Cidades
Acidentes de trânsito têm custo de R$ 3,5 milhões em Alagoas
Dados se referem ao custo para o SUS com tratamento a sequelados nos acidentes
Os acidentes envolvendo motocicletas já são um problema de saúde pública. Quem faz o alerta é cirurgião geral e de traumas do Hospital Geral do Estado (HGE), Amauri Clemente, em entrevista à Tribuna e que coordena o setor Urgência e Emergência do hospital.
O motivo da preocupação do médico é em função de que os acidentes de motocicleta têm representado um custo elevado para o Sistema Único de Saúde (SUS). Em Alagoas, os gastos com acidentes de trânsito somaram R$ 3.481.633, com um custo médio por paciente de R$ 1.378,00, de acordo com levantamento no Ministério da Saúde realizado em 2023.
Somente no Hospital Geral do Estado (HGE), onde Amauri trabalha, cerca de 30% dos atendimentos diários são de vítimas de trauma, com dois terços desses casos envolvendo acidentes de moto. Os dados são só para tratamento, sem levar em consideração a reabilitação e a perda por dias de trabalho não realizados.
No Brasil, os acidentes de trânsito consumiram em valores o equivalente a R$ 388 milhões. Desse total, os acidentes de moto consumiram 61% desse valor. Ou seja, dos R$ 388 só os acidentes de moto consumiram R$ 239,4 milhões.
HGE e Hospital do Agreste são referências para acidentes com motos
“O aumento do número de motocicletas nas ruas contribui para o crescimento dos acidentes, impactando principalmente jovens e resultando em sequelas e afastamento do trabalho”, diz Amauri.
De acordo com o cirurgião, o HGE e a Unidade de Emergência do Agreste são os principais hospitais de referência para o tratamento de traumas complexos decorrentes de acidentes de moto em Alagoas.
“O fato é que os acidentes de motocicleta vêm aumentando nas últimas décadas em decorrência do crescimento do número de motocicletas que são jogadas no comércio. Então, pela facilidade de compra, pela facilidade de trânsito, pelo baixo consumo de combustível, isso tem favorecido o crescimento e a compra, mas, ao mesmo tempo, tem aumentado o número de motos, aumenta o número de acidentes”, completa o cirurgião.
EPICENTROS
As regiões Sudeste e Nordeste concentram a maioria dos casos. Na Bahia, o Hospital Ortopédico de Salvador, referência no atendimento a vítimas de trânsito, recebe semanalmente dezenas de pacientes com fraturas graves — metade deles, motociclistas.
Em São Paulo, a Justiça suspendeu os serviços de mototáxi por aplicativo após a morte de uma jovem de 22 anos, que foi atingida por uma porta de carro enquanto estava na garupa de uma moto.
Na capital paulista, mais de 40 mil pessoas foram internadas, só este ano, em hospitais públicos, vítimas de acidentes de trânsito envolvendo motos. “Essa epidemia de acidente de trânsito ela é tão grave que, em 71% dos municípios do Brasil os acidentes de trânsito matam mais do que as armas de fogo. Mais de 60% estão em cima de uma moto. Ela tem 17 vezes mais chance de morrer se tivesse sofrido um acidente dentro de um automóvel”, disse o presidente da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Antônio Meira Júnior, em entrevista ao Programa Fantástico, da Rede Globo.
Ainda de acordo com a Abramet, as vítimas são, em sua maioria, jovens entre 20 e 39 anos. São quase sete mortes por dia no trânsito.
TRANSPORTES
Faixa azul para motos é protocolada em Ministério
Para tentar diminuir esse impacto no Estado, o ex-deputado estadual Anivaldo Luiz da Silva, o “Lobão”, tenta aprovar, junto ao Ministério dos Transportes, um projeto intitulado “Faixas para motos nas cidades do Brasil”, que tem como modelo a cidade de São Paulo. Mesmo sem mandato eletivo atualmente, Lobão é o presidente nacional do Movimento Faixa para Motos.
De acordo com ele ao defender o projeto, já tinha conhecido a motofaixa em São Paulo, quando ainda era deputado estadual por Alagoas. Ele conta que, à época, solicitou ao governo do Estado que fizesse uma parceria com os municípios e buscasse autorização do Ministério dos Transportes. “O projeto visa implementar faixas exclusivas para motos em todo o Brasil, começando por Maceió”, defende Lobão.
“É um projeto que requer um estudo, mas sua implantação é barata. E tem um grande impacto na segurança do motociclista, porque ajuda a organizar melhor o trajeto, de modo a torná-lo mais seguro. E com isso a gente reduz acidentes, inclusive os fatais”, disse Lobão à Tribuna.
De acordo com o ex-deputado, já protocolou um requerimento no Ministério dos Transportes solicitando autorização para a implantação em todo o Brasil.
“O senador Renan Calheiros está auxiliando na interlocução com o ministro dos Transportes, o ex-governador Renan Filho, para transformar o projeto em política pública nacional”, informa Lobão.
Segundo ele, a implementação das faixas para motos e áreas de parada seria inicialmente nas principais vias de Maceió, como Fernandes Lima e Durval de Góes Monteiro.
“É um projeto que visa melhorar a organização do trânsito, reduzir o caos social e beneficiar tanto motociclistas quanto motoristas de carro”, completa.
Mais lidas
-
1Quem sai?
Enquete A Fazenda 17: público define ‘plantas’ que vão para o Super Paiol
-
2'Prisão dos Famosos'
A história real de Poliana em Tremembé: o crime que chocou até pedófilos na internet
-
3Mais opaco, mais tenso e mais adulto
Quem é André Lamoglia, o bicheiro Profeta de 'Os Donos do Jogo'
-
4Fim de uma era no JN!
Saiba quanto William Bonner vai ganhar no Globo Repórter
-
5Anúncio
Estado deve lançar maior concurso público da história de Alagoas nesta terça-feira (28)




