Ciência e Tecnologia

Pesquisa mapeia mortes por selfies e cria app para evitá-las

Índia é país com maior número de mortes, seguido de Paquistão; grupo americano está desenvolvendo aplicativo que identifica foto feita sob situação de risco.

Por G1 19/11/2016 13h36
Pesquisa mapeia mortes por selfies e cria app para evitá-las
Reprodução - Foto: Assessoria

Pesquisadores americanos estão desenvolvendo um aplicativo que promete ajudar a reduzir o preocupante número de pessoas que morrem a cada ano tirando selfies.

O aplicativo, ainda em fase de testes, avisa quando as pessoas estão em situação em risco.

Em um estudo, os pesquisadores apontam que 15 pessoas morreram por causa de selfies em 2014, 39 em 2015 e 73 nos primeiros oito meses de 2016.

O estudo, conduzido pelo estudante de doutorado Hemank Lamba e por uma equipe de amigos da universidade de Carnegie Mellon em Pittsburgh, nos Estados Unidos, também mapeia os locais e causas das mortes, em vários lugares do mundo.

O que eles descobriram?

Para conquistar seguidores, usuários do Instagram se arriscam em selfies nas alturas. (Foto: Reprodução/BBC)

O primeiro registro (de uma fonte confiável) de alguém que morreu por causa de uma selfie é de março de 2014. Desde então, Hemank e sua equipe de pesquisadores descobriram que foram registradas 127 mortes em razão de selfies em todo o mundo.

76 ocorreram na Índia, nove no Paquistão, oito nos Estados Unidos e seis na Rússia. O estudo não registrou nehuma morte por selfie no Brasil.

A causa mais provável de morte é por queda de uma grande altura, com pessoas indo até penhascos e topos de prédios para tirar selfies e impressionar seguidores nas mídias sociais.

Índia é o país que mais registrou mortes causadas por selfies. (Foto: Reprodução/BBC)

Quanto melhor a selfie, mais curtidas e seguidores você pode conseguir em mídias sociais como o Instagram. Assim, não é suficiente apenas tirar uma foto no espelho. Um russo chamado Kirill Oreshkin, seguido por 17.900 pessoas, é conhecido por suas fotos em cima de edifícios.

Outros usuários do Instagram, como Drewsssik, também conquistaram um grande números de seguidores com imagens tiradas em cima de estruturas altas. Ele morreu em 2015 depois de cair de um edifício.

Pesquisadores estão desenvolvendo app quealertará sobre risco de selfies. (Foto:Reprodução/BBC)

Além do caso de Drewsssik, há o de uma menina russa de 12 anos, conhecida como Oksana B, que morreu em outubro de 2016 depois de subir em uma varanda para tirar uma selfie.

Quais são as causas de morte em diferentes partes do mundo?Na Índia, há mais mortes por selfies envolvendo trens, o que Hemank e sua equipe disseram estar relacionado à "crença de que posar sobre ou perto dos trilhos com seu melhor amigo é considerado romântico e um sinal de uma interminável amizade".

Nos EUA e na Rússia, uma grande proporção das mortes ocorreu por causa do uso de armas, o que os pesquisadores acreditam estar ligado às leis mais liberais dos dois países quanto ao porte.

O que pode ser feito sobre as mortes causadas por selfies?Hemank e sua equipe esperam desenvolver um aplicativo que alertará os tiradores de selfie quando a busca pela melhor foto coloca sua vida em perigo.

Russo Kirill Oreshkin, que posta fotos em cima de edifícios, tem quase 18 mil seguidores no Instagram. (Foto: Reprodução/BBC)

Eles esperam que o aplicativo seja capaz de identificar quando alguém está tirando uma foto em um ponto alto, perto de trilhos de trem ou em outras situações perigosas e alertá-los sobre um possível risco.

Isso seria feito por meio de uma combinação de serviços de localização e reconhecimento de partes de imagem que sugerem um local inseguro.

A equipe testou 3000 selfies com um algoritmo desenvolvido por ela. Os pesquisadores afirmam que há uma taxa de sucesso de mais de 70% quando se trata de identificar uma foto arriscada.

Mas eles ainda estudam a melhor forma de fazer o alerta, para evitar que uma situação de perigo se tornar ainda mais perigosa.