas na última quarta-feira, demonstrando forte interesse na empresa, mas no dia seguinte, após as notícias, o clima era de "preocupação" e busca por informações.
Ainda assim, ele garantiu que a empresa seguirá com o cronograma e deverá encontrar interessados em comprar os ativos que deseja colocar no mercado.
"Não há nenhum comprometimento, seja na agenda de privatizações, seja na venda de ativos. O que sempre preocupa é se o ambiente político acaba arrastando o ambiente econômico... a gente acaba tendo mais dificuldade de fazer isso pelo menos nos preços que se poderia atingir", disse Ferreira.
"Num processo de venda (de ativos) em energia, por óbvio esses ativos ficam mais valorosos se a economia cresce mais", explicou ele, que falou com jornalistas após evento da Universidade Mackenzie, em São Paulo.
A Eletrobras já anunciou um plano de vendas de fatias em ativos de geração e transmissão de eletricidade para levantar até R$ 4,6 bilhões, que serão utilizados para pagamento de dívidas.
Em apresentação recente, a estatal estimou que pode obter R$ 2,2 bilhões com as vendas de ativos em energia em 2017 e mais R$ 2,4 bilhões em 2018.
ContinuidadeO presidente da Eletrobras também evitou comentar especulações sobre sua continuidade à frente da estatal, caso as denúncias contra Michel Temer ganhem força a ponto de inviabilizar a continuidade do atual governo.
"Vim aqui para fazer um trabalho de resgate e recuperação da Eletrobras que está em curso... meu mandato vai até abril de 2019. Claro que sou indicado pelo controlador, o governo brasileiro, mas não vou especular sobre a saída de um ou de outro", disse.
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse algo semelhante ao ser questionado sobre o assunto na semana passada. Afirmou que pretende cumprir seu mandato até abril de 2019.
O CEO da Eletrobras apontou, no entanto, que o governo Temer vinha apoiando a reestruturação da Eletrobras e mudanças nas regras do setor elétrico para favorecer a atração de investidores.
O ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, também vinha dando forte apoio político para a condução das políticas do setor e a recuperação da Eletrobras, disse Ferreira.
"O ministro é muito importante nessa agenda, torço para que ele continue, assim como o presidente Temer", afirmou.
O PSB, partido de Coelho Filho, passou a apoiar a renúncia de Temer após as últimas acusações, e por isso tem defendido que o ministro entregue o cargo.
Até o momento, no entanto, não há uma posição oficial por parte do ministro sobre a permanência no cargo.
A Reuters publicou na segunda-feira que, se Coelho Filho decidir entregar o cargo, deverá haver a saída também de técnicos de alto escalão do ministério, como secretários, que foram convidados por ele para a pasta.
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