Ciência e Tecnologia
Aplicativo promove acesso à cultura para deficientes visuais
Aprovado pela Fapeal, projeto será executado por pesquisadores de Ufal e do Ifal no Museu do Palácio Floriano Peixoto
Imagine-se sem poder enxergar. Agora pense no que faria para se divertir em tais condições. Será que ir a um museu entrará nesta escolha? É mais ou menos assim que deficientes visuais percebem os espaços de arte e cultura. Para eles, ir a estes locais não se enquadra como primeira opção de lazer. Mas um aplicativo alagoano quer mudar tal perspectiva e colocar a cultura de fato ao alcance deles.
O projeto interdisciplinar encabeçado pelo professor e coordenador do curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Fábio Coutinho, quer promover a acessibilidade por meio de um aplicativo que, embora ainda não tenha nome, tem gerado entusiasmo nos envolvidos.
A ideia consiste em disponibilizar uma ferramenta no sistema operacional Android para que deficientes visuais consigam consumir arte e cultura. No projeto-piloto, o Museu do Palácio Floriano Peixoto, em Maceió, será utilizado para a implantação.
No museu, serão instalados sensores que permitirão que o aplicativo seja executado guiando o utilizador. O aplicativo fará ainda o detalhamento da arte pela audiodescrição. Atrelado a isso, o projeto quer garantir a viabilidade física do museu para o acesso de pessoas cegas. Isto é, adaptar o espaço para o público não apenas de forma sensorial, mas também fisicamente.
“O projeto busca utilizar a tecnologia da internet para apoiar o desenvolvimento de um aplicativo móvel que torne o Museu do Palácio acessível para pessoas com deficiência visual. Consiste na instalação de sensores nas peças do museu e o aplicativo irá ajudar a guiar e fornecer a audiodescrição dessas peças”, aponta Fábio Coutinho.
A equipe de estudos envolve outras áreas porque o uso da tecnologia não seria suficiente para garantir a execução do projeto, explica o professor. Além do desenvolvimento do aplicativo, será necessário um estudo de viabilidade no museu e o envolvimento de áreas ligadas ao Turismo que consigam garantir a atratividade da ferramenta. Para isso, foram convocadas pessoas ligadas a um projeto de extensão do curso de Turismo do Campus Maceió do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) que já faz um trabalho de acessibilidade.
O grupo realiza capacitações de guias turísticos de Alagoas para lidar com o público especial. Além desta iniciativa, somam-se ao projeto outros professores da Ufal e Ifal de áreas, como turismo, geografia e artes, que irão contribuir para que o acesso dos deficientes visuais às obras de arte do museu seja completo. Segundo Coutinho, a iniciativa foi motivada pela falta de ações de acessibilidade não só em Alagoas, mas em âmbito nacional.
“Precisamos melhorar e muito, não só em Alagoas. Promover a inclusão principalmente no aspecto cultural é mais importante ainda, porque é difícil que pessoas cegas tenham acesso à cultura sem precisar ter alguém auxiliando. Isso garante a autonomia da pessoa cega na visitação e no consumo cultural”, afirma.
Ainda segundo o pesquisador, o projeto foi aprovado pela Fapeal e terá 12 meses para ser executado, mas já estão sendo estudadas formas de ampliar para outros espaços culturais e outras plataformas, como o iOS.
“Acredito que o prazo vai ser suficiente, já iniciamos pesquisas que permitam desenvolver novos produtos, não termina nos 12 meses. Esse é o tempo para prever os resultados e pensarmos em desdobramentos. Ela será inicialmente uma plataforma para Android, mas também precisamos colocar no iOS. Queremos buscar recursos e tornar o projeto possível em mais lugares, em outros museus”, diz Coutinho. Não existem números fechados sobre a quantidade de deficientes visuais no estado. A Associação de Cegos de Alagoas (Acal) estima que a quantidade ultrapasse 2 mil pessoas.
No Brasil, a estimativa segundo o censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é que existam mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 582 mil cegas e seis milhões com baixa visão.
Leia mais nas versões impressa e digital da Tribuna Independente
Mais lidas
-
1Grave acidente
Jogador da base do CSA tem amputação parcial de uma das pernas
-
2Falência
Laginha: Alagoas vai receber R$ 160 milhões
-
3A hora chegou!
‘A Fazenda 16’: Saiba quem vai ganhar e derrotar os adversários no reality da Record TV
-
4Streaming
O que é verdade e o que é mentira na série Senna, da Netflix?
-
5Provedores de Internet
Associação denuncia ataque em massa que pode prejudicar mais de meio milhão de internautas em Alagoas