Economia
Dólar tem maior alta em mais de 18 anos e encosta em R$ 3,40
Moeda norte-americana saltou mais de 8% no pregão desta quinta-feira
O dólar encerrou esta quinta-feira (18) com a maior alta em mais de 18 anos, acima de 8% e aproximando-se do patamar de R$ 3,40, depois de denúncias envolvendo o presidente Michel Temer que alimentaram percepções de que as reformas serão afetadas e, consequentemente, a recuperação da economia.
O dólar avançou 8,15%, a R$ 3,3890 na venda, maior alta desde o início de 1999, quando houve a maxidesvalorização do câmbio. O salto do dia acabou varrendo a baixa do dólar acumulada no ano até a véspera, de 3,45%.
Na máxima do dia, o dólar foi a R$ 3,44, mas num pregão que teve como característica o baixo volume por conta dos temores dos investidores. O dólar futuro subia cerca de 8%, a R$ 3,40 no final da tarde, depois de ter atingido mais cedo a máxima para o pregão, a R$ 3,4175.
"Tudo o que está ruim ainda pode piorar, é incerteza absoluta", afirmou o gerente de tesouraria do Bank of China, Jayro Rezende.
O nervosismo pairou desde a abertura, tanto que os investidores evitaram tomar posições e o mercado à vista demorou a ter negócios. Diante disso, o Banco Central fez várias intervenções.
Na noite passada, o jornal O Globo noticiou que Joesley Batista, um dos controladores do frigorífico JBS, gravou Temer concordando com pagamentos para manter o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha, que está preso.
Assim que a notícia chegou ao Congresso, a oposição não perdeu tempo para pedir o impeachment de Temer. Especialistas afirmaram que o governo foi fortemente abalado e, assim, as reformas consideradas essenciais, sobretudo a da Previdência, para recuperar a economia serão afetadas.
Diante da forte turbulência na cena política brasileira — que afetou até ativos no exterior, como os Treasuries norte-americanos —, o Tesouro Nacional e o BC atuaram.
O BC fez vendeu, por meio de leilões, 80 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares, além de outros 8.000 papéis para a rolagem dos swaps que vencem em junho, no total de US$ 4,435 bilhões.
Além dos leilões de swap pelo BC, o Tesouro suspendeu o leilão de venda de LTN e LFT programado para esta sessão e anunciou três novos leilões de compra e venda de títulos para os próxiimos dias.
Em setembro de 2015, BC e Tesouro atuaram conjuntamente para conter a forte volatilidade nos mercados financeiros, parceria adotada novamente no fim de 2016 após a eleição do presidente norte-americano Donald Trump.
Nas últimas semanas, os mercados financeiros estavam vivendo uma espécie de lua-de-mel com o governo Temer, apostando que ele conseguiria angariar votos suficientes para aprovar as reformas no Congresso Nacional. O dólar, nesta semana, chegou a fechar abaixo do patamar de R$ 3,10.
Além disso, a economia vinha dando alguns sinais de recuperação, depois de dois anos seguidos de forte recessão. A inflação também vinha perdendo fôlego e possibilitando que o BC fizesse reduções importantes na taxa básica de juros, o que tem potencial para estimular o consumo.
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