Cidades

Alagoana leva sua experiência à COP30

Empreendimento social já plantou mais de 25 mil mudas de mangue e desenvolve projetos que integram comunidades locais

Por Valdete Calheiros – colaboradora / Tribuna Independente 01/11/2025 08h10 - Atualizado em 01/11/2025 08h42
Alagoana leva sua experiência à COP30
Mayris Nascimento, CEO do Nosso Mangue - Foto: Adailson Calheiros / Arquivo

O empreendimento social Nosso Mangue representará Alagoas na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (Conferência das Partes – COP30), em Belém, no Pará, quando a empreendedora social Mayris Nascimento viajará para apresentar solução ambiental alagoana para o evento que acontecerá entre os dias 10 e 21 de novembro.

O evento, que ocorre anualmente, reúne líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil para discutir o futuro do planeta, por meio de ações para combater as mudanças climáticas.

O empreendimento social Nosso Mangue é apoiado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), Fiea (Federação das Indústrias do Estado de Alagoas) e Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e consiste em um negócio de impacto que alia turismo regenerativo, educação ambiental e créditos de carbono para proteger manguezais.

O negócio de impacto alagoano Nosso Mangue nasceu no Hub Senai de Inovação e Tecnologia e está prestes a viver dias intensos de visibilidade e impacto ambiental.

Da incubadora ao palco internacional, a empresa que atua na preservação de manguezais por meio do turismo regenerativo, educação ambiental e iniciativas que favorecem a creditação de carbono terá visibilidade nacional e mundial.

Fundado pela empreendedora social Mayris Nascimento, do Pontal da Barra, em Maceió, o empreendimento já plantou mais de 25 mil mudas de mangue e desenvolve projetos que integram comunidades locais à preservação ambiental.

Durante a COP30, o país terá a responsabilidade de apresentar seus esforços em áreas como energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono. E Alagoas estará lá para ser vista e ouvida pelo Brasil e pelo mundo.

Para o governo brasileiro, a COP30 é uma oportunidade singular de reforçar o papel do Brasil como líder nas discussões globais sobre mudanças climáticas e sustentabilidade.

Os temas centrais da COP30 abrangerão a redução de emissões de gases de efeito estufa, a adaptação às mudanças climáticas, o financiamento climático para países em desenvolvimento, tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono, além da preservação de florestas e biodiversidade. A justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas também fazem parte dos temas centrais do encontro.

A Conferência das Partes (COP) é o órgão decisório da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (CQNUMC ou UNFCCC). Sua função é implementar os compromissos globais de combate às mudanças climáticas, assumidos pelos países signatários e ratificadores da Convenção. Atualmente, 198 nações participam da UNFCCC, tornando-a um dos maiores organismos multilaterais da Organização das Nações Unidas (ONU).

Nosso Mangue

Conforme a empreendedora social Mayris Nascimento, o apoio da CNI, da Fiea e do Hub Senai foi fundamental para transformar a ideia em ação. “É nesse ambiente que incubamos nosso primeiro serviço de compensação de emissões de carbono, e hoje seguimos com estudos para captação de recursos em parceria com Senai Hub, Senai Cimatec e Maceió Investe”, afirmou.

O assessor de Sustentabilidade Industrial da Fiea, Júlio Zorzal, reforçou o impacto do apoio institucional. “O suporte da Fiea, por meio do programa de ESG (Meio Ambiente, Social e Governança), tem gerado resultados concretos. Casos como o da Nosso Mangue mostram que investir em inovação e sustentabilidade é investir em futuro”, salientou.

O Nosso Mangue foi reconhecido pelo prêmio BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Garagem 2022 e conta também com o apoio de instituições como o Sebrae Alagoas e o Maceió Investe.

COP30

Na COP30, em Belém, no Pará, a alagoana apresentará seu modelo de negócios no espaço da Confederação Nacional da Indústria (CNI). “Estamos levando um estudo de P&D focado em captação de investimentos e recursos, mostrando que soluções ambientais podem ser sustentáveis e escaláveis”, explicou Mayris Nascimento, destacando a relevância da participação em fóruns internacionais para alavancar ações locais.

Esta será a terceira COP da empreendedora Mayris Nascimento, CEO do Nosso Mangue. Sua primeira participação foi na COP16, em Cali-Colômbia, focada em mitigar mudanças climáticas e promover acordos ambientais globais, e a segunda na COP29, em Bacu-Azerbaijão, voltada à adaptação climática e inovação sustentável.

Ela destacou que o trabalho está apenas no começo. “Nossa missão é mostrar que preservar os manguezais vai muito além do plantio de mudas. É unir comunidades, ciência e negócios para criar soluções que beneficiem a todos. Participar da COP30 é um passo importante para amplificar nossa mensagem e atrair parcerias que potencializem nosso impacto”, concluiu.

Durante o evento, Mayris Nascimento participará de painéis promovidos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Ministério da Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), apresentando o estudo de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do Nosso Mangue, voltado para o desenvolvimento de protocolos técnicos para a recuperação de manguezais e ampliar a captação de recursos para novos projetos.

“Nosso foco na Conferência das Partes é fortalecer os elos nacionais e criar conexões internacionais para as nossas frentes de atuação, principalmente com projetos de restauração de manguezais, carbono azul e a integração do tripé social, ambiental e econômico”, destacou Mayris Nascimento.

A presença da empreendedora na COP30 reforça o papel estratégico dos negócios de impacto ambiental na transformação social e na luta contra as mudanças climáticas.

“Estar na COP30, junto com a Delegação do Brasil, é uma honra. Poder aprender e compartilhar conhecimentos, acessar um espaço plural e de grandes tomadas de decisões no âmbito internacional. Mas, sobretudo, é levar um pouco de onde venho e representar cada pessoa das comunidades onde atuamos”, conclui a empreendedora.