Cooperativas

Cooperativas mostram-se presentes onde demais instituições financeiras não estão

182 cidades no Brasil contam somente com o atendimento das cooperativas de crédito

Por OCEMG 02/04/2020 14h57
Cooperativas mostram-se presentes onde demais instituições financeiras não estão
Reprodução - Foto: Assessoria
De acordo com o Banco Central do Brasil (Bacen), as cooperativas de crédito congregam atualmente mais de 11 milhões de cooperados e estão presentes em 47% dos municípios brasileiros. Vale destacar que do total de 5.570 municípios existentes no país, mais de 40% não possuem agências bancárias. Nesse contexto, as cooperativas de crédito se tornam ainda mais importantes. Em muitos locais, elas são a única alternativa de crédito para comunidades inteiras. Relatório do Bacen (2019) confirma que 182 cidades no Brasil contam somente com o atendimento das cooperativas de crédito, sendo que em todos a população registrada está abaixo de 15 mil habitantes. Os dados reforçam o papel inclusivo do setor na sociedade. O cooperativismo de crédito tem grande relevância na economia do país e está cada vez mais em destaque no Sistema Financeiro Nacional. Em Minas Gerais, o segmento apresentou maior número de cooperados e maior movimentação econômica entre os demais ramos cooperativistas em 2018. As 184 cooperativas mineiras reuniram 1,3 milhão de cooperados, mantiveram 11,4 mil empregados e movimentaram R$21,4 bilhões, sendo responsáveis ainda por 40% de toda a movimentação do cooperativismo mineiro no mesmo período. As cooperativas de crédito estão presentes 499 municípios do Estado, com 834 Postos de Atendimento. Setor registra crescimento acelerados nos últimos anos Apesar do cenário de baixo desempenho da atividade econômica no Brasil nos últimos anos, o cooperativismo de crédito ampliou sua parcela de mercado em ritmo superior ao do sistema bancário em 2019 segundo dados da Fipe. O resultado se deve à solidez das operações do setor e pela proximidade das cooperativas com seus cooperados e comunidade. A Tabela a seguir faz um comparativo do resultado das cooperativas do Sistema Sicoob em comparação com as principais instituições financeiras do país. O segmento apresentou um recuo de 1,3% em relação a 2018 no indicador sobras/lucros. Em todos os demais critérios, o crescimento é confirmado na casa de dois dígitos percentuais, superando as maiores instituições financeiras do país, com intensa ampliação na participação de mercado. Novos cenários, novos desafios Considerando o cenário econômico mundial, a expectativa de crescimento do PIB era de 3% para 2020. Com o Covid-19, entretanto, a previsão passou a ser de estagnação. O Brasil, que tinha uma estimativa de crescimento do PIB em 2,2% para o ano, provavelmente amargará um resultado de 0% segundo projeções do Bacen divulgadas em 26 de março. “Sem dúvida, a pandemia ocasionada pelo coronavírus colocará a economia mundial em crise, em um contexto de incertezas, angústias e preocupações”, analisa a gerente de desenvolvimento e monitoramento de cooperativas, Vitória Drumond. “Porém, as cooperativas de crédito têm sido solução relevante para PJ e PF em todo o Brasil, e serão, sem dúvida, mais uma vez base sólida para a sociedade em tempos econômicos difíceis”, completa. Especialistas confirmam um cenário futuro de recessão econômica sem precedentes, que pode também resultar em oportunidades para as cooperativas de créditos que estiverem atentas a essa nova realidade. A tendência do sistema financeiro é fomentar a desburocratização na concessão de crédito e o seu acesso a taxas de juros atrativas, na tentativa de contribuir na reconstrução dos negócios, geração de empregos e auxílio a famílias na busca pelo equilíbrio financeiro doméstico. Com uma taxa básica de juros (Selic) de 3,75% a.a, as cooperativas de crédito vão precisar aumentar sua eficiência e sua presença em função da tendência de maior demanda por operações de crédito desburocratizadas, flexíveis e ágeis, principalmente para pessoas físicas de baixa renda, micro e pequenas empresas. A busca por novos cooperados e novos nichos também pode se tornar um posicionamento estratégico principalmente a partir de novembro com a implementação do PIX pelo Banco Central. Intercooperação também é solução A intercooperação no cenário de crise e pós-crise deve ser promovida pelas cooperativas de crédito, por meio de parcerias ou alianças estratégicas para oferecer crédito mais vantajoso no mercado, considerando ainda parceria também com cooperativas de outros ramos para que todos saiam ganhando. É o que orienta a economista e analista técnica do Sistema Ocemg, Jaqueline Silva. “Fomentar alianças estratégicas com outras cooperativas de crédito é relevante para negociar melhores condições junto a fornecedores comuns. Assim, todo o setor cooperativista poderá se consolidar no mercado e contribuir de forma econômica e social para suas comunidades enfrentarem a crise econômica prevista para depois do COVID-19”, alerta. Segundo dados do Bacen, nos municípios com presença de cooperativas de crédito existe um incremento no PIB per capita de 5,6%, crescimento do emprego formal em 6,2%, com aumento de 1% do salário médio, além de mobilização de R$ 2,45 em renda a cada R$ 1 concedido, bem como geração de um posto de trabalho a cada R$ 35,8 mil concedidos pelas cooperativas na média.