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Cooperativa de catadores da lagoa Mundaú quer vencer desafios da profissão

Coopmundaú capacita seus 21 trabalhadores com ajuda do programa Cata Mais e busca valorizar o ofício dos catadores de recicláveis dos bairros lagunares de Maceió

Por Assessoria 06/11/2024 09h53
Cooperativa de catadores da lagoa Mundaú quer vencer desafios da profissão
A cooperativa reúne 21 trabalhadores - a maior parte ex-marisqueiras da Lagoa Mundaú - que desde 2022 geram sua renda mensal com a coleta seletiva - Foto: Assessoria

A atividade de catador de materiais recicláveis é uma profissão reconhecida pelo Ministério do Trabalho. Um ofício que ajuda o meio ambiente e dá sustento para milhares de famílias em Maceió. Mas viver da coleta seletiva tem grandes desafios e também direitos que precisam ser respeitados.

E este é um dos temas que vêm sendo debatidos pelos integrantes da Cooperativa de Catadoras e Catadores da Lagoa Mundaú (Coopmundaú) durante as oficinas de capacitação realizadas junto com o programa Cata Mais, do Governo do Estado. Os encontros acontecem na sede provisória da Coopmundaú, que funciona no Ecoponto do Vergel do Lago. O primeiro ocorreu no fim de outubro e o próximo será neste sábado (9), pela manhã. Cooperados e técnicos conversam sobre o papel social dos catadores, economia solidária, cooperativismo e também reforçaram conquistas obtidas.

Um momento considerado importante pela Assessora Técnica da Coopmundaú, Ana Lúcia Menezes, Educadora do Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu (Ceasb).

"São pessoas que tiram seu sustento na coleta seletiva e que ao mesmo tempo ajudam a salvar o meio ambiente. Eles fazem girar a cadeia da reciclagem de materiais como papel, alumínio, plástico e vidro. No entanto, a sociedade precisa valorizar mais esse potencial econômico, social e entender que a necessidade ambiental é urgente. E os catadores são fundamentais para uma cidade mais sustentável", enfatiza Ana Lúcia.

A cooperativa reúne 21 trabalhadores - a maior parte ex-marisqueiras da Lagoa Mundaú - que desde 2022 geram sua renda mensal com a coleta seletiva feita porta a porta, nos bairros lagunares da capital.DO SURURU PARA A RECICLAGEM

A importância de reciclar foi bem entendida pela dona Elineide Santos, que encontrou no trabalho cooperado uma fonte de renda segura, todo mês. Antes, ela catava sururu na beira da lagoa, mas a poluição e a sazonalidade do marisco eram sempre uma incerteza. Hoje, recebe pouco mais de um salário mínimo.

Ela conta que entrar para a Coopmundaú mudou muito sua vida. Revela que o trabalho é duro, mas se sente recompensada. "A gente sai pelas ruas com a bicicleta da coleta, com toda alegria, gritando 'Recicla ou não recicla? Vamos reciclar, minha gente!' e vai coletando. Outros colegas separam o plástico, papel, latinha. A gente vende pra reciclagem e assim vai ganhando nosso dinheirinho, todo mês tá lá', conta dona Elineide com seu otimismo contagiante.

A Coopmundaú é uma organização de trabalho gerida de forma coletiva, representada por uma diretoria eleita internamente, de maioria feminina. A presidente é a catadora Jane Cleide Nascimento, que se divide entre tarefas de gestão e operacionais, assim como as demais integrantes do Conselho de Administração, Cristiana Viana, Maria do Socorro Alves, Edniede Silva e a dona Elineide, ex-marisqueira. O único homem da direção é o catador Fábio Brandão.

Criada em 18 de fevereiro de 2022, é a mais nova das seis cooperativas de catadores da capital. Elas fazem parte do sistema de coleta urbana da cidade e têm contrato de prestação de serviço firmado com a Prefeitura de Maceió, conforme prevê o Plano Municipal de Resíduos Sólidos.

A Assessora Técnica Ana Lúcia destaca que as cooperativas são as responsáveis pela coleta, separação e venda do lixo reciclável para as indústrias de transformação. A coleta urbana regular faz o recolhimento geral domiciliar, levando o lixo doméstico (reciclável ou não) para o aterro sanitário.

"Como são organizações populares, existe uma rede de apoio técnico de instituições como Ceasb, que trabalham pela autonomia e fortalecimento destas cooperativas. É um modelo de negócio da Economia Solidária e que precisa muito da adesão da sociedade para funcionar", explica Ana Lúcia.

Em Maceió, a Coopmundaú faz a coleta seletiva nos bairros do Vergel do Lago, Ponta Grossa, Pontal da Barra, Prado, Trapiche e Levada. Além da coleta residencial, a cooperativa também oferece captação de materiais recicláveis de geradores maiores, como lojas, escolas, mercadinhos, supermercados e até hoteis.

A adesão social a qual a técnica se refere é bastante simples: separar e entregar o seu lixo reciclável nos dias da coleta seletiva. Para aumentar o contato com doadores e informar sobre os serviços, os cooperados mantêm o perfil @coopmundau no Instagram, onde mostram o dia a dia de trabalho e estimulam a educação ambiental.