Cooperativas

20ª Feira da Reforma Agrária ocupa Maceió com os frutos da luta pela terra

Organizada pelo MST em Alagoas, a Feira deve reunir centenas de trabalhadores rurais

Por Texto: Gustavo Marinho com MST Alagoas 03/09/2019 15h56
20ª Feira da Reforma Agrária ocupa Maceió com os frutos da luta pela terra
Reprodução - Foto: Assessoria
Por mais um ano Maceió recebe a Feira da Reforma Agrária, organizada pelo MST. Em 2019, os Sem Terra realizam a 20ª edição da atividade que já é tradicional no calendário dos camponeses e camponesas, bem como da população maceioense que visita e consome a produção vinda para a Feira. Reunindo centenas de feirantes de todas as regiões do estado, a Feira ocorre de 4 a 7 de setembro, na Praça da Faculdade, no bairro do Prado. “Esse ano a Feira tem uma simbologia especial, são 20 anos de realização desse momento que estabelece um grande encontro entre o campo e a cidade”, explicou José Neto, da direção nacional do MST. De acordo com Neto, os Sem Terra trazem para a praça as diversas expressões do que querem e defendem para o campo alagoano e brasileiro. “Nossa vinda para a cidade é uma verdadeira prestação de contas à sociedade, mostrando concretamente os frutos das nossas lutas, com o resultado das nossas ocupações e marchas”. “Trazer para a Feira a diversidade da produção de alimentos saudáveis, a cultura popular, os cuidados com a saúde, a culinária da terra... Todos esses elementos expressam o nosso projeto para o campo e que dialogam diretamente com quem vive na cidade”. Em sua 20ª edição, a Feira em Alagoas é o mais antigo processo de comercialização direta promovido pelos Sem Terra em todo o Brasil, sendo hoje uma das principais estratégias adotadas pelo Movimento para estreitar o diálogo com a sociedade. Festival de Cultura Popular Compondo a programação da Feira, o também tradicional Festival de Cultura Popular leva para a Praça da Faculdade em 2019 cerca de 30 atrações artísticas ao longo dos quatro dias de Feira, com apresentações em dois palcos gratuitos para o público. “Uma diversidade de artistas e grupos populares passam pela Praça da Faculdade durante todos os dias de nossa Feira. Todas as tardes e noites são repletas de atrações com muita música, poesia e teatro, tudo de graça para quem vier prestigiar a nossa atividade”, comentou José Neto. Segundo o dirigente Sem Terra, as apresentações ocorrem todos os dias a partir das 14 horas, com apresentações no palco que homenageia a indígena Raquel Xukuru-Kariri e a partir das 18 horas no Palco da Praça Central. Entre as diversas atrações da Feira, sobe ao palco da Praça Central no próximo dia 06 o cantor Odair José, que promete embalar o público com os clássicos sucessos de sua carreira. Conferências e oficinas Uma das novidades da Feira esse ano são as realizações das Conferências, com debates em torno da produção de alimentação saudáveis e da luta pela soberania nacional e popular. Débora Nunes, da coordenação nacional do MST, reforçou a importância da realização das conferências com a sociedade. “Queremos com a realização da Feira possibilitar um amplo espaço de diálogo e debate de ideias com a sociedade. A realização das conferências em nossa programação são mais espaços de estreitar, aprofundar e qualificar o debate com temas que assumem uma importante centralidade no momento que vivemos”. Realizada na próxima quinta-feira (05), a primeira conferência tratará do tema da produção de alimentação saudável, com a presença do Deputado Federal pelo estado de São Paulo, Nilto Tatto, que integra a Comissão de Meio Ambiente da Câmara Federal; da atriz e ativista Pally Siqueira; além da presença do também coordenador nacional do MST, João Paulo Rodrigues. Já na sexta-feira (06), a conferência debate a luta pela terra e a defesa dos territórios em Alagoas, reunindo lideranças indígenas, quilombolas e Sem Terra. Todos os debates ocorrem na Praça Central da Feira da Reforma Agrária, sempre a partir das 10 horas. “Além das nossas conferências, a Feira por si só é um grande convite ao debate e a reflexão. Por mais um ano teremos a Tenda de Educação Popular em Saúde, com oficinas e práticas integrativas de saúde, a comercialização de livros da Editora Expressão Popular, além das exposições de experiências vindas dos assentamentos e acampamentos da Reforma Agrária, a partir da organização da produção em suas cooperativas”, comentou Débora. 20 anos de história Vandélia Santos, assentada no Assentamento Fidel Castro, na Zona da Mata de Alagoas, no município de Joaquim Gomes é uma das feirantes que vai ocupar uma das centenas de bancas espalhadas pela Praça da Faculdade com sua produção. Por mais um ano Vanda, como é conhecida, trará para Maceió uma diversidade do que é produzido na sua região: laranja, banana, batata e feijão. Em 2019, Vanda completa a participação em 11 Feiras organizadas pelo MST em Maceió. “Para mim é sempre uma honra poder vir para a Feira. Aqui a gente não só vende, a gente pode mostrar para a sociedade o sentido da nossa luta, que é a produção de alimentos saudáveis para chegar na mesa do povo”. “Estamos nos organizando há meses para a Feira desse ano. No assentamento todo mundo se envolve. No trabalho no lote, até a organização do transporte para a produção chegar na Praça, tudo é possibilitado pela participação coletiva. O resultado é a beleza da nossa Feira. Quem vem uma vez não deixa de vir nunca mais”.