Sem autorização para retransmitir a programação nacional da Rede Globo desde a meia-noite deste sábado (27), a TV Gazeta manteve a exibição "clandestina" até as 14h44, quando interrompeu a transmissão da Globo logo após o fim do capítulo da reapresentação de Terra Nostra. Desde então, a emissora passou a exibir apenas atrações locais, como o programa Isso é Alagoas, que chegou a ser reprisado três vezes seguidas.

A Rede Globo havia oficializado a TV Asa Branca como sua nova afiliada em Alagoas, encerrando de forma definitiva a parceria com a TV Gazeta, emissora do ex-presidente Fernando Collor de Mello. A mudança ocorre após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que suspendeu a obrigatoriedade de renovação do contrato entre as duas empresas.

Emergência e estreia da nova afiliada

Colocada no ar em caráter emergencial, a TV Asa Branca iniciou sua transmissão à meia-noite de sábado, exibindo a grade da Globo Nordeste, produzida em Pernambuco. O canal pode ser sintonizado em Maceió (28.1), Delmiro Gouveia (14.1) e Arapiraca (15.1).

A estreia oficial ocorreu com a Sessão de Sábado, que exibiu o filme Onze Homens e Um Segredo. Em seguida, a emissora transmitiu o Caldeirão com Mion, que chegou a ser anunciado pela TV Gazeta, mas exibido exclusivamente pela nova afiliada.

Por enquanto, a TV Asa Branca não conta com programação local nem anunciantes. Os intervalos regionais estão sendo preenchidos com conteúdos do Grupo Globo, enquanto os telejornais de Recife ocupam as faixas jornalísticas. A primeira produção local, o AB2, no horário noturno em que ocorria o AL2, estreia em 1º de outubro.

Disputa judicial e decisão do STF

A substituição da afiliada acontece em meio a uma disputa judicial. Na sexta-feira (26), o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, suspendeu decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que obrigava a renovação do contrato entre Globo e TV Gazeta.

A emissora alagoana, em recuperação judicial, alegava dependência econômica e expectativa legítima de continuidade da parceria. O pedido havia sido aceito pelo Tribunal de Justiça de Alagoas e mantido pelo STJ.

A Globo recorreu ao STF, argumentando que a renovação compulsória feria o princípio da livre iniciativa. Barroso acatou os argumentos, destacando que a imposição de vínculo comercial indesejado seria desproporcional e que a decisão anterior extrapolava os limites da recuperação judicial.

O ministro também citou a condenação criminal de sócios e dirigentes da TV Gazeta, incluindo Fernando Collor, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, apontando que o uso da estrutura da emissora em práticas ilícitas compromete a integridade do serviço público de radiodifusão.