Economia
Apenas seis ações do Ibovespa têm queda no ano
Empresas exportadoras são exceção e perderam valor com queda do dólar
Apenas seis empresas de 58 listadas no Ibovespa, principal índice de ações das empresas brasileiras, não surfaram o movimento de alta da bolsa brasileira neste ano. A Bovespa acumula alta de quase 50% no ano e retomou patamares que não eram registrados desde 2012.
Dos 58 papéis que compõem o Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira, apenas 6 registram perdas no ano, até o fechamento de segunda-feira (24), segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica. São eles: Fibria (54,58%), Embraer (-48,18%), Suzano (-43,25%), Klabin (-28,87%), Marfrig (-5,83%) e BRF (-1,25%).
O fator em comum entre essas empresas é que, por serem grandes exportadoras, possuem boa parte da receita dolarizada, e sentiram mais a desvalorização do dólar, que caiu cerca de 20% ante o real no ano. No caso da Embraer, as perdas foram intensificadas pela investigação de pagamento de propina em contratos de vendas para o exterior.
“Elas têm a dependência do dólar em comum e perdem quando a receita é convertida para real", afirma Adeodato Volpi Netto, especialista em Mercado de Capitais da Eleven Financial.
Onda de otimismo
Com exceção das exportadoras, os papéis das demais empresas têm sido beneficiados pela onda de otimismo no mercado e ganham valor.
Segundo analistas de mercado ouvidos pelo G1, ainda há espaço para a bolsa continuar subindo nos próximos meses em meio a um maior otimismo com a condução da política econômica e aposta de investidores de que o governo conseguirá aprovas no Congresso medidas fiscais como a PEC 241 e levar adiante a sua agenda de reformas.
Até o fechamento da véspera, o Ibovespa acumula valorização de 47,78%. Somente na parcial de outubro, os ganhos acumulados chegam a 9,75%. O índice encerrou na semana passada aos 64.108 pontos – o maior patamar de fechamento desde abril de 2012 (64.284 pontos).
Nesta terça-feira, a Bovespa opera em queda, em sessão marcada por realização de lucros após a recente sequência de altas. Veja a cotação
7 papéis têm alta de mais de 100% no ano
Sete papéis do Ibovespa acumulam no ano, até o fechamento da véspera, alta de mais de 100% no ano, segundo a Economatica.
A ação preferencial da Gerdau Metalúrgica lidera os ganhos no ano, com valorização de 180,49%, seguida pela preferencial da Petrobras (171,64%). As outras cujos papéis dobraram de valor são: Usiminas PNA (167,72%), CSN (160,5%), Bradespar PN (143,89%), Gerdau PN (128,45%) e Petrobras ON (126,14%). Confira lista mais abaixo Segundo a Economatica, de um total de 160 ações negociadas na Bovespa com volume financeiro diário superior a R$ 500 mil, somente 24 tiveram rentabilidade negativa no acumulado no ano.
A carteira atual de ações do Ibovespa é composta por 58 ativos de 55 empresas. Os cinco ativos com maior peso na composição do Ibovespa são: Itauunibanco PN (10,594%), Ambev S/A ON (8,588%), Bradesco PN (7,955%), Petrobras PN (5,523%) e Petrobras ON (4,268%).
A bolsa brasileira acumula 3 anos seguidos de perdas. Em 2015, a Bovespa foi o pior investimento do ano, com perda de 13,31%. Em 2014 e 2013, o Ibovespa também acumulou baixas, de 2,91% e de 15,5%, respectivamente.
Maiores altas do ano no Ibovespa
Gerdau Met PN: 180,49% Petrobras PN: 171,64% Usiminas PNA: 167,72% Sid Nacional ON: (CSN) 160,5% Bradespar PN: 143,89% Gerdau PN: 128,45% Petrobras ON: 126,14% Banco do Brasil ON: 98,95% Raia Drogasil: ON 98,77% Bradesco PN: 89,73% Vale PNA: 87,02% Ecorodovias: ON 84,09% Smiles ON: 82,46% Cosan ON: 78,14% BMF&Bovespa: ON 73,52% Kroton: ON 73,25% Multiplan: On 71,04% Sabesp: ON 70,10% Bradesco: ON 69,93% CPFL Energia 65,48%
Quedas no ano no Ibovespa
Fibria ON: -54,58% Embraer ON: -48,18% Suzano Papel PNA: -43,25% Klabin S/A UNT N2: -28,87% Marfrig ON: -5,83% BRF ON: -1,25%
Disparada da Petrobras
A disparada das ações da Petrobras, levaram a petroleira a recuperar neste mês o posto de 2ª maior empresa em valor de mercado da Bovespa, em meio ao avanço do programa da estatal de venda de ativos e de redução de investimentos.
Segundo Eduardo Velho, economista-chefe da A2A Asset, os papéis da Petobras – os mais negociados da Bovespa - têm sido um dos termômetros de recuperação e melhora de otimismo dos investidores com o país.
"A Petrobras tem sido um bom indicador de que a alta é sustentável, porque é um papel com grande liquidez e capta a percepção do investidor estrangeiro ao risco macroeconômico do Brasil", afirma. "O governo cristalizou uma política de preços de mercado, tanto na Petrobras quando na Eletrobras, há uma programação clara de um viés privatizante, além do programa de leilões em infraestrutura previsto para o próximo ano", completa.
Mercado busca antecipar movimentos da economia
Os analistas lembram que os mercados financeiros tendem sempre a antecipar movimentos futuros da economia real, daí ser natural o atual descolamento entre o forte avanço da Bovespa mesmo em meio a ainda persistente recessão.
“Um primeiro fluxo de recursos costuma vir antes da recuperação da economia e, por um bom período, bolsa e economia caminham juntas até a chegada do próximo ciclo de reposicionamento, quando a bolsa tende a mexer antes de novo", explica Volpi Netto. "2017 tende a ser um ano em que a bolsa e a economia caminham mais perto uma da outra", avalia.
Segundo os operadores, mesmo com a provável correção de alguns papéis, há espaço para a bolsa sustentar um patamar acima de 65 mil pontos no ano até o final do ano, especialmente se o governo brasileiro continuar garantindo maioria no Congresso e avançar com medidas concretas no campo fiscal e dependendo do cenário externo como a manutenção de juros internacionais a patamares bastante baixos.
Entrada de recursos estrangeiros
Para Velho, da A2A Asset, outro ingrediente que garante o viés de alta para o Bovespa, é o ambiente externo mais favorável, com menos riscos potenciais. "No início do ano, a previsão era de 4 altas na taxa de juros nos EUA, agora ao que tudo indica só teresmo uma, em dezembro. Também não há ameaça aparentemente de alguma quebra de banco europeu", diz.
Taxas de juros próximas de zero nos Estados Unidos, Europa e no Japão tendem a fazer com que investidores busquem ativos de maior rentabilidade, como ações, e costumam garantir também um fluxo maior de capital estrangeiro para países emergentes como o Brasil. Com uma taxa de juros básicos em 14% ao ano, o país segue na liderança do ranking mundial de juros reais (descontada a inflação), com uma taxa de 8,49% ao ano – espécie de termômetro do retorno oferecido a detentores de títulos do Tesouro.
Os analistas ouvidos pelo G1 afirmam notar nos últimos meses uma maior disposição do capital estrangeiro em aplicações na Bovespa, além das tradicionais aplicações em papéis de grande voltatilidade e liquidez, o que sinalizaria uma maior retenção de investidores estrangeiros
Dados da BMF&Bovespa mostram que o ingresso líquido de capital estrangeiro na bolsa somou R$ 3,29 bilhões na parcial de outubro, até o dia 21 após retiradas (embolso de lucros) de R$ 2,24 bilhões em agosto e de R$ 1,96 bilhão em setembro. Entre janeiro e outubro, a entrada líquida de recursos do exterior está em R$ 16,33 bilhões.
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