Ciência e Tecnologia

Ufal inicia geração de energia no Campus Maceió com miniusina solar

Márcio Cavalcante, coordenador do Projeto de P&DI que viabilizou a miniusina, destaca a importância do empreendimento, conectada à rede elétrica da Equatorial Alagoas

Por Lenilda Luna / Ascom Ufal 27/06/2023 15h31 - Atualizado em 27/06/2023 18h47
Ufal inicia geração de energia no Campus Maceió com miniusina solar
Miniusina solar fica na entrada do campus A.C. Simões - Foto: Ascom Ufal

A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) deu um importante passo rumo à sustentabilidade e à formação de profissionais qualificados na área de Energias Renováveis. Na última sexta-feira, 16 de junho, foi comissionada a miniusina solar da instituição, conectando o sistema à rede elétrica da distribuidora Equatorial.

O empreendimento, além de suprir parte da demanda energética da Universidade, também servirá como espaço de ensino e como laboratório para a realização de pesquisas no âmbito dos cursos de graduação e de pós-graduação da instituição.

A Miniusina Solar Fotovoltaica da Ufal está localizada ao lado do Fórum Universitário, na entrada do Campus A.C. Simões, em Maceió, com área de três mil metros quadrados. O espaço tem uma sala de aula e treinamento; eletrocentro, onde estão instalados os inversores; secretaria; sala de reuniões; almoxarifado; e a cobertura, destinada à instalação de estações meteorológicas.

A miniusina também funcionará como um laboratório didático e de pesquisa, oferecendo oportunidades para estudos e experimentos relacionados à geração de energia solar.

O equipamento poderá ser utilizado para o desenvolvimento de projetos ligados ao Campus de Engenharias e Ciências Agrárias (Ceca), ao Instituto de Computação (IC) e ao Centro de Tecnologia (Ctec). “Com projeto inovador, a miniusina se destaca como uma importante infraestrutura para a formação de profissionais capacitados nas áreas de eficiência energética e geração distribuída fotovoltaica”, comemora o professor Márcio Cavalcante, coordenador do Projeto de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, que viabilizou a miniusina.

O projeto foi financiado pela Equatorial Energias Alagoas dentro do escopo da Chamada de Projeto Prioritário de Eficiência Energética e Estratégica de P&DI nº 1/2016 (Eficiência Energética e Minigeração em Instituições Públicas de Educação Superior) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), sendo aprovado sem restrições e com a terceira melhor nota (04) entre as 11 propostas aprovadas, de um universo de 27 propostas submetidas no país.

O Professor Márcio Cavalcante destaca o envolvimento no projeto de P&D de pesquisadores e bolsistas de diferentes cursos e unidades da instituição, com destaque para os cursos de Engenharia de Energia do Ceca, Engenharia de Computação do IC e Engenharia Civil do Ctec, por meio das participações dos professores André Aquino, Davi Bibiano, Igor Torres e Wellinsílvio Santos.

Um dos principais objetivos dessa iniciativa é proporcionar um ambiente de aprendizagem, capaz de integrar teoria e prática nos campos da eficiência energética e das energias renováveis. “A sala de aula será utilizada por turmas avançadas dos cursos de Engenharia do Ceca, do IC e do Ctec, permitindo que os estudantes vivenciem de perto os processos de geração, distribuição e uso da energia solar”, anunciou Márcio.

Miniusina solar da Ufal (Foto: Ascom Ufal)

Além da contribuição na formação profissional e na pesquisa, a miniusina vai permitir uma economia de energia fundamental para a universidade, já que as despesas com energia elétrica são um dos principais itens de custeio no Campus A.C. Simões. São 360 módulos fotovoltaicos e quatro inversores de um sistema com 125 kWp de potência, além de um estacionamento solar com três vagas preferenciais, 27 módulos fotovoltaicos e dois inversores com 9 kWp de potência, totalizando 134 kWp de potência instalada na miniusina.

O projeto da edificação de suporte da Miniusina conta com um relatório de simulação de eficiência energética e foi concebido com a intenção de obter nível A nos três aspectos analisados no processo de Etiquetagem (envoltória, iluminação e condicionamento de ar). “Assim, pretende-se realizar a contratação de um Organismo de Inspeção Acreditado (OIA) pelo Inmetro, visando a obtenção da Etiqueta PBE Edifica, sendo esta edificação a primeira etiquetada na instituição, e muito provavelmente no estado”, informou Márcio.

Vale destacar que esta edificação será candidata ao Selo Procel Edificações, uma vez que o projeto foi concebido para obter nível de classificação A nos três aspectos de eficiência energética que são analisados. “O Selo Procel Edificações tem por objetivo principal identificar as edificações que apresentam as melhores classificações de eficiência energética, tanto na etapa de projeto, válido até a finalização da obra, quanto na etapa da edificação construída”, complementou o pesquisador.

A geração de energia solar no sistema elétrico contribui para a diversificação da matriz energética, reduzindo a dependência de fontes não renováveis, como os combustíveis fósseis. Além disso, a energia solar é uma fonte limpa, ou seja, não emite gases de efeito estufa nem poluentes atmosféricos significativos durante a sua produção. Isso contribui para a redução das emissões de gases causadores do aquecimento global e para a preservação do meio ambiente.

Pesquisas envolvidas

Como destacou o professor Márcio Cavalcante, grupos de pesquisa da Ufal produziram conhecimentos e desenvolveram equipamentos que colaboraram na implantação da Usina Solar. No Instituto de Computação, o professor Davi Bibiano reforça esse envolvimento. “Trabalhamos desde a concepção da proposta de P&DI até a execução. Contribuímos com a especificação de equipamentos e instrumentação e também no campo da pesquisa”, relatou Bibiano.

No aspecto da pesquisa, Davi Bibiano colabora na produção acadêmica sobre Previsão de Geração Fotovoltaica a partir de Dados Meteorológicos utilizando Rede LSTM. “O problema com a energia solar é que, ao contrário da fonte hidráulica, que já tem um reservatório, na geração de energia solar e na eólica, acontecem interrupções por causa do sol e do vento que não são constantes. Essa característica, com a diminuição da geração de energia de placas solares, já provocou alguns apagões em países com alto uso da energia solar”, explicou o pesquisador.

Miniusina solar da Ufal (Foto: Ascom Ufal)

O trabalho desenvolvido pelo grupo de pesquisa coordenado por ele foi elaborar um sistema que consegue prever a geração de energia a partir das condições meteorológicas, com precisão de quase 100%. “Construímos uma Estação Solarimétrica no teto da usina, que capta os raios solares e os dados de geração dos inversores, com a medição da energia gerada nos módulos. Desenvolvemos o hardware e o software no IC, que são equipamentos para mensurar parâmetros solares, como, por exemplo, radiação solar global, direta e difusa, entre outras. Então, com antecipação de cinco minutos, é gerado um alerta para que seja possível recompor o sistema elétrico antes de um blecaute”, detalhou Bibiano.

Outro pesquisador participante é André Aquino, sócio fundador e consultor da empresa de pesquisa Ny Research. Coordenador do Laboratório de Computação Científica e Análise Numérica (Laccan), ele atua em projetos de eficiência energética: “Desenvolvemos algoritmos de desagregação de energia através de Monitoramento Não-Intrusivo de Carga, usando análise de séries temporais, através da busca de padrões e de técnicas de teoria da informação, fusão de dados e dados detalhados do consumo de dispositivos obtidos de diferentes sensores de monitoramento”.

Por intermédio desses dados de medição e monitoramento de medidores são realizados estudos de assinaturas individuais de dispositivos elétricos e de descoberta de padrões e anomalias no consumo de carga. “Também pesquisamos sobre o potencial de ferramentas de análise de sinais e teoria da informação na desagregação de energia; otimização das técnicas de recuperação de informação e identificação de padrões em medição de alimentadores e de Unidades Consumidoras de Média Tensão; aplicações gerais para prédios inteligentes”, finalizou André Aquino.