Economia

Após proposta dos Correios, cinco sindicatos decidem voltar ao trabalho

Greve deve terminar em cidades de três estados mais e DF

Por G1 05/05/2017 18h59
Após proposta dos Correios, cinco sindicatos decidem voltar ao trabalho
Reprodução - Foto: Assessoria
Cinco sindicatos aceitaram a proposta dos Correios para encerrar a greve iniciada em abril, segundo informações da empresa e da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect). Segundo a Federação, profissionais dos Correios de Bauru (SP), Ribeirão Preto (SP), Uberaba (MG), Brasília e Espírito Santo devem voltar ao trabalho na segunda-feira (8), disse Rogério Ubine, siretor nacional da Fentect. Já os Correios dizem que o retorno ao trabalho é imediato.

Segundo os Correios, 89,21% dos empregados em todo o país estão trabalhando nesta sexta-feira (5). Ubine diz que esse número considera regiões que não aderiram à greve. Os demais locais onde não há paralisação são Amapá, Roraima, Tocantins, Sergipe, Rio Grande do Sul, Santos (SP) e região, e Juiz de Fora (MG) e região.

Outros 32 sindicatos de diversas regiões que integram a Fentect, segundo a Federação, decidiram rejeitar a proposta apresentada e devem seguir de braços cruzados. “A grande maioria continua em greve. A proposta foi rejeitada e a greve continua”, diz Ubine.

A decisão aconteceu após reunião entre os Correios e a Fentect na quinta-feira (4). Segundo Ubine, a próxima rodada de negociações não está marcada ainda.

"Os Correios confiam no bom senso de seus empregados para encerrar a paralisação parcial, de forma a não prejudicar, ainda mais, a sustentabilidade da empresa e a qualidade dos serviços prestados à população", disse a empresa em nota.

"Nas localidades onde a paralisação parcial permanece, para minimizar os impactos à população, os Correios realizarão mutirões de entrega neste sábado e domingo, dias 6 e 7, para entrega de objetos postais."

Os Correios informaram que a paralisação, ainda que parcial, acarreta um potencial de perda de aproximadamente R$ 6,5 milhões por dia aos cofres da estatal.

Reivindicações

Os representantes dos trabalhadores pedem a retirada da mediação do TST sobre os planos de saúde, revogação da suspensão das férias, debate sobre a situação econômica da empresa, revogação da entrega alternada e otimização de atividade interna, suspensão das ameaças de demissão motivada e privatização, suspensão do fechamento das 250 agências e a criação de comissão com a participação dos trabalhadores para tratar sobre o tema.

A estatal tenta implantar um novo formato para o plano de saúde dos funcionários, o Postal Saúde. A empresa alega que esse custeio é o responsável pela maior parte do déficit registrado nos últimos anos na estatal. Hoje a estatal arca com 93% dos custos dos planos de saúde e os funcionários com 7%.

Os Correios voltaram atrás em relação à decisão de suspender as férias dos trabalhadores. A estatal prevê a revogação da medida por 90 dias e disse que pagará até R$ 3,5 mil para os empregados que forem tirar férias em maio, junho e julho. O restante dos valores será parcelado. Os sindicatos querem que as férias sejam mantidas.

A estatal também disse que vai exigir compensação dos funcionários que faltaram nos últimos dias e descontar as ausências.

Crise nos Correios

Os Correios enfrentam uma severa crise econômica e medidas para reduzir gastos e melhorar a lucratividade da estatal estão em pauta.

Nos últimos dois anos, os Correios apresentaram prejuízos que somam, aproximadamente, R$ 4 bilhões. Desse total, 65% correspondem a despesas de pessoal.

Em 2016, os Correios anunciaram um Programa de Demissão Incentivada (PDI) e pretendia atingir a meta de 8 mil servidores, mas apenas 5,5 mil aderiram ao programa.

Os Correios planejam também fechar cerca de 200 agências neste ano, além de uma série de medidas de redução de custos e de reestruturação da folha de pagamentos. Segundo os Correios, o fechamento dessas agências acontecerá sobretudo nos grandes centros urbanos.

No dia 20 de abril, o presidente dos Correios, Guilherme Campos, afirmou que a demissão de servidores concursados está na pauta e vem sendo estudada. Segundo ele, os Correios não têm condições de continuar arcando com sua atual folha de pagamento e contratou um estudo para calcular quantos servidores teriam que ser demitidos para que o gasto com a folha fosse ajustado.

Nesta quinta-feira, no entanto, foi anunciada a escolha da organizadora do próximo concurso dos Correios para as áreas de saúde, segurança e engenharia para os cargos de auxiliar de enfermagem do trabalho júnior, técnico de segurança do trabalho júnior, enfermeiro do trabalho júnior, engenheiro de segurança do trabalho júnior e médico do trabalho júnior. O número de vagas e salários não foram divulgados.

O último concurso dos Correios foi realizado em 2011 para 9,1 mil vagas.