Cooperativas

Quarentena impulsiona comércio eletrônico e exige adaptação de cooperativas

Novo coronavírus tirou as pessoas das ruas, transformou as rotinas de trabalho e fez muitos empreendedores reinventarem seus negócios

Por Revista Saber Cooperar 23/09/2020 17h36
Quarentena impulsiona comércio eletrônico e exige adaptação de cooperativas
Reprodução - Foto: Assessoria
De uma hora para a outra, o mundo mudou! O coronavírus tirou as pessoas das ruas, transformou as rotinas de trabalho e fez muitos empreendedores reinventarem seus negócios. Quem estava fora da internet correu para se atualizar. Não dava mais para ficar de fora da rede. Afinal, como bem disse Bill Gates, só existem dois tipos de empresa: as que fazem negócios pela internet e as que deixarão de existir. “A pandemia acelerou um processo de mudança que ainda estava germinando em muitos setores da economia. Pessoas que viam a transformação digital, a inovação, como uma coisa para investir nos próximos anos se viram no seguinte dilema: ‘ou eu invisto nisso, ou meu negócio morre’”, avalia Samara Araujo, coordenadora de Inovação do Sistema OCB. Dentro do cooperativismo, 64,6% das cooperativas aceleraram processos internos de inovação, implementando novas formas de relacionamento com os cooperados e/ou clientes. É o que revela a pesquisa O novo normal e as cooperativas, realizada entre 9 de abril e 6 de maio, pela Coonecta. Essa tendência vivenciada pelo cooperativismo é perceptível também nos outros setores da economia, como revela o relatório Neotrust, realizado pelo movimento Compre&Confie em parceria com o E-commerce Brasil. O estudo revela que: no primeiro trimestre de 2020 houve um crescimento de 32,6% nos pedidos on-line realizados no Brasil em comparação ao mesmo período do ano passado, atingindo um total de quase 50 milhões de transações; com o aumento do número de vendas, o faturamento das plataformas de e-commerce teve um incremento de 26,7% em relação ao primeiro trimestre de 2019, totalizando mais de R$ 20 bilhões; quase 16 milhões de brasileiros adquiriam algum produto ou serviço pela internet nos três primeiros meses do ano. Alta de 22,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. Confira, a seguir, a história de uma cooperativa que soube se reinventar nesta pandemia e está surfando na onda dos negócios on-line. METAMOFORSE EM 15 DIAS Nome: Cooperativa de Ensino de Língua Estrangeira Moderna (Cooplem) Ramo: Trabalho, Produção de Bens e Serviços Estado: DF Mudança implementada: Migração das aulas presenciais para uma plataforma digital de ensino. Um dos setores mais impactados pela pandemia do coronavírus foi o educacional. Em todo o país, as aulas de escolas, cursos de idiomas e universidades estão suspensas desde o começo de março. Diante desse cenário, a primeira cooperativa de idiomas do Brasil — a Cooperativa de Ensino de Língua Estrangeira Moderna (Cooplem) — soube inovar rapidamente seu modelo de operação. Conseguimos colocar toda a equipe do presencial para trabalhar on-line em 15 dias, o que acho um tempo recorde”, comemora Débora Lima, presidente da Cooplem. Ela explica que, desde o ano passado, havia um projeto de desenvolvimento de uma plataforma de ensino virtual. “A pandemia nos obrigou a acelerar esse processo. Foi desafiador, mas valeu a pena”, comemora. Hoje, todas as aulas, os plantões, as atividades e avaliações da cooperativa funcionam digitalmente em uma plataforma que reúne mais de 7.500 alunos e 140 professores. As aulas são transmitidas ao vivo, nos mesmos horários das antigas turmas presenciais. De casa, os alunos acessam a plataforma da escola (https://online.cooplem.com/) usando login e senha, e participam das aulas por meio do Google Meet — serviço de videochamada que permite reunir até 250 participantes. Antes de colocar a plataforma no ar, a direção da Cooplem teve o cuidado de realizar capacitações virtuais com os professores. Objetivo? Ensiná-los a lidar da melhor forma possível com as novas ferramentas do ensino a distância (EaD). Também foram desenvolvidas atividades de adaptação para alunos ao novo formato de ensino. “Criamos tutoriais, vídeos e posts explicando o passo a passo do ED. Uma equipe foi disponibilizada para dar suporte aos alunos que enfrentassem alguma dificuldade, com colaboradores ajudando a criar os logins e a fazer as configurações necessárias para acessar a plataforma e entender o seu funcionamento. Tem sido uma adaptação para eles, e para nós também”, conta Débora. O novo formato das aulas tem agradado os estudantes. “Particularmente, gosto muito das aulas on-line, porque a gente tem recursos muito bons, como filmes ou músicas, que às vezes não temos condição de usar na aula presencial”, avalia Giovanna Nolasco, aluna da Cooplem desde os 10 anos de idade. Para ela, a única dificuldade do formato digital foi encontrar maneiras de se manter concentrada na telinha do computador. Fazer as coisas em casa não é fácil, porque tem muito mais distração do que dentro de uma sala de aula. Então você realmente precisa estabelecer um horário fixo, fechar a porta e falar ‘agora não dá pra ter contato com ninguém’”, orienta a estudante. Quando toda essa crise passar, a Cooplem não pensa em retroceder em relação às aulas digitais. “Nosso objetivo, agora, é ampliar nossa atuação on-line, levando nossos cursos para todo o Brasil”, vislumbra Débora. O primeiro passo nesse sentido já foi dado. Em 16 de junho, foi lançado na internet o Cooplem em Casa — nova modalidade de curso 100% digital. Segundo ela, a projeção é alcançar no mínimo 13 mil novos alunos pela rede mundial dos computadores. Dessa forma, a cooperativa atuará nas duas frentes, tanto on-line quanto presencial, nas 12 unidades no Distrito Federal.