Cidades

Ambulantes superlotam o Calçadão do Comércio de Maceió

Lojistas se mostram insatisfeitos com situação e dizem que, dos 192 vendedores que existiam, hoje número passou de 600

Por Valdete Calheiros - colaboradora / Tribuna Independente 16/10/2025 08h24 - Atualizado em 16/10/2025 08h47
Ambulantes superlotam o Calçadão do Comércio de Maceió
Ocupação de camelôs no Calçadão do Comércio desagrada os comerciantes pelo aumento da concorrência - Foto: Adailson Calheiros

Passados quinze dias desde que os ambulantes desocuparam a Praça dos Palmares, no Centro de Maceió, após o anúncio da construção do novo complexo administrativo da prefeitura, a insatisfação ainda continua.

A mudança para o calçadão do comércio gera insatisfação entre vendedores e comerciantes. A Aliança Comercial critica a ação da Prefeitura de Maceió.

Os ambulantes que trabalhavam, há décadas, na Praça dos Palmares, começaram a deixar o local no último dia 1º, após a Prefeitura anunciar que a área será integrada a um novo complexo administrativo municipal, que será construído na praça da Independência (praça da Cadeia), em frente ao quartel-geral da Polícia Militar.

A desocupação foi marcada pela movimentação de dezenas de trabalhadores transferindo suas mercadorias para o novo ponto autorizado pelo município. Uma parte ocupou o Calçadão do Comércio e os vendedores de frutas e verduras a lateral do antigo Banco Produban.

Desde o início do mês, o cenário no calçadão central é de intensa movimentação, com pilhas de produtos e bancas desmontadas se acumulando entre o tráfego de pedestres. A retirada pacífica marca o fim de uma longa ocupação informal no coração da capital alagoana.

Segundo a Prefeitura, os trabalhadores foram realocados, de forma provisória, para o calçadão do comércio, nas imediações da Rua do Livramento. No entanto, a chegada dos novos ambulantes ao local gerou insatisfação e atritos com os vendedores que já atuavam na área.

Um dos comerciantes, Hyan Massaro Caldas Pereira, tem uma loja em um ponto próximo à Praça dos Palmares, há mais de 25 anos. Próximo a ele, existem outras 13 lojas abertas na região. De acordo com ele, nas diversas reuniões que tiveram com a prefeitura e representantes de várias secretarias sempre informaram que os camelôs que ocupavam as frentes das lojas iriam sair.

“O secretário de ações estratégicas, David Gomes, nos deu a palavra, pessoalmente, que iria ter uma passagem para os pedestres transitarem, dando acesso as nossas lojas. Até agora nada mudou. Prometeram uma passagem paralela que dará acesso às lojas, no entanto, nada houve de concreto”.

Na avaliação do presidente da Aliança Comercial de Maceió, Guido Júnior, a condução do processo feita pela prefeitura de Maceió não está correta.

Ele alertou para a superlotação no calçadão. “Há uma insatisfação entre os ambulantes que já estavam no calçadão. Para você ter uma ideia, tínhamos 192 ambulantes. Hoje, são mais de 600. A prefeitura continua autorizando novos vendedores”, afirmou.

Segundo Guido Júnior, a promessa de ocupação provisória já foi feita no passado. “Muitos ambulantes acabaram permanecendo de forma definitiva, agravando a concorrência. A prefeitura arruma um box e o ambulante deixa uma filial no calçadão. Isso vira concorrência desleal com lojistas que pagam altos impostos e enfrentam regras rígidas. Chegamos a apresentar alternativas, mas a prefeitura terminou fazendo como ela queria”, reclamou o presidente da Aliança Comercial.

Até o momento, a Prefeitura de Maceió não divulgou detalhes do novo complexo administrativo que será instalado na Praça dos Palmares, nem informou prazos para as obras ou se haverá nova realocação dos ambulantes que agora ocupam o calçadão.

A mudança acontece em meio a uma série de ações urbanísticas na região central da capital, que têm dividido opiniões entre comerciantes formais, trabalhadores informais e moradores.

A Secretaria Municipal de Infraestrutura ainda não se manifestou oficialmente sobre as críticas e o impacto imediato da realocação.