Economia
Dólar volta a subir e chega a passar de R$ 3,30; BC interfere novamente
Na sexta, o dólar caiu 3,89%, a maior queda desde novembro de 2008, em movimento de correção após a disparada do dia anterior
O dólar voltou a subir em relação ao real nesta segunda-feira (22), após disparar na semana passada, com os investidores ainda de olho na crise envolvendo o governo de Michel Temer e as delações da JBS. O Banco Central mais uma vez anunciou operação de intervenção no câmbio, em meio à intensa volatilidade.
Às 15h49, a moeda norte-americana subia 0,6%, cotada a R$ 3,2767 na venda. Mais cedo, o dólar chegou a passar de R$ 3,30.
Ao contrário da tendência no Brasil, no exterior o dólar tem dia de queda em relação a outras moedas, segundo a Reuters. Internamente, o mercado aguarda decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) na quarta-feira (24) sobre o pedido de Temer para suspender o inquérito contra ele.
"Apesar da calmaria no relatório Focus, o mercado ainda anda apreensivo com o rumo do caso Temer", disse ao G1 o economista Alexandre Cabral. "Todos estão esperando o julgamento no plenário do STF do pedido de Temer para suspender o inquérito. Será uma semana de muita volatilidade no mercado financeiro."
No boletim Focus divulgado pelo Banco Central nesta segunda-feira, a expectativa dos economistas para o dólar no fim do ano recuou de R$ 3,25 para R$ 3,23. As previsões para inflação baixaram de 3,93% para 3,92%. Já as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) se mantiveram estáveis.
De olho nas reformasJason Vieira, economista chefe da Infinity Asset, diz que o mercado segue monitorando o rumo das reformas econômicas no Congresso em meio à crise política, especialmente a trabalhista e a da Previdência. "A volatilidade reflete o cenário de incertezas, a falta de um contexto que indique o que vai acontecer em termos de votação. Isso é mais importante que a manutenção ou não do presidente". Segundo Vieira, o mercado "vai andar mais ou menos no mesmo rumo" até que o Congresso indique o rumo da votação das reformas.
Nesta segunda, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que a crise política pode atrasar a aprovação da reforma da Previdência, noticiou a colunista do G1 Thais Herédia. O atraso, segundo ele, seria de algumas semanas. Meirelles disse que está tratando pessoalmente com o Congresso para manter a agenda de reformas econômicas e que não vê um atraso de "meses".
A crise política gerada pelas delações dos empresários Joesley e Wesley Batista, donos da JBS, ameaça paralisar os trabalhos previstos para esta semana no Congresso Nacional, onde a oposição passou a liderar um movimento a favor do impeachment de Temer. Além disso, segundo o colunista do G1 Gerson Camarotti, os articuladores políticos do governo foram avisados que parte da base aliada quer a renúncia do presidente.
Intervenção do BCO Banco Central deu continuidade à sua intervenção diante do nervosismo do mercado e vendeu todos os 40 mil novos swaps cambiais tradicionais - equivalentes à venda futura de dólares -, informou a Reuters. O BC ainda anunciou leilão para rolagem dos swaps que vencem em junho, com oferta de até 8 mil contratos.
Semana turbulentaNa semana passada, o dólar subiu 4,26% em relação ao real, em semana de pânico nos mercados, repercutindo notícia publicada no jornal O Globo de que o dono da empresa JBS gravou o presidente da república, Michel Temer, dando aval para comprar silêncio do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha. O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou abertura de investigação contra Temer.
Na quinta-feira (18), o dólar registrou sua maior alta em 18 anos sobre o real. Na sexta-feira (19), o dólar fechou em baixa de 3,89%, vendido a R$ 3,257. Foi a maior queda diária desde novembro de 2008, em movimento de correção após a disparada do dia anterior.
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